O Financial Times publica hoje um artigo da directora editorial nos Estados Unidos, Gillian Tett, que não pode deixar de merecer a reflexão de todos quantos se interessam minimamente por descortinar os caminhos por onde, possivelmente, poderá passar o futuro dos europeus e, muito particularmente, daqueles que hoje têm o euro como moeda.
Em "A Finnish parallel currency is imaginable ", Gillian Tett descobre e discorre sobre as congeminações em curso na Finlândia de simulação dos cenários exequíveis para uma saída do euro, com reintrodução da markka sem abandono, pelo menos temporário, do euro. Ainda que, pelo menos por enquanto, a saída da Finlândia da zona euro não seja um tema recorrente na discussão política finlandesa e a maioria, por agora, continue a considerar que essa eventual saída poderá nunca vir a concretizar-se, o tema não é tabu e há informações públicas de que há trabalhos de preparação para essa eventualidade.
Não há nada de substancialmente novo neste artigo do FT. A hipótese da saída do euro por cima há muito que vem sendo abordada em artigos de opinião, reportando-se em geral há possibilidade da saída da Alemanha que, inevitavelmente, rebocaria no mesmo sentido os países em situação financeira confortável. Sair de uma moeda forte, mas ameaçada, para uma moeda garantidamente forte, não colocará nunca problemas operacionais relevantes. Complicadíssima, é a operacionalidade da saída de uma moeda forte (o euro) para uma moeda fraca (o drakma, o escudo, a peseta, a lira) ou mesmo a coexistência num mesmo país de uma moeda forte (o euro) e uma moeda fraca (o escudo, por exemplo).
Gillian Tett termina o seu escrito recomendando a Draghi que visite a Finlândia, mas a sugestão é metafórica. Draghi não ignora, ninguém minimamente informado ignora, que, à medida que o tempo passa e tarda a implementação das medidas que poderão ajudar a ultrapassar a crise financeira na Europa, o stress social a norte e a sul, por razões opostas, encaminha os europeus para um confronto de consequências incalculáveis.
Porque o assunto não é, nem poderá nunca ser escamoteado da opinião pública, a erosão da confiança entre os que, a sul, pagam juros com língua de palmo e aqueles que, a norte, se sentam confortavelmente nos depósitos e investimentos e cobram juros pelo abrigo, potencia-se com estas notícias. Daí, até à desintegração da zona euro e o consequente desmembramento da União Europeia pode ir um passo que hoje todos dizem não querer dar mas amanhã pode ocorrer de um dia para o outro.
Gillian Tett não vai tão longe, mas, como súbdita de sua magestade britânica, sentir-se-á uma observadora distante e imune às consequências destes potenciais confrontos entre continentais. Definitivamente, hoje, a ligação mais substantiva do Reino Unido ao Continente é o túnel sob o Canal da Mancha.
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