Nenhum clube tem vida longa se os sócios não obedecem a um conjunto fundamental de regras e comungam um naipe de valores que resumem a razão de ser e garantem a perdurabilidade da associação.
A União Europeia é, de algum modo, um clube. Com regras fundadoras que foram sendo alteradas ao longo dos tempos, mas nem sempre respeitadas. Mesmo os sócios mais veneráveis não se coibiram algumas vezes de transgredir os estatutos, marimbar-se nas regras, e fazer vista grossa às transgressões dos outros. Até ao dia em que dessas falhas de cumprimento dos compromissos afloraram as consequências que desarticulam a união entre os membros e põem em causa a continuidade do clube.
Como sempre sucede, ao desrespeito pelas regras sucedem-se sempre os confrontos de valores, acusando-se mutuamente os membros do clube dos vícios alheios e invocando desculpas de mau pagador.
A Europa é um mosaico de culturas antigas e essa multiplicidade cultural é uma herança conjunta inalienável seja a que preço for. Mas a perenidade dessa heterogeneidade cultural não impede que os membros da união comunguem um conjunto de valores comuns que os mobilizem para a continuação da construção europeia. Há diferenças culturais entre gregos e alemães, espanhóis e austríacos, portugueses e finlandes, suecos e italianos, que não são nem devem ser comprimidas. Mas, por outro lado, não pode haver união onde não existam elementos fundamentais de integração do grupo. Se os gregos não são alemães, têm de existir factores de integração que os mantenham no mesmo clube.
Ora são esses factores de integração que mostram crescentemente sinais de erosão acelerada, precipitando o conjunto num caldo de confronto que pode voltar a trazer a guerra e a destruição da Europa. Jean-Claude Juncker alertou para este perigo na entrevista que concedeu anteontem, e a que me referi aqui.
Repito-me: a questão europeia, muito mais do que o embaraço de uma crise financeira e económica é uma questão politica. Se não é sustentável que o descalabro das finanças públicas de alguns membros não seja suturado, também não é sustentável que essa operação esteja a permitir o financiamento a taxas de juro negativas dos mais ricos e a impor taxas insuportáveis aos mais fragilizados. Nenhum clube pode funcionar perduravelmente deste modo.
Se os europeus do norte, com particular destaque para os alemães, não compreenderem o que está politicamente em causa, a União Europeia será uma causa perdida a curto prazo e a Europa um continente em conflito bélico, mesmo que os líderes europeus mais destacados continuem a jurar defender a zona euro.
Porque ninguém continua a acreditar neles, incluindo Jean-Claude Juncker.
A Europa é um mosaico de culturas antigas e essa multiplicidade cultural é uma herança conjunta inalienável seja a que preço for. Mas a perenidade dessa heterogeneidade cultural não impede que os membros da união comunguem um conjunto de valores comuns que os mobilizem para a continuação da construção europeia. Há diferenças culturais entre gregos e alemães, espanhóis e austríacos, portugueses e finlandes, suecos e italianos, que não são nem devem ser comprimidas. Mas, por outro lado, não pode haver união onde não existam elementos fundamentais de integração do grupo. Se os gregos não são alemães, têm de existir factores de integração que os mantenham no mesmo clube.
Ora são esses factores de integração que mostram crescentemente sinais de erosão acelerada, precipitando o conjunto num caldo de confronto que pode voltar a trazer a guerra e a destruição da Europa. Jean-Claude Juncker alertou para este perigo na entrevista que concedeu anteontem, e a que me referi aqui.
Repito-me: a questão europeia, muito mais do que o embaraço de uma crise financeira e económica é uma questão politica. Se não é sustentável que o descalabro das finanças públicas de alguns membros não seja suturado, também não é sustentável que essa operação esteja a permitir o financiamento a taxas de juro negativas dos mais ricos e a impor taxas insuportáveis aos mais fragilizados. Nenhum clube pode funcionar perduravelmente deste modo.
Se os europeus do norte, com particular destaque para os alemães, não compreenderem o que está politicamente em causa, a União Europeia será uma causa perdida a curto prazo e a Europa um continente em conflito bélico, mesmo que os líderes europeus mais destacados continuem a jurar defender a zona euro.
Porque ninguém continua a acreditar neles, incluindo Jean-Claude Juncker.