David Woo e Anastasios Vamvakidis, estrategas do Bank of America, aplicaram o Dilema do Prisioneiro à perspectivação do futuro da Zona Euro*.
John Nash, Nobel da Economia em 1994, é conhecido sobretudo pelo "Nash equilibrium" no campo da Teoria dos Jogos. Inspirado na sua vida, Russell Crowe filmou "A Beautiful Mind". O intrincado "Nash equilibrium" é geralmente explicado através do "Dilema do Prisioneiro": Dois indivíduos são presos acusados de um crime grave, de que se desconhece o autor. O investigador da polícia coloca-os em dois quartos separados e oferece a cada um deles as seguintes alternativas: se um testemunhar contra o outro, o denunciante é libertado e o outro apanha cinco anos de prisão; se ambos se calam, cada qual é preso durante um ano; se ambos confessarem, ficarão cada um deles três anos na cadeia.
O "Nash equilibrium" consiste na dedução de que, num conjunto de estratégias possíveis, nenhum jogador ganha alguma coisa alterando a sua estratégia unilateralmente. No exemplo dos prisioneiros, a melhor estratégia é, obviamente, aquela em que ambos não falam. Substituindo os prisioneiros pela Alemanha e Grécia, as opções serão "eurobonds" ou "no eurobonds" e, seguidamente, "austeridade" e "não austeridade". Se Alemanha e Grécia não cooperarem em equilíbrio, a Grécia não aceita mais austeridade, a Alemanha não permite os "eurobonds". Sendo uma imagem simplificada de uma realidade muito complexa, reflecte a essência do problema: nenhuma das partes pode, unilateralmente, decidir qual a solução mais vantajosa para o conjunto. A união fiscal seria, neste caso, a melhor opção.
.
Os investigadores do Bank of America calcularam os custos e benefícios de uma saída voluntária da zona euro para os países mais fortes e os mais fragilizados. Depois estimaram as hipóteses de saída organizada e o impacto no crescimento, taxas de juro dos empréstimos e o défice das contas públicas após a saída.
As conclusões são inesperadas: A Itália e a Irlanda têm mais vantagens em sair que a Grécia; A Itália apresenta boas possibilidade de sair organizadamente, e aumentará a sua competitividade, de crescimento e redução do défice. Por outro lado, a Alemanha, sendo aquela que te maiores possibilidades de sair organizadamente é aquela que tem menores vantagens em sair porque verá o crescimento cair, os custos dos empréstimos subirem, e o défice agravar-se.
Partindo destes resultados, Woo e Wamvakidis prevêem que o jogo europeu se desenrolará em três períodos: primeiro, a Itália decide se sai ou fica. Se decidir não pagar, a Alemanha paga para a Itália ficar, e a Itália perguntar-se-á novamente: "Devo sair ou ficar?". O "Nash Equilibrium" vai no sentido de Itália sair no primeiro período, comprometendo o futuro da zona euro.
---
* cit. em Euromonitor
----
Correl. - Cataluña acudirá al fondo de rescate La Generalitat es el tercer Gobierno autónomo que decide acogerse al Fondo de Liquidez La deuda catalana asciende a 42.000 millones de euros, la más alta de España (El País)
El consejero catalán de Economía, Andreu Mas-Colell, en el Parlament.
2 comments:
Muito interessante! Obrigado pela explicação.
Não tens que agradecer, Pedro!
Aparece sempre!
Abç
Post a Comment