Afirmou ontem o senhor Fernando Ulrich, presidente do executivo do BPI que a decisão do Tribunal Constitucional é perigosíssima para o futuro de Portugal. O senhor Ulrich referia-se, obviamente, à declaração de inconstitucionalidade dos cortes dos salários e pensões na função pública, e ainda, os geralmente esquecidos pelos media, e mais do que nenhuns outros inconstitucionais, cortes das pensões dos que foram no sector privado compelidos a entregar a gestão das suas pensões ao regime geral da segurança social.
Independentemente do julgamento que cada qual possa fazer da decisão do TC, é inquestionável que não é por via de uma decisão iníqua do governo (aquela que atinge apenas uma parte da população) que se corrigem eventuais distorções nas condições laborais entre trabalhadores da função pública e do sector privado. Mais: tal decisão, julgada inconstitucional pelo TC, atinge muita gente que nunca foi funcionário público. Também é inquestionável que as medidas de austeridade não atingem muitos que nunca foram chamados a comparticipar para a solidariedade social (os banqueiros e a generalidade dos bancários, por exemplo, que, mesmo depois de integrados no regime geral da segurança social garantiram a continuidade iníqua dessa excepção).
Mas é, sobretudo, inquestionável que se há austeridade porque o estado inchou para além do que lhe tolerava razoavelmente a barriga, porque os portugueses gastaram acima das suas possibilidades (um refrão que uns cantam sem perceber a letra que outros, sabidos, inventaram), porque a construção civil atingiu os limites do desatino e as obras públicas sustentaram no poleiro políticos de meia tigela, quem é que, por conivência, lhes deu asas se não o senhor Ulrich e os seus companheiros de corporação?
Foram os senhores banqueiros coagidos pelos governos central e locais a participar no financiamento de investimentos públicos sem retorno e despesas inúteis? Algum membro do governo grego impôs ao senhor Ulrich ou ao senhor Oliveira da Caixa a obrigação de emprestarem dinheiro à Grécia? Alguma vez o senhor Ulrich e os seus companheiros na associação corporativa do ramo mandaram o senhor Salgueiro acordar o senhor Constâncio para que ele desse conta do ninho de ratos que se chamou BPN?
Pois é, senhor Ulrich. Os senhores banqueiros, aqui e em muitos outros sítios deste mundo, portaram-se mal. E continuam. Quem fez o pior, quem colocou este país de patas para o ar, senhor Ulrich, foi também o senhor e os seus confrades. Quem colocou em sério risco a continuidade da zona euro, a sobrevivência da União Europeia, provavelmente até a sustentabilidade do actual sistema financeiro mundial, não foram os senhores juízes mas os senhores banqueiros.
Os senhores juízes têm muitas culpas no cartório mas não têm esta.
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Act.- Direitos do BPI afundam para 0,2 cêntimos e acentuam desequilíbrio face às acções A queda das acções, se se acentuar, pode colocar em risco o sucesso do aumento de capital, pois não será racional os investidores subscreverem novas acções a 0,50 euros se estas cotarem abaixo deste valor na bolsa.
Pois é, senhor Ulrich. Os senhores banqueiros, aqui e em muitos outros sítios deste mundo, portaram-se mal. E continuam. Quem fez o pior, quem colocou este país de patas para o ar, senhor Ulrich, foi também o senhor e os seus confrades. Quem colocou em sério risco a continuidade da zona euro, a sobrevivência da União Europeia, provavelmente até a sustentabilidade do actual sistema financeiro mundial, não foram os senhores juízes mas os senhores banqueiros.
Os senhores juízes têm muitas culpas no cartório mas não têm esta.
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Act.- Direitos do BPI afundam para 0,2 cêntimos e acentuam desequilíbrio face às acções A queda das acções, se se acentuar, pode colocar em risco o sucesso do aumento de capital, pois não será racional os investidores subscreverem novas acções a 0,50 euros se estas cotarem abaixo deste valor na bolsa.
2 comments:
Muito boa a análise !
Parabéns.
Abraço
João
Olá João!
Obrigado.
Abç
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