Wednesday, July 04, 2012

SEGURO E AS POMBAS

O líder socialista, em entrevista do Público afirmou que a "alternativa à política do governo é pedir, pelo menos, mais um ano à troika para cumprir as metas do défice, e que o seu partido votará contra mais medidas de austeridade".

O tantan  faz o seu caminho e há cada vez mais gente a incorporar-se no cortejo: alonga-se o prazo por mais um ou dois anos (ou, ou, o que as circunstâncias ditarem) e temos o assunto resolvido. Seguro, sempre circunstancial no fato e no feitio, juntou-se aos cantores da ladaínha. Mas, como tem compromissos herdados, acrescentou que as metas do défice são para cumprir. Mas não fez contas, ou, se as fez, atirou com os cálculos para o cesto dos papéis.

É por demais evidente que se pudesse ser reduzida num prazo a perder de vista, a dívida deixaria de ser um problema, ainda que nos sobrassem outros, tanto ou mais complicados. Mas mais um ano ou dois, que diferença faz, se durante esse período a dívida não desce mas sobe? Quem souber ler o que está em causa no OE, com alguma aritmética conclui facilmente que a dilatação do prazo por um ou dois anos, só por si, só retardará o início da recuperação.

A propósito destas declarações, comentei aqui: O AJ Seguro diz aquilo que muita gente gosta de ouvir sem correr o risco de dizer o que outros não gostariam. É da sua natureza.

Ele sabe, e se não sabe há, seguramente, quem saiba no PS, que a austeridade poderia ser menos gravosa para uns se fosse paga por todos consoante os seus rendimentos e riquesa. E não é. Para os mesmos níveis de rendimentos, há quem contribua e quem não contribua. Há quem tenha rendimentos altíssimos (publicamente conhecidos) que não estão minimamente atingidos, salvo em IVA, que toca a todos.

Seguro & Cª. não falam nisto por amor aos votos. E, no entanto, se houvesse equidade na austeridade a recessão não seria tão grave. Por outro lado, há casos escandalosos, que agravaram medonhamente o défice, que se arrastam deixando os responsáveis ao fresco. Não sabe o Seguro disto? Claro que sabe. O problema dele é que o seu partido também tem medonhos rabos de palha.

Então diz qualquer coisa, mas é só um exercício de respiração.

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Act. (5/7) - Mais um: Miguel Frasquilho defende que Portugal devia ter mais dois anos para fazer o ajustamento orçamental
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Act. - (5/7) - Acórdao do Tribunal Constitucional sobre a suspensão dos subsídios: O Tribunal Constitucional considerou que a suspensão dos subsídios de férias e Natal, por ser feita apenas para os funcionários públicos, pensionistas e reformados, viola o “princípio da igualdade, consagrado no artigo 13.º, da Constituição”

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