Eles atacam por todos os lados - na web, nos media, pelo correio, em publicidade distribuida porta a porta - nenhum meio que possa atingir as vítimas lhes escapa. São os traficantes de uma espécie de droga, a que chamam outro nome, mas produz efeitos paralelos: ilude a realidade, transmite (dizem) aos tomadores uma sensação de euforia transitória, torna-os dependentes e acaba por destroçá-los.
Como os traficantes de droga, os traficantes do crédito fácil ao consumo argumentam que não obrigam ninguém a endividar-se, que as pessoas devem ser responsáveis, que só compra quem quer. Aliás, nem se esquecem de advertir as vítimas de que, eles, valorizam também a responsabilidade e, por isso recomendam que se tenha em mente que, sempre que gastar, terá de pagar, pelo que deverá sempre: saber quanto deve, utilizar o crédito com ponderação, planear os seus gastos, controlar e equilibrar as contas;
Um tratado de hipocrisia em menos der três linhas.
Mas há alguém neste mundo que sabe quanto deve, utiliza o crédito com ponderação, planeia os gastos, controla e equilibra as contas, e aceita ofertas de crédito a 20,4%! e, noutros casos mais?
E ninguém denuncia isto?
Para que queremos um serviço público de televisão com dois canais à disposição se, em matéria de consumo, o que faz diariamente e em horário nobre são coisas abjectas como o "Preço Certo"?
A ganância do subprime continua imperturbável perante a passividade do Governo e do Banco de Portugal.
Os contribuintes serão mais tarde obrigados a pagar mais contas.
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Obs. - Coloquei cópia da publicidade do Barclays que acaba de ser colocada na minha caixa do correio.
Mas o Barclays não é único. Creio mesmo que não há excepções. Os traficantes de crédito fácil (o subprime, lembram-se do nome?) andam todos por aí por todo o lado.
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