Sunday, May 27, 2012

E TOCA O MESMO

"Há dez mil casas por estrear no perímetro da cidade do Funchal. ... E há cada vez mais lojas fechadas"
"Numa das encostas viradas para poente, um condomínio de 60 moradias T3 geminadas, com garagens para três carros e banheiras de hidromassagem, parece abandonado, debaixo do cartaz que anuncia "um sonho tornado real" por 189 mil euros e financiamento garantido a 100% pela Caixa Geral de Depósitos"
"A Madeira tem uma população pouco maior do que os Açores (com 245 mil habitantes)"  
(Expresso/Revista - 19 Maio)

Este é mais um exemplo do desvario que percorreu Portugal nas últimas décadas, turbinado pela demogogia política, pela ganância dos banqueiros, e pela irresponsabilidade daqueles que deveriam ter prevenido o desastre e, por incompetência ou pusalinimidade, deixaram correr o marfim.

E nem mesmo depois da casa arrombada se colocam trancas na porta. A liberalidade do financiamento ao imobiliário a 100%, incluindo algum para os móveis e mais algum para umas férias lá fora, subsiste da forma mais descarada.   

Os caixeiros (delegados do governo nomeados administradores da Caixa) não só continuam as mesmas práticas que levam o banco do Estado a pedir capitais públicos (i.e., dos contribuintes) para recapitalizar o mastodonte, como requisitaram isenção de medidas de austeridade para o seu funcionalismo, alegando encontrarem-se num mercado concorrencial. Um argumento risível que, se neste país se prestasse mais atenção a quem domina o bolo do que a quem domina bola, teria sido vaiado por todas as bancadas.

Se a Madeira tem uma população de cerca de 245 mil habitantes, não erraremos muito se estimarmos que o número de famílias será, quanto muito, um terço, cerca de 80 mil. Segundo o artigo publicado na Revista do Expresso há, só no perímetro do Funchal, cerca de 10 mil casas por estrear, ou seja 12,5% do número de famílias. A quem contavam os caixeiros e os banqueiros que fossem vendidas tantas casas na Ilha quando financiaram a construção e agora financiam a compra? Contavam com a rede do Estado, i.e., com o dinheiro dos contribuintes para os safar quando rebentasse a bolha.

Outro exemplo: Pergunta o jornalista do Expresso, em entrevista publicada no suplemento Economia de ontem, ao presidente do Santander Totta, "O que pode ser feito para resolver este problema (que mais o preocupa, o desemprego)". Responde o presidente do Santander Totta (um banco integralmente detido pelo Santander, o maior banco espanhol e um dos maiores do mundo) : " ... um programa especial que permita (aos desempregados) apresentar projectos à banca a serem encaminhados para um instituto que prestaria uma garantia pública".

Os colectivistas idolatram o Estado, os liberais chupam-lhe oportunidades até ao tutano. Destes, banqueiros e caixeiros não dispensam o conforto das tetas públicas. Sem qualquer resquício de pudor.

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