Aconteceu o que muitos previram.
Até neste bloco de notas, desde o começo, a praga foi denunciada.
Com as actividades industriais a deslocalizarem-se para oriente, grande parte do ocidente convenceu-se que poderia continuar a liderar sem essa maçada de se ocupar com actividades que produzem coisas que podem ser levadas de um lado para o outro lado do mundo. Resumindo: desindustrializou-se, e cresceu em serviços e obras de cimento armado.
A erupção da crise "subprime" nos EUA, convenientemente embalada e transportada para todo o mundo, abalou o sistema e provocou o rebentamento de outras bolhas imobiliárias, que, inevitavelmente, colocaram a descoberto os truques financeiros com que se iludiram as poupanças de muitos e se engordaram os banqueiros.
Em Espanha, quem é que ignorava isto?, o furor imobiliário bateu todos os recordes. Portugal andou por lá perto.
Quando Rajoy se candidatou a primeiro-ministro decerto que não ignorava o estado drogado em cimento em que se encontrava Espanha. Mas, para os políticos em geral, o desafio de ser poder é mais forte do que a sua real capacidade para governar. Quero muito ser primeiro-ministro, afirmava há dias o António José, numa declaração de ingenuidade tocante, inseguro do que faria se lhe oferecessem o brinquedo minado.
Mas Rajoy ganhou as eleições (no espaço de pouco mais de uma ano, caíram oito chefes de governo na Zona Euro), e encontra-se confrontado com a situação herdada: o sistema financeiro arruinado, a economia furada por níveis de desemprego que ultrapassam os anormalmente elevados índices de desemprego espanhóis. E, como seria esperável, estão a emergir aos olhos do espantado público os instrumentos torcidos com que os ilusionistas encantaram a plateia durante as últimas décadas.
De tal modo que até a semi adormecida, semi inválida, Comissão Europeia arregalou o olho e teceu duras críticas ao banco central espanhol, obrigando o governo a retirar-lhe a auditoria dos bancos. Dois pesos duas medidas: Em Portugal, o mostrengo mostrou as fezes mais cedo e o distraído governador do banco central (ironia semântica), que consentiu o maior escândalo financeiro observado em Portugal desde sempre, foi promovido a vice-presidente do banco (central) europeu.
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Correl.- A União Europeia tremeu esta semana ( Sete dias que agitaram a Europa).
Vai continuar agitada. Ninguém pode saber por quanto tempo ainda. O que se sabe é que com o tempo qualquer tremor acaba sempre por fazer desabar o objecto em estremecimento.
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Correl.- A União Europeia tremeu esta semana ( Sete dias que agitaram a Europa).
Vai continuar agitada. Ninguém pode saber por quanto tempo ainda. O que se sabe é que com o tempo qualquer tremor acaba sempre por fazer desabar o objecto em estremecimento.
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