Ainda que sejam cada vez mais raros os momentos que dedicamos às entrevistas, comentários, frente-a-frente televisivos, enjoativamente repetitivos, de vez em quando abrimos uma ou outra excepção, geralmente se os intervenientes não têm presença sistemática e programada. Ontem ouvimos o anterior lider da bancada socialista, Francisco Assis, pronunciar-se sobre a calamidade do desemprego e a sua proposta para a combater.
Afirmou Assis que o problema não é especificamente português, nem sequer europeu, porque o desemprego tem vindo a crescer em todo o mundo ocidental, com raras excepções, entre as quais a Alemanha. Não sendo um problema privativamente nosso, a solução tem de ter uma solução que passa por repartir o emprego dos empregados também pelos desempregados, a nível global.
No campo das boas intenções a proposta é merecedora de aplausos. Aliás, várias vezes tenho anotado neste caderno de apontamentos, que um dia não haverá trabalho para todos (Agostinha da Silva dizia, "um dia não haverá trabalho para os meninos") e que, progressivamente, a relação entre a oferta de trabalho e a procura (emprego) conduzirá, necessariamente, ou a) redução dos horários de trabalho, ou b) ao crescimento da subsidiação dos desempregados, o que, no limite, corresponderá ao pagamento daqueles que trabalham, pelo prazer de trabalhar, aos que, voluntariamente ou não, estarão vitaliciamernte desempregados. Resumindo: ou todos trabalham menos tempo para poderem todos (os que quiserem) trabalhar ou o estado social é indispensável à coesão e à coexistência pacífica das sociedades.
O busilis da questão, contudo, está, como é das regras, nos detalhes. Os ajustamentos sociais são sempre inevitavelmente lentos e raramente pacíficos. Como é que Assis pensa que pode distribui-se o mesmo por mais, a contento de todos, se a divisão não se circunscrever à sua área doméstica de decisão?
Era a pergunta que o moderador deveria ter feito uma vez que o seu opositor no frente-a-frente não a fez.
E ficámos na mesma.
Todos os governos anteriores aumentaram o número de funcionários públicos frequentemente para além do que as necessidades reais exigiam. À política de subemprego para conter os níveis de desemprego declarado juntou-se a prática do compadrio entre companheiros e camaradas partidários. O actual, para reduzir depressa a despesa pública não extinguiu os orgãos redundantes do Estado (as badaladas gorduras), como prometera, mas reduziu os salários. Quando o crédito se esgota a realidade submersa acaba por inevitavelmente mostrar-se.
Não sei se é para aí que Assis queria apontar, mas se propõe o subemprego como forma de resolver o problema do desemprego, estará indiscutivelmente a apontar para a estagnação económica e para o subdesenvolvimento social.
E ficámos na mesma.
Todos os governos anteriores aumentaram o número de funcionários públicos frequentemente para além do que as necessidades reais exigiam. À política de subemprego para conter os níveis de desemprego declarado juntou-se a prática do compadrio entre companheiros e camaradas partidários. O actual, para reduzir depressa a despesa pública não extinguiu os orgãos redundantes do Estado (as badaladas gorduras), como prometera, mas reduziu os salários. Quando o crédito se esgota a realidade submersa acaba por inevitavelmente mostrar-se.
Não sei se é para aí que Assis queria apontar, mas se propõe o subemprego como forma de resolver o problema do desemprego, estará indiscutivelmente a apontar para a estagnação económica e para o subdesenvolvimento social.
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