Tuesday, May 22, 2012

XEQUE MATE

Amanhã reunem-se os líderes europeus, pela primeira vez depois das eleições presidenciais em França e da primeira volta das legislativas na Grécia. Mesmo desconhecendo os resultados na segunda volta das legislativas gregas, todos os participantes sabem que a Grécia, independentemente dos resultados deste segundo escrutínio, não vai cumprir os programas de austeridade que lhe estão a impor. Nem a Grécia, nem Portugal, nem os que mais adiante se apresentarão na fila dos aflitos.

Hoje, a OCEDE junta-se ao coro daqueles que reclamam a emissão de eurobonds para salvar a Zona Euro, a União Europeia, e o sistema financeiro internacional de um abanão de consequências incalculáveis. Os gregos sabem que se forem ao fundo não irão sozinhos e não será o Syrisa, se por hipótese sair vencedor no próximo mês, que alterará os dados fundamentais que já são conhecidos: ou há uma alteração radical das posições alemãs ou o euro, que prometeu ser o cimento de uma união política europeia, estilhaçará uma união que começou a ser contruída há mais de sessenta anos.

Percebem-se as intenções de Merkel ao rejeitar liminarmente a emissão de eurobrigações e de todos os instrumentos que possam garantir a estabilidade da união europeia à custa do contribuintes alemães. Percebem-se pelo receio de que o controlo desse eventual custo lhe escape e que, consequentemente, possa embarcar numa espiral de irresponsabilidade colectiva sem meios para a conter.

O que está, fundamentalmente, em causa nesta encruzilhada é uma opção eminentemente política: ou a União Europeia progride claramente para a união política, que não estaria isenta de sérios conflitos, com orgãos de governo eleitos democraticamente, e a soberania de cada membro transferida para esse governo federal, ou, repito-me, adeus euro, adeus União Europeia.

Encontrar-nos-emos por aí a combater-nos uns aos outros.

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