Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelos assuntos económicos e financeiros afirmou ontem em Londres, contariando as declarações prestadas pouco antes pelo comissário para o comércio, Karel De Gutch, que não está a ser preparado pela Comissão e pelo BCE qualquer plano de contingência para eventual saída da Grécia do euro e que, antes pelo contrário, estão a trabalhar na base do cenário de se manter. (aqui)
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Aparentemente, De Gutch terá cometido uma inconfidência que Olli Rehn, de forma muito enfática, se apressou a desmentir. Porque não é admissível que a Comissão não esteja a preparar planos para todos os cenários concebiveis emergentes dos resultados da repetição das eleições legislativas gregas dentro de menos de um mês. É imperioso que o faça, e se o cenário A, como garante Olli Rehn é a continuidade da Grécia a bordo, não pode deixar de ter preparado um plano alternativo B (ou B1 e B2) que suporte a saída com a minimização possível dos custos dessa saída para gregos e troianos.
Como explicar, então, as declarações de De Guth, admitindo publicamente aquilo que até agora tinham sido apenas rumores de bastidores?
"Para intimidar os gregos!"
"É um vergonhosa pressão sobre os eleitores gregos!", ouvi aqui e ali, mas sobretudo à esquerda.
Será?
As sondagens realizadas mais recentemente dão uma progressão significativa ao bloco da extrema-esquerda que se propõe rasgar os acordos de ajuda externa, remover as políticas de austeridade e não arredar o pé da Zona Euro. Uma sondagem publicada ontem apontava para resultados algo diferentes desta tendência, ao prever a vitória dos conservadores, seguidos de perto pelo Syriza e à distância pelos socialistas, e o crescimento dos neo-nazis. Nada de muito novo, portanto.
É, portanto, muito natural que a Comissão, por portas travessas faça saber aos gregos que se desejam continuar a contar com euros nas mãos não podem arriscar os seus votos em propostas que não podem rasgar de forma unilateral os compromissos assumidos em seu nome. A Syriza não garante aos gregos senão uma viagem para um futuro ignorado apesar dos cânticos das sereias que vão a bordo.
A eventual saída da Grécia seria um terramoto para a Grécia, com fortíssimas réplicas para a Europa, e, ainda destruidoras, para o Mundo. Mas se continuarem mergulhados num caos social e político que não permite qualquer diálogo fiável, acabarão por hipotecar a sua liberdade dada em garantia da sua subsistência
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