E como é que se sai disto?, pergunta-me o amigo L.
Não sei. Mas o grandessíssimo imbróglio é que aqueles que sabem, ou deveriam saber, não sabem, ou parecem não saber, por onde lhe pegar.
Em entrevista publicada na "Der Spiegel", citada aqui, Krugman volta a reafirmar que a saída da Grécia do euro é inevitável com as medidas adoptadas até agora. Ontem, Wolfgang Münchau, em artigo publicado no FT, que resumi aqui, apontava como única alternativa para evitar a corrida aos bancos na Grécia e, por contágio, em Espanha, e sabe-se lá mais aonde, retirar os bancos - todos os bancos - do controlo de cada país membro para que a garantia dos depósitos passe a ser europeia. Uma medida que teria um alcance idêntico ao das eurobonds (a união nas responsabilidades financeiras) que os alemães têm até agora peremptoriamente recusado.
Entretanto, Jörg Asmussen, alemão, membro da comissão executiva do BCE garante que não há nenhum plano B para a Grécia porque só há um plano A - a Grécia continuar no euro, corroborando assim as declarações de Olli Rehn, em contrário das do seu colega na Comissão Europeia, De Gutch (vd aqui).
Acrescentou Asmussen de forma sibilina: o euro é "âncora da estabilidade" no actual período de crise ... apesar das dificuldades, a Alemanha ainda obtém vantagens por pertencer à moeda única."
Pode retirar-se da afirmação de Asmussen que a Alemanha dirá adeus ao euro se deixar de obter vantagens?
Percebe-se que a Alemanha não queira (ou qualquer outro membro da Zona Euro) vir a ser culpabilizada pela saída da Grécia. Mas se à Alemanha deixar de interessar o euro e voltar ao marco, a animosidade gerada por esse abandono será proporcional às dificuldades em que se encontrarão os que ficam, e serão enormes.
As feridas das guerras na Europa no século passado estão saradas mas subsistem algumas cicatrizes mais ou menos profundas. Um eventual desmembramento da União Europeia determinará a sua extinção. No dia em que isso ocorrer, são terrivelmente elevadas as probabilidades do início de um conflito civilizacional sobrepondo-se as diferenças culturais aos interesses económicos e sociais comuns.
Quais serão nesse dia as vantagens da Alemanha em estar isolada, senhor Asmussen?
Em entrevista publicada na "Der Spiegel", citada aqui, Krugman volta a reafirmar que a saída da Grécia do euro é inevitável com as medidas adoptadas até agora. Ontem, Wolfgang Münchau, em artigo publicado no FT, que resumi aqui, apontava como única alternativa para evitar a corrida aos bancos na Grécia e, por contágio, em Espanha, e sabe-se lá mais aonde, retirar os bancos - todos os bancos - do controlo de cada país membro para que a garantia dos depósitos passe a ser europeia. Uma medida que teria um alcance idêntico ao das eurobonds (a união nas responsabilidades financeiras) que os alemães têm até agora peremptoriamente recusado.
Entretanto, Jörg Asmussen, alemão, membro da comissão executiva do BCE garante que não há nenhum plano B para a Grécia porque só há um plano A - a Grécia continuar no euro, corroborando assim as declarações de Olli Rehn, em contrário das do seu colega na Comissão Europeia, De Gutch (vd aqui).
Acrescentou Asmussen de forma sibilina: o euro é "âncora da estabilidade" no actual período de crise ... apesar das dificuldades, a Alemanha ainda obtém vantagens por pertencer à moeda única."
Pode retirar-se da afirmação de Asmussen que a Alemanha dirá adeus ao euro se deixar de obter vantagens?
Percebe-se que a Alemanha não queira (ou qualquer outro membro da Zona Euro) vir a ser culpabilizada pela saída da Grécia. Mas se à Alemanha deixar de interessar o euro e voltar ao marco, a animosidade gerada por esse abandono será proporcional às dificuldades em que se encontrarão os que ficam, e serão enormes.
As feridas das guerras na Europa no século passado estão saradas mas subsistem algumas cicatrizes mais ou menos profundas. Um eventual desmembramento da União Europeia determinará a sua extinção. No dia em que isso ocorrer, são terrivelmente elevadas as probabilidades do início de um conflito civilizacional sobrepondo-se as diferenças culturais aos interesses económicos e sociais comuns.
Quais serão nesse dia as vantagens da Alemanha em estar isolada, senhor Asmussen?
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