Ouço na Antena 1, já perto da meia noite, um excerto de uma entrevista a João Ferreira do Amaral, que, como sempre, responde à pergunta repetida vezes sem conta e estafadamente repedita da forma conhecida: Sim, não deveríamos ter entrado no euro; sim, deveremos sair do euro o mais rapidamente possível, de forma programada e ordenada.
E como é que isso se pode fazer?
Hélas! Uma pergunta nova!
Não sei, responde Amaral, ainda não pensei nisso.
Parece incrível mas é verdade. O guru da saída não sabe onde ela fica. Saberá, pelo menos, calcular, ainda que de forma imprecisa, os custos e os benefícios da saída vis-a-vis os custos e os benefícios da continuidade na Zona Euro? Se sabe, até hoje, não disse.
As previsões de Amaral acerca da inevitabilidade da saída de Portugal (entre outros) da Zona Euro até podem vir a concretizar-se. Amaral gosta de comparar o consenso político, que se tornou tabu, à volta da imprescindível permanência no euro à obesessão cega do antigo regime relativamente à guerra colonial que acabou numa descolonização precipitada e, portanto, desastrosa.
É uma comparação atraente mas sofista. Amaral sabe bem, porque tem idade para isso, que a questão colonial era indiscutível porque o país vivia em regime de ditadura. Hoje, quem é que proíbe Amaral de dizer as suas razões? Ninguém. Aliás, é frequentemente convidado para dizer aquilo que pensa acerca de uma matéria importantíssima par o país. E diz. Sempre o mesmo.
O que Amaral não diz, porque não pode dizer é que país teríamos hoje se Portugal não tivesse aderido à Zona Euro. E não pode porque a economia e a política não são ciências experimentais; O que Amaral deveria dizer é como se poderá processar a tal saída programada e ordenada do euro, que ele advoga, e os benefícios e os custos dessa saída.
Por que é que não diz? Porque não sabe.
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