Já depois de ter colocado o comentário que transcrevi daqui, aqui, quis o acaso ter conseguido esta fotografia
A Migros, maior cadeia de hipermercados suiça, sustenta a sua campanha publicitária num slogan dirigido ao sentimento comum dos consumidores suíços: ajuda-te, ajudando o teu vizinho.
Ouvimos tantas vezes que não podemos continuar a "consumir mais do que produzimos", pelo menos quantas nos espantamos com a preponderância de produtos importados à venda nos centros comerciais e hipermercados.
O consumidor, argumentam os radicais liberais, não é acéfalo.
Pois não, mas é frequentemente intrujado.
As crises com que nos confrontamos (a estruturalmente nossa, e a conjunturalmente importada) decorrem em grande medida da confusão entre os interesses imediatos (com que se intruja o consumidor) e os mediatos com que se suporta o crescimento sustentado das sociedades.
É, parece, o que pensam os suíços, que são liberais quanto baste, e não se têm dado mal com isso.
2 comments:
Rui Fonseca disse: "preponderância de produtos importados à venda nos centros comerciais e hipermercados"
E sabe porquê? É porque os custos de produção em Portugal são elevadíssimos. Sem os "subsídios do estado", que na verdade são europeus, a maior parte dos produtores, vendendo a preços semelhantes aos dos produtos importados, teria prejuízo ano após ano. Os que não têm/tiveram acesso aos subsídios simplesmente deixam/deixaram de produzir. O casal que gere a mercearia do meu bairro compra muitas vezes as frutas na árvore ou no campo, e em família fazem umas campanhas nos fins de semana. Isto porque os produtores não conseguem pagar os custos de mão-de-obra para as colheitas. Tente ver qual é a carga fiscal dos produtores suíços, os custos de produção e os preços ao consumidor, já agora se puder a organização dos serviços de apoio estatais aos produtores suíços.
E ainda há outro grande problema em Portugal que potencia outra actividade de que se tem falado muito nos últimos tempos, e a que a imprensa se referiu com muitas matérias de investigação neste fim de semana. Se alguém quiser produzir alimentos tem que ter "planos" e "licenças" e seguir os procedimentos que as leis obrigam. Quer queira quer não queira fica dependente de uma série de "departamentos", "gabinetes", "agentes" que supostamente regulam as actividades produtivas. Na verdade todas estas entidades fazem os potenciais produtores perderem anos de trabalho e muitos "aérios" (porque voam sem que recebam em troca alguma coisa) antes de produzirem um pepino. Parece que os produtores suíços não têm estes "impedimentos".
Têm surgido recentemente boas notícias de associações de produtores que se organizaram e distribuem directamente os produtos frescos da época aos consumidores. Mas veja bem quais são os preços desses produtos e da sua distribuição, e compare esses custos com os preços nos mercados e supermercados da sua área de residência. É só fazer umas continhas.
M. Ribeiro
Obrigado pelo eu comentário mas, repare, o que procuro transmitir na minha nota é a atitude da Migros versus o que se passa com os grupos dos hipermercados portugueses. E contraditar a ideia prevalecente de que a melhor política é do laissez faire ...
Evidentemente, a questão da competitividade da agricultura portuguesa (e da indústria e etc.) é matéria que dá para muita análise e estou de acordo com alguns pontos que refere.
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