Thursday, March 31, 2011

UM PAÍS DE BÊBEDOS?

Há dias anotei neste caderno, aqui, que os portugueses são um dos maiores bebedores de álcool do mundo.

Hoje, a Sociedade Portuguesa de Hepatologia alertou hoje para o risco crescente que "dois milhões" de adolescentes correm de ter doenças do fígado por beberem álcool.
A presidente da Sociedade disse à Agência Lusa que "20 por cento" dos consumidores regulares de álcool correm o risco de desenvolver cirrose no fígado.
"Cada vez mais jovens aumentam a ingestão de álcool. Não têm a noção, entram nas discotecas, bebem 'shots' e pensam que não faz mal. ... o consumo mínimo não tóxico de álcool está nos 30 gramas por dia para as mulheres e 40 a 50 gramas por dia para os homens.
Enquanto um litro de vinho tem 100 gramas de álcool, muitas bebidas presentes nos 'shots' têm muito maior taxa de álcool: um litro de conhaque pode ter 800 gramas e um litro de uísque tem 600 gramas.


As bebedeiras nas discotecas são familiares a "metade dos jovens com 15 anos", referem dados recolhidos pela Sociedade.
... consumidores regulares podem "em cinco ou seis anos" desenvolver doenças do fígado. O tempo que uma doença deste tipo pode demorar a manifestar-se tem a ver com a constituição genética de cada pessoa.

Num país "de tradição vinícola" ainda é frequente "jovens começarem a beber em casa com doze anos" e são cada vez mais os utentes das consultas de hepatologia...
... a Sociedade de Hepatologia quer aumentar "o esclarecimento" quanto ao risco das doenças do fígado, dois terços das quais são causadas pelo consumo excessivo de álcool.

"Um doente cirrótico é capaz de ter dois ou três internamentos por ano. Isto sai caríssimo ao país", disse Estela Monteiro, que admite que o álcool tem por trás "uma indústria" cujo interesse não coincide com a promoção da saúde.

..."ainda se faz publicidade ao álcool", nomeadamente através de patrocínios.

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Consumo máximo diário: mulheres: 30 g/dia; homens: 40 g/dia;
1 litro de vinho: 100 g; 1 litro de uísque: 600 g; 1 litro de conhaque: 800 g.

HISTÓRIA HISTÉRICA - ENÉSIMA PARTE

Continuam as sessões de malabarismo político para entretenimento do pagode:
Até ontem o PM garantia que Portugal não necessitava de recorrer à ajuda externa e o seu adjunto afirmava ser um dever do governo resistir a tal ajuda.

Hoje, dia da reunião do Conselho de Estado, o mesmo adjunto e o ministro das finanças declararam que o governo demissionário de que fazem parte não tem condições para negociar qualquer ajuda externa.

Em que ficamos? Precisamos ou não de recorrer à ajuda externa? Se não precisamos, como se assegurava ontem, a questão das condições para a negociar, levantada hoje, é
redundante. Se a questão de hoje é pertinente, passámos a necessitar de ajuda externa de ontem para hoje, como supunha aqui?

Entretanto os juros da dívida pública portuguesa voltaram a bater hoje novos lamentáveis recordes.

Será tudo isto considerado em Conselho de Estado de modo a inverter as expectativas ou não se altera o ritmo da masturbação constitucional em curso com aquelas bagatelas?
Aposto que não, para ganhar qualquer coisa.

MASTURBAÇÃO CONSTITUCIONAL

O Conselho de Estado Estado está reunido por imposição constitucional para ouvir o Chefe de Estado transmitir o que ouviu aos partidos e ouvir os conselheiros acerca daquilo que todos os partidos, sem excepção, já reclamaram, e que os conselheiros estão fartos de saber: a dissolução da AR e a convocação de eleições legislativas antecipadas.

Digam o que disserem os conselheiros, pense o que pensar o PR acerca dos conselhos, a comunicação anunciada para as 20 horas está redigida desde o momento e que todos os partidos anunciaram publicamente que querem que sejam convocadas eleições, já indicaram datas preferidas, mas farão da campanha eleitoral o campo de batalha para atribuição de responsabilidades pela convocação.

Tinha de ser assim?
Em Portugal, parece que sim. 
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Actualização às 20,30 - Confirma-se: O pedido de demissão do PM foi aceite, a AR vai ser dissolvida, vão ser convocadas eleições legislativas. O Conselho de Estado aprovou por unanimidade. A masturbação constitucional demorou mais de cinco horas.
Apenas um dos sintomas da disfunção eréctil que atormenta Portugal.

TÍTULOS DO DIA

Wednesday, March 30, 2011

É SÓ FUMAÇA

O povo é sereno! É só fumaça! - Pinheiro de Azevedo, almirante, comandante de um bote à deriva.

A Fitch avisa que cortará rating de Portugal se FMI não intervier: Um aviso que a um mínimo de dignidade patriótica deveria merecer um glorioso manguito, pelo menos.
Quem são, ou pensam que são, estes entes absurdos que nos querem enfiar o vermifugo pela garganta abaixo?
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O primeiro-ministro-demissionário ouve e ferozmente  continua a reafirmar que não precisamos de ajuda externa, o candidato a primeiro-ministro diz mais ou menos o mesmo em modo soft. Apesar da excepcionalidade da coincidência nestas garantias dadas pelo incumbente e pelo candidato, estamos a ser sujeitos a um verdadeiro bombardeamento diário de ameaças vindas de todo o lado. Ontem, J P Morgan, hoje Fitch, amanhã, outro qualquer. Ou tomamos do FMI ou ninguém nos emprestará um chavo mais.

Mas para quê esta insistência e aquela renitência se o povo, serenamente, já está tomar o genérico?
Por ser genérico? Se o problema é esse, se o efeito é idêntico e o preço mais ou menos o mesmo,  por que se espera para se começar a  tomar a nauseabunda droga da marca?

Por amanhã? Hoje, os juros da dívida portuguesa continuaram imparavelmente a subir.
Até onde, se há muito tempo se sabe que a reestruturação da dívida é inevitável porque não há possibilidade de o Estado pagar o que se deve?

Tuesday, March 29, 2011

OBAMA DOCTRINE - 2

O artigo do Economist desta semana - Obama doctrine -, que registei aqui, remete para a doutrina que informa a estratégia dos EUA desde o momento em que se tornaram a maior potência mundial e que tem sido reafirmada e praticada desde então, independentemente das administrações que ocuparam o poder.

A Obama doctrine poderá, no entanto, inflectir em alguma medida essa estratégia reflictindo, mais do que o posicionamento político do actual presidente, a emergência de uma vontade maioritária do povo norte-americano de abandonar o encargo de exclusivo xerife do mundo.   

Ao conseguir obter pela primeira vez a aprovação das Nações Unidas para uma intervenção militar e congregar uma força multinacional com esse objectivo, Obama foi original na forma mas não nos propósitos. A Obama doctrine não é mais do que a aplicação no momento actual de uma doutrina antiga também reajustada no tempo de Carter.

Pode discordar-se ou não se perceber a intervenção na Líbia, e muito menos alguns apoios a essa intervenção. Mas é inquestionável que Obama influenciou decisivamente uma  intervenção militar com o acordo unânime da comunidade internacional sem que os EUA assumissem o comando destacado das operações.
Uma originalidade na continuidade, mas que, indubitavelmente, se tiver continuidade, mudará sensivelmente a presença e a imagem dos norte-americanos no mundo.

OBAMA DOCTRINE*

The birth of an Obama doctrine

Born, as we are, out of a revolution by those who longed to be free, we welcome the fact that history is on the move in the Middle East and North Africa, and that young people are leading the way. Because wherever people long to be free, they will find a friend in the United States. Ultimately, it is that faith – those ideals – that are the true measure of American leadership.

THUS President Barack Obama tonight, speaking to the American people directly for the first time since launching Operation Odyssey Dawn and unleashing American missiles in Libya. He had received a great deal of criticism—for “dithering”, for failing to consult Congress, for going too far and doing too little. Now he has answered back—and provided, at the same time, the clearest explanation so far of an “Obama doctrine” of humanitarian military intervention.

Far from “dithering”, goes the White House line, pushed subtly in the speech and explicitly in briefings by senior officials, Mr Obama’s handling of the Libyan crisis has been “relatively extraordinary”. He has in a mere 31 days since the protests started imposed powerful sanctions, frozen Colonel Qaddafi’s assets, secured a robust Security Council resolution, organised an international coalition, executed a near-flawless military campaign, rolled Colonel Qaddafi’s forces back to the west, taken out the colonel’s air defences and knocked out a good deal of his ground forces. All this has been done without having to put American boots on the ground, without American military casualties and with precious few Libyan civilian casualties. Better still, with all this now done, America’s own contribution can decline, NATO can assume command (under an American general but with a Canadian deputy) and the European allies will take on more of the burden. Compare that, say senior administration officials, to the years it took to intervene in Bosnia in the 1990s.
 more
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Relacionado: Carter Doctrine. Vd aqui

Monday, March 28, 2011

LEITURAS

"Os filósofos foram sempre inúteis em relação às coisas da vida, como por exemplo Sócrates, o único sábio proclamado pelo oráculo de Apolo. Querendo defender-se em público de não sei que acusação, teve que desistir perante o riso de todos. Só manifestou bom senso quando recusou o cognome de sábio que reservou para Deus, e quando aconselhou aos sapientes que se abstivessem de tratar da República. Melhor teria feito se aconselhasse a serem temperados na sapiência todos os que quisessem pertencer ao número dos homens. Qua acusação o levou a beber a cicuta senão a sapiência? Enquanto filosofava nas nuvens e nas ideias, enquanto mensurava as patas das pulgas e admirava o zumbido do moscardo, não prestava atenção às coisas da vida comum...
...Quem é que celebrará ainda a famosa sentença de Platão: "Felizes as repúblicas em que imperem os filósofos e em que filosofem os imperadores". Se consultardes a História, vereis que não houve piores príncipes para as repúblicas do que os se ocuparam da filosofia e da literatura... " - Erasmo/Elogio da Loucura

DIZEM TODOS O MESMO

J P Morgan afirma que Portugal poderá pedir ajuda externa já este fim-de-semana.

Todos?
Ná...
José Sócrates afirma e Passos Coelho confirma: Portugal não tem necessidade de recorrer a ajuda externa.
E se, por capricho meteorológico, acontecer o que não estava previsto, a culpa será de Sócrates, segundo Passos Coelho, e de Passos Coelho, segundo Sócrates.

TARDE CINZENTA

"Na Alemanha, os Verdes impõem à chanceler Merkl um derrota no poderoso Land de Baden - Wurttenberg, impensável há não muito tempo. A somar às derrotas na Renânia do Norte - Vestefália e Hamburgo. Em França e nas eleições regionais o partido de Sarkozi obtém metade dos votos do PSF, com a extrema-direita a atingir cotações eleitorais que chegaram a 40% nalgumas circunscrições..."os partidos no poder (podem vir) a trilhar o caminho, eleitoralmente mais seguro, do abandono do sul da Europa à sua sorte." Europa: Sinais de mudança

Parece-me uma predição excessiva, por um lado, mas benevolente, por outro.

Excessiva, porque o Sul não está condenado a uma sorte madrasta por capricho dos deuses. O Sul também tem vantagens por estar a sul. Se a complacência do crédito dos vizinhos de Norte parece estar a esgotar-se, o Sul pode e deve responder ao desafio, trabalhando mais. A posição geográfica não é um handicap insuperável. Afinal de contas, não foi também o excesso de crédito concedido pelo Norte que exacerbou as preferências mais hedonistas do Sul e o induziu para a situação de falência financeira e económica?

Benevolente, porque o avanço da extrema-direita na Europa pode ter consequências dramáticas para a paz na Europa.

Tendo a sua origem no pós-guerra com o objectivo de evitar um novo conflito generalizado na Europa, a União Europeia é uma construção gravemente ameaçada com o avanço da extrema-direita pelo racismo e pela xenofobia. O mais grave não é que o Norte suspenda o crédito ao Sul (pode até ser uma oportunidade para o Sul) mas que no Norte comecem por expulsar os do Sul e eliminar os que recusem acatar a ameaça.
Exageros de uma tarde cinzenta?

Nunca se sabe onde param as consequências da estupidez humana colectiva. Sabe-se como começam.
É assim.

UM ROUBO É UM ROUBO. OU NÃO?


Ouço na rádio desta manhã que estavam a ser colocados cartazes em instalações do BPN em vários pontos do país reclamando que o roubo custou milhões de salários mínimos. Uma reclamação que, do meu ponto de vista, faz todo o sentido, até porque ainda ontem estranhava num apontamento colocado neste caderno que se continue a chamar buraco a um roubo e que ninguém na AR se tenha até hoje preocupado em solicitar a quem de direito informação acerca de quem e de quanto se apropriaram indevidamente aqueles que colocaram o BPN em situação de falência. E mais: que diligência foram já tomadas para reaver os desfalques.

Sabemos que a justiça, ou um arremedo dela, continua embrulhada com o processo mas também sabemos que os meandros da justiça-que-temos não pode nem deve inibir o esclarecimento da situação perante aqueles que são chamados a pagar o que outros ilegalmente embolsaram.

O dinheiro não se evapora, simplemente passa de mãos. Quando esta passagem é fraudulenta e dela resultam perdas de terceiros, estes têm todo o direito de saber as razões pelas quais são chamados a pagar. Diz-nos o ministro das finanças que a intervenção do Estado, nacionalizando o embuste, se justificou para evitar o risco sistémico. Pois muito bem: Damos de barato a justificação da intervenção mas queremos saber quem embolsou e quanto aquilo que agora nos vão obrigar a pagar.

Compreendo, portanto, os cartazes desta manhã. Não compreendo, no entanto, porque é que aqueles que se incumbiram da denúncia por este meio se apresentem mascarados num Youtube que tiveram o cuidado de gravar e publicar. Falta de coragem para assumir a  autoria dos seus actos, uma coisa a que vulgarmente se chama cobardia? Medo? De quem? Porquê? Se estão tão convencidos como eu estou de que houve roubo por que razão se mascaram?

Ou não foi roubo e o cartaz não passa de uma calúnia?

Fico sempre confuso com as máscaras.

Sunday, March 27, 2011

DIZ A TODOS QUE É SEGREDO

Segundo o Expresso de ontem "Cavaco Silva transmitiu a Passos Coelho o pedido vindo directamente de Bruxelas de travar a auditoria ao real estado das contas públicas do país pretendido pelo PSD."

Entretanto, é manchete do caderno Economia do mesmo semanário, que "Transportes públicos só têm dinheiro para salários até Agosto" porque "a banca fechou a torneira às maiores empresas públicas, cuja dívida ultrapassa os 17,27 mil milhões."

Um jogo das escondidas com quem?

Saturday, March 26, 2011

A BANCA ROTA

Armando Vara, ex-vice-presidente do BCP  recebeu um total de 822 mil euros no ano passado, montante referente ao tempo em que esteve em funções e ao salário que lhe seria devido até ao final do mandato. (aqui)

Como é que se explica que um senhor que se demite por ter sido envolvido (justa ou injustamente, ainda não se sabe nem se sabe se algum dia se saberá) num processo de tráfico de influências tenha direito a ser pago pela entidade de onde se despediu os vencimentos correspondentes até ao fim do mandato que não completou?

Só pode ter uma explicação: A conivência de vários interessados nos tráficos do senhor Vara. Devem ser muitos, e, quando assim é, estaremos, muito provavelmente, perante uma associação de traficantes. A menos que o senhor Vara não tenha praticado os actos de que o Ministério Público o acusa.

De qualquer modo, a dúvida subsiste: Porque pagou o banco a um seu funcionário que se despediu por razões alheias ao banco?

Em 2010, as remunerações totais da administração subiram 14,2% com o aumento do número de administradores. Incluindo totalidade dos encargos com o antigo vice-presidente Armando Vara, o gasto total foi de quase 4,7 milhões, mais 30% que em 2009.


O BCP, ou será o Millennium?, nunca se sabe o nome do figurão,  depois de ter sido um caso de sucesso, segundo se apregoava na praça para iludir os incautos, anda pelas ruas da amargura com as cotações a cerca de 60% do valor nominal. Segundo os mercados financeiros, que lá terão as suas razões, o banco não vale os capitais próprios registados nas contas. O seu presidente disse numa entrevista recente ao Expresso/Economia, que nem ele sabe as razões do estranho fenómeno. 
Mas sabe aumentar-se, a si e aos camaradas. E logo pela medida grossa.
Dir-se-á: É uma entidade privada, que temos nós a ver com isso? Não teríamos nada se o banco um dia destes, quando der de lado, não nos levar a todos um pouco aida mais para o fundo.

A propósito: Se vamos todos pagar pelo menos, e para já, dois mil e duzentos milhões de euros para pagar o roubo do BPN, deveríamos ser informados dos bolsos em que os embolsaram e das diligências feitas para os reaver. Na feira de acusações mútuas em que se tornou a AR, e de que as cinco horas para chumbar o PEC 4 foram um lastimável exemplo, não houve uma única voz a perguntar: Quem nos roubou?
Os dois mil milhões são mais de vinte vezes o valor que o Governo se propõe inscrever para actualização mínima das pensões mínimas depois do discurso desastrado do desastroso Teixeira dos Santos.
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E ainda a propósito: Se o roubo do BPN  (não percebo porque razão lhe chamam buraco) nos custará para cima de dois mil e duzentos milhões quanto nos vai custar o BPP? Na AR, ninguém perguntou.
O chefe do golpe ainda há dias invocava que ainda não é acusado judicialmente de nada. Na AR, ninguém perguntou porquê.

Estarão todos de má consciência com a justiça ou não têm consciência do que está em causa?

Friday, March 25, 2011

SAÍDA PARA O ABISMO

PSD vai reafirmar a Cavaco que eleições são a única saída.

Para onde?
O PSD está neste momento por total inabilidade do seu líder para compreender a envolvente politica ou falta de capacidade para se impor às ânsias dos que o rodeiam a querer, obcecadamente, embarcar numa aventura em que comprometerá irremediavelmente as esperanças de muitos portugueses descontentes com o actual Governo.

À obsessão de Sócrates em governar arrogantemente sozinho quando a conjuntura há muito tempo impõe que ele procurasse a mais alargada base de apoio social político e social contrapõe-se agora outra obsessão de Passos Coelho & Cª. (ou a companhia de Passos Coelho?).

A situação cada vez mais dramática para onde o país está a ser conduzido pelas conveniências imediatas dos partidos exige que alguém dissesse, alto e pára a contradança! A crise exige um entendimento entre os principais partidos, pelo menos, e a convocação de eleições não resolve e, pelo contrário, só servirá para acirrar a animosidade partidária e a intranquilidade dos portugueses.

Do que precisamos não é de um notário que ouça os intervenientes e decida em conformidade com as declarações demagógicas dos chefes das seitas mas de um presidente que exija a constituição imediata de outro governo resultante de uma coligação ampla que defenda os interesses de Portugal.

Após as eleições nem o PSD nem o PS poderão ser afastados de um novo governo. As eleições só tornarão mais difícil essa coabitação necessária.

Enquanto tal não ocorrer, a demagogia continuará à solta: Hoje, mais uma vez. uma coligação negativa decidiu suspender (ou anular?) o sistema de avaliação de professores.  Trata-se de mais um exemplo flagrante da luta partidária com objectivos demagógicos mais que evidentes. 

Thursday, March 24, 2011

POIS É,

como escrevi aqui neste caderno, a oposição, e nomeadamente o PSD, avaliou mal a passada.

O risco de ter Sócrates por mais quatro anos só não é elevado porque o imbróglio em que o país está metido é superior à obsessão dele. Se ganhar as eleições (hipótese muito improvável há dois meses, mas razoavelmente provável a partir de ontem, apesar da forma desastrada, ou sobranceira,  (ou propositada?) como tratou a questão do PEC 4, e persistir em governar sozinho, afundar-se-á em menos de um ano. Entretanto, o país só não se afundará mais por que então já se terá assentado no fundo.

O PSD, qual passaroco maluco, foi atrás da negaça que Sócrates lhe assobiou. O resultado das eleições, para já, passou a ser uma enorme incógnita.

Apesar disto aqui

mas considerando também, por exemplo, isto,

OCDE: O que aconteceu em Portugal foi uma "tragédia" (aqui)

O secretário-geral da organização afirma que o Governo português "estava a fazer o que tinha que ser feito".
"É uma tragédia que isto [chumbo do Plano de Estabilidade e Crescimento e consequente demissão do Governo] tenha acontecido, porque o Governo de Portugal estava a fazer o que tinha que ser feito", disse Angel Gurria durante uma declaração em Washington.

Para Gurria, Portugal vai agora enfrentar "semanas muito difíceis" até às eleições.
"Quem vai negociar, se não há Governo?"
Esta manhã, a OCDE admitiu que, com a demissão de José Sócrates, é mais difícil Portugal escapar à ajuda externa.

"Se vão ser disponibilizados fundos para facilitar o ajustamento da economia portuguesa, a questão é quem vai fazer a negociação se nem há um Governo?", interroga-se William White, presidente do "Economic and Development Review Committee", da OCDE, que se mostrou desapontado com a resignação do líder do Governo.

White diz que a dificuldade de cumprir o pagamento da dívida "não é um problema de liquidez a curto prazo" e os participantes do mercado já o perceberam. Por isso, defende que o pedido de ajuda por parte de Portugal à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional é "um passo bem-vindo".

No entanto, White recusa-se a falar de resgate, porque diz que essa não é a palavra correcta para a intervenção, e sim um grande empréstimo.

ANÍBAL E OS ELEFANTES

E agora, Aníbal?

Agora Aníbal vai convocar os comandantes das facções e perguntar-lhes por onde querem ir. Todos, sem excepção, ainda que digam que não era essa a intenção, vão querer que ele marque eleições.
Aníbal ouve, manda constar da acta, marca o dia segundo as regras, e manda publicar.

Este é, seguramente, o único país do mundo que elege um notário por sufrágio universal.

CLARINHA E AS POMBAS

O Paradoxo do FMI, aqui

Em várias ocasiões, o primeiro-ministro justificou a sua relutância em recorrer a ajuda externa pelo efeito perverso que a intervenção já ocorrida na Grécia e na Irlanda teve nas taxas de juro das respectivas dívidas públicas. Importa, por isso, perceber a relação de causalidade entre a submissão a um programa de financiamento externo e o agravamento dos custos de financiamento. Estes programas têm como principal benefício a garantia de financiamento a custos inferiores aos exigidos no mercado. Em contrapartida, é exigida a adopção de um conjunto alargado de medidas que visa, por uma lado, o rápido saneamento orçamental e, por outro lado, a melhoria do crescimento económico potencial. Daqui decorre, necessariamente, uma capacidade acrescida do país intervencionado em honrar os seus compromissos financeiros. Desse modo, por que haveriam os investidores exigir taxas de juro mais elevadas? Parece um paradoxo…mas não é!

A explicação normalmente avançada para desmontar este paradoxo apela aos efeitos reputacionais adversos que um pedido de ajuda alegadamente comporta – nas palavras do primeiro-ministro: a incapacidade do país resolver o problema pelos próprios meios. Acontece que para os investidores pouco importa quem resolve o quê: a sua preocupação é garantir o recebimento integral do capital emprestado.

A explicação correcta reside no facto do crédito contraído junto do FMI ser sénior relativamente à divida contraída junto de todos os outros investidores. Ou seja, em caso de incumprimento, o FMI tem primazia na cobrança, o que implica prejuízos maiores para os demais credores. Noutras palavras, a “entrada do FMI” tem como consequência a eventual penalização dos “tais especuladores” a que tanta gente aponta o dedo – muitas vezes sem saber do que fala.

Seja como for, parece incontestável que o aumento das taxas de juro onera o financiamento do estado. Esta asserção também não está correcta, pois durante o período de vigência do programa de auxílio financeiro, os estados não necessitam de recorrer ao mercado - afinal, esse é o objectivo único do recurso à ajuda externa -, tornando o nível majorado das taxas de juro praticamente irrelevante.

No cenário mais provável de eleições, é crucial que estas questões decisivas sejam tratadas com a seriedade devida e sem demagogias.

A explicação de Brandão de Brito não poderia ser mais clara.
Mas é estranhíssimo que a oposição, e muito principalmente o PSD, não clarifique a questão e desmonte os argumentos inconsistentes do governo.

Será que não lêem o Quarta República? Será que no Quarta República não conhecem o PSD?

MOONSTRUCK



Wednesday, March 23, 2011

UM EXAGERO

O artigo que acaba de ser publicado no Economist, e que transcrevi aqui, exagera no título: The death of Sócrates. ( Este título remete-nos obviamente para o quadro de David e a mensagem de Mark Twain: a notícia da minha morte é um exagero, c/p a seguir).

Sócrates prometeu continuar a lutar pelo PS quando avisou que um chumbo do PEC 4 na AR o levaria a apresentar a demissão.

Ninguém que promete luta está morto.
E com Sócrates nunca se sabe até onde chega a dimensão da sua condição de animal feroz. Expressão dele, como se sabe. Outro exagero?

THE DEATH OF SÓCRATES

The Portugal governement´s collapses

The death of Sócrates

IN IRELAND a bail-out by the euro zone’s rescue fund helped to force the government into calling (and losing) an early election. In Portugal an early election may force the government into accepting a bail-out. The question is: which government?

Tonight's defeat of the minority Socialist government, led by José Sócrates, in a parliamentary vote on austerity measures—the fourth such package in 12 months—triggered his prompt resignation as prime minister. But it also created a political vacuum in which nobody may have enough authority to negotiate a bail-out.

Few doubt that Portugal is close to the moment when it has no alternative but to seek assistance from the European Financial Stability Facility (EFSF), the euro-zone’s bail-out fund. But economists say that the crisis increases the chances that Portugal will need EU funds soon. Commerzbank predicts it will “increase pressure on Portugal to accept EFSF aid over the coming days”.

The austerity measures, which included a special tax of as much as 10% on pensions above €1,500 ($2,110) a month, were drafted with input from the European Central Bank and the European Commission as an “additional guarantee” that Lisbon would meet its fiscal targets. But Pedro Passos Coelho, leader of the centre-right Social Democrats (PSD), the main opposition party, refused to support them because they were aimed at “the most vulnerable”.

The PSD has a big lead in the opinion polls. And unlike Mr Sócrates, who has fiercely resisted a bail-out, Mr Passos Coelho is ready for one. That is because, as Antonio Garcia Pascual of Barclays Capital says, the PSD might not feel that it has much to lose from a bail-out if, as seems likely, the blame falls on Mr Sócrates's government instead.

It now falls to Aníbal Cavaco Silva, Portugal’s conservative president, to sort out the immediate future. The general election he is likely to call cannot legally be held for a minimum of two months; it will probably not happen before mid-June. Mr Sócrates would normally expect to stay in office as a caretaker (he was due to attend this week’s EU summit in Brussels, for example). But his powers to negotiate are limited. So Mr Cavaco Silva might call on all political parties to form an interim coalition. Or he could appoint a transitional non-party “technical government”.

Gilles Moec, head of European economic research at Deutsche Bank, says a “technical cabinet” would be better placed to negotiate a bail-out. But he argues that the Irish experience would probably deter other European countries from cutting a deal with a government that lacks the clear backing of its parliament. Portugal’s bond yields are already higher than at any time since the country joined the euro (see chart).


Yet Emilie Gay, an economist with Capital Economics, notes that Portugal’s budget deficit is lower than in most other troubled euro-zone economies. The country’s most serious challenge, she says, is to avoid “another lost decade” of low growth. Since the start of the euro in 1999 Portugal has been on average the slowest growing economy in the club, despite being its poorest member when it joined.

Ms Gay concludes that Portugal is likely to become the third peripheral euro-zone country to need a bail-out. Yet to overcome the deep-seated structural problems which have held back the economy will take not just rescue money but ambitious reform as well. The country’s need to issue debt is only €2 billion or so a month. Although that is small by most measures, and the government may have enough cash to meet redemptions in April, Portugal could struggle to last until June. Yet the markets are expecting action long before then. In mid-March Moody’s, a rating agency, downgraded Portuguese debt.

Portugal’s political turmoil and its urgent need for a rescue will create new problems at the EU summit, which is due to sign off on an effective expansion of the bail-out fund and a German-led “pact for the euro”. If EU leaders agree to bail out Portugal, they may find they have already used quite a big chunk of their fund. Judging by experience, the markets will then move on to attack the Spanish. The bail-out fund can easily finance Portugal. But it is not clear that it could deal with Spain.

O DIA DO GRANDE DISPARATE

A esta hora ainda não começou a sessão de pugilato verbal (espera-se que fique por aí) na AR.

Tudo leva a crer que o PEC 4 vai ser chumbado, muito provavelmente com os votos da oposição, ou a abstenção de alguns, sobre a proposta de resolução do PSD para a rejeição da proposta do Governo.  Consumar-se-á o objectivo de José Sócrates de precipitar a queda do governo e medir forças em eleições legislativas antecipadas,  uma opinião que a Oposição, onde se destaca a importância parlamentar relativa do PSD, transformou em argumento contra Sócrates mas que este vai, certamente, fazer reverter a seu favor durante a campanha eleitoral.

Até que ponto o vai conseguir é um dos tais prognósticos que só são consistentes depois de conhecidos os resultados.

O dia de hoje promete ficar para a história como aquele em que todos vão ajudar a afundar ainda mais o país, e o PSD, pela forma como se tem conduzido no caminho para a crise que Sócrates alargou, deu uma muleta a Sócrates para ele se levantar.

Se, como tudo leva a crer, Sócrates apresentar a demissão ao PR esta tarde, Cavaco Silva poderia corrigir o rumo para o desastre completo convocando os partidos para formarem um governo maioritário pluripartidário, eventualmente sem Sócrates, no âmbito do actual arco parlamentar e informar o país dessa alternativa que, no actual contexto, seria o mal menor. Mas nada leva a pensar que ele o fará, preferindo integrar-se no cortejo do disparate.

Tuesday, March 22, 2011

ANGÚSTIA PARA DEPOIS DE AMANHÃ

O apelo angustiado de Mário Soares no DN de hoje seria uma angústia patética se Soares não fosse quem é: um político experimentadíssimo nas artes políticas de vestir com palavras convictas intenções ocultas.

Porque, lendo este apelo de Soares, ninguém poderá deixar de concordar que o velho senhor tem toda a razão: Cavaco deve, neste momento crítico da vida nacional, dizer o que importa ser dito. Uma crise política, que no caso de eleições antecipadas se prolongará até ao último trimestre do ano, na melhor das hipóteses, arrasará ainda mais o já debilitadíssimo corpo do país.

Mas basta, ou é pelo menos um factor desbloqueador do actual impasse, que o PR se dirija à AR e diga aos deputados o óbvio? Claro que não é.
Quanto muito, e é essa a intenção encoberta do apelo de Sócrates, ajudaria a justificar perante a opinião pública as acções e omissões do PM no processo que está na origem desta recaída grave das relações entre os dois principais partidos.
Note-se, a este propósito por exemplo, que Soares denuncia as pressões internas no PSD para a convocação de eleições mas omite completamente as intenções no PS e as responsabilidades de Sócrates no desencadear da recaída.

O PR deve intervir. Há muito tempo que escrevo isso mesmo neste caderno. E agora mais que nunca. Mas Cavaco Silva encontra-se enquadrado por uma moldura constitucional que limita os seus poderes aos de notário do Estado e a dissolver a AR, o oito e o oitenta. Os constitucionalistas que gizaram as estruturas fundamentais do regime e os que as alteraram conceberam um edifício absurdo: o de convocarem o povo à eleição por sufrágio universal de um presidente com uma intervenção condicionada a ser exercida nos extremos. Mário Soares poderia promover a abertura do debate urgente desta absurdidade.

Mário Soares poderia ainda, com a autoridade moral que todos lhe reconhecem, dizer que a governação do país exige um apoio parlamentar muito amplo e que esse apoio deve ser promovido pelo PR mas que só pode ser atingido se o actual secretário-geral do PS e PM estiver disponível para aceitar partilhar a definição dos objectivos necessários, dos meios para os atingir e a realização das correspondentes acções.

Porque Mário Soares sabe, toda a gente sabe, que a alternativa às eleições antecipadas é a renúncia de Sócrates à liderança obsessivamente isolada de um país sujeito a ameaças de todos os lados.

O problema com que o país hoje se confronta não é de agora. Repito-me pela enésima vez: Cavaco Silva não deveria ter dado posse a este Governo da forma expedita com que o fez, atendendo às condições já periclitantes da altura.
A partir do início dessa aventura com naufrágio anunciado, Sócrates convenceu-se que poderia governar como se dispusesse de maioria absoluta porque o mar era de rosas. E as oposições estariam dispostas a aceitar-lhe todas as decisões. Não estavam, e ele sabia bem, que não estavam, não tinham estado já quando ele dispunha de maioria absoluta e foi obrigado a recuar com inicitivas de reformas que as oposições, muitas vezes estupidamente, diga-se em abono da verdade, boicotaram.

Mário Soares poderia, se quisesse dar mais um grande contributo para a consolidação da democracia e evitar a angústia que o atormenta, falar com Sócrates: Zé, é tempo mudares. Ou mudas de estilo, e alargas a base de apoio de um governo que possa completar a legislatura,  ou pedes a passagem à reserva. Eleições legislativas antecipadas só te garantem lá para Outubro, na melhor das hipóteses,  uma situação tão ruim como aquela em que nos encontramos e tu teimas não reconhecer.

Mas também a lucidez de Mário Soares é obnubilada pelo clubismo que fomenta um maniqueísmo, que ele repudia mas que o infectou irreparavelmente há muito.    

AFIRMA SOARES

Um apelo angustiado

 Há razões para admitir que a próxima Cimeira da União Europeia, que se realizará em Bruxelas, nos dias 24 e 25, quinta e sexta-feira, vai ser decisiva para o futuro da Europa e do euro. A agenda, pelo menos, é indiscutivelmente importante e se for cumprida, como se espera, representará um passo em frente no projecto europeu, há tantos meses paralisado.
...
...  a agenda europeia, da próxima Cimeira de Bruxelas, irá debater: a reforma do Governo Económico da União Europeia; o reforço do pilar euro, mediante a criação de um Pacto sobre o euro; a criação dos mecanismos de estabilidade financeira, com capacidade para valer aos países europeus em crise, como é o caso português e outros; e, finalmente, definir uma estratégia europeia para o crescimento do emprego, sem o que cairão na recessão, criando planos nacionais, para os Estados membros do euro. ..
... Com que autoridade, para negociar vantagens para Portugal, se irá apresentar em Bruxelas o primeiro-ministro português?

Não interessa agora discutir, do meu ponto de vista, a quem cabem as culpas do impasse criado. Quando há conflitos partidários, geralmente, as culpas são quase sempre, mais ou menos, repartidas. Vamos, de resto, ouvir, na campanha eleitoral que, ao que parece, infelizmente, se vai abrir, essa discussão interminável. Para quê? Talvez, para não termos tempo de tratar do essencial, o problema que mais aflige o Povo Português: como sair da crise, financeira e económica, em que estamos mergulhados? Será sensato, assim, sejam de quem forem as culpas, acrescentar-lhe uma crise política? Será que alguém pensa, em consciência, que a nossa situação vai melhorar, por ignorarmos durante mais de dois meses a crise que hoje nos aflige - a todos - lançando--nos numa disputa eleitoral, ganhe quem ganhar - PSD ou PS - haja ou não coligações, à direita ou à esquerda?

Depois, o CDS/PP vai estar contra o PSD, a disputar-lhe o terreno, palmo a palmo, como se percebeu no Congresso de Viseu. Os Partidos da extrema-esquerda radical não se entendem, como se tem visto, mas estarão ambos contra Sócrates, o que só o reforça, no interior do PS. Mas nenhum partido quer realmente deitá-lo abaixo. Para ficar pior? Quer fritá-lo em lume brando, o que é diferente. Com a excepção, talvez, de Passos Coelho, porque está, cada vez mais, a sofrer pressões internas nesse sentido.

Quando o País acordar dessa campanha eleitoral, que só desacreditará os Partidos - os políticos e o País - quem terá condições efectivas para governar e nos tirar da crise? E por quanto tempo? Passos Coelho? Outra vez, Sócrates? À beira da bancarrota, o Povo Português estará então, desesperadamente, a pedir um governo de salvação nacional ou até: um salvador (que felizmente parece não ser fácil encontrar) visto não estarmos nos anos trinta do século passado...

No meu modesto entender, só uma pessoa, neste momento, tem possibilidade de intervir, ser ouvido e impedir a catástrofe anunciada: o Senhor Presidente da República. Tem ainda um ou dois dias para intervir. Conhece bem a realidade nacional e europeia e, ainda por cima, é economista. Por isso, não pode - nem deve - sacudir a água do capote e deixar correr. Como se não pudesse intervir no Parlamento - enviando uma mensagem ou chamando os partidos a Belém - quando estão em jogo, talvez como nunca, "os superiores interesses nacionais". Tanto mais que, durante a campanha eleitoral para a Presidência, prometeu exercer uma magistratura de influência activa. Não pode assim permitir, sem que se oiça a sua voz, que os partidos reclamem insensatamente eleições, que paralisarão, nos próximos dois meses cruciais, a vida nacional, em perigo iminente de bancarrota.

Se não intervier agora, quando será o momento para se pronunciar? É uma responsabilidade que necessariamente ficará a pesar-lhe. Por isso - e com o devido respeito - lhe dirijo este apelo angustiado, quebrando um silêncio que sempre tenho mantido em relação ao exercício das funções dos meus sucessores, no alto cargo de Presidente da República.
...

Monday, March 21, 2011

PRESIDENTE OU ESCRIVÃO

O Governo entrega hoje na AR a versão revista do PEC 4 aprovada pelo Conselho de Ministros. O líder do PSD declarou, a propósito, que o seu partido não vai deixar passar a proposta do Governo. Ao mesmo tempo que entrega o PEC 4, o Governo disponibiliza-se para negociar, só agora, os termos da sua proposta. Entretanto, o ministro dos Assuntos Parlamentares, declarou que  não pode ser afastado o cenário de demissão do Governo na sequênciade um chumbo do PEC na AR, uma declaração que amortece a afirmação do PM quando considerou não ter condições para governar no caso de o PEC ser chumbado na AR.  (vd aqui)

De Bruxelas, Luís Amado, entrevistado pela SIC, avisa que estamos todos a jogar aos dados há muito tempo com os destinos do país (vd. vídeo aqui).
E será "muito mau pela imagem que projecta do país e pelas dificuldades em que a economia do país se encontrará se não houver rapidamente uma solução em relação às condições" da participação de Portugal "nesta nova fase do euro", o chefe de diplomacia lamentou que não se tenha perseguido antes com mais esforço e responsabilidade um amplo consenso nacional.
"Eu creio que estamos há demasiado tempo a jogar aos dados com o destino da economia portuguesa e dos portugueses. Creio que deveria haver mais responsabilidade política no país, tenho-o dito recorrentemente há mais de um ano", afirmou, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Segundo Amado, "o país merecia estar noutra situação e seria muito importante que houvesse um entendimento relativamente ao destino do país no projecto europeu num momento tão decisivo".

"É preciso não esquecer que o Conselho da próxima sexta-feira é um conselho histórico, uma vez que vai aprovar o 'pacto para o euro', o que significa que desde Maastricht que o desequilíbrio entre a união monetária e a união económica se vai corrigir com a adopção deste «pacto para o euro», que consubstancia o pilar económico do euro e consubstancia também uma divisão em dois círculos claros no projecto europeu"

... é por isso "muito mau para o país" que Portugal não se possa apresentar em Bruxelas perante os seus parceiros "com um forte consenso nacional em relação ao lugar que o país pretende ter nesta nova configuração que a UE vai passar a assumir. Como disse, estamos a jogar aos dados há muito tempo com o destino do país, porque nós não podemos antever as consequências de uma falta de consenso neste momento em torno de objectivos essenciais para a estabilidade do país no projecto europeu, face aos desenvolvimentos que uma crise política pode vir a provocar no curto e médio longo prazo no nosso país"
Questionado sobre se a situação política interna já terá chegado a um ponto sem retorno, com a inevitabilidade de eleições legislativas antecipadas, Amado admitiu que esse "é um cenário que está pela frente", mas escusou-se a "antecipar a decisão final, que caberá aos deputados da Assembleia da República, ao parlamento e, em ultima instância, também ao Presidente da República". (aqui)

Há muito tempo que venho repetidamente defendendo o mesmo que Luís Amado refere nesta entrevista: A superação da crise requer como condição necessária, mas não suficiente, um governo o mais amplamente maioritário possível.

E mantenho a opinião que expressei já há algum tempo neste caderno: Neste momento em que às labaredas da crise económica estrutural e da falência financeira os políticos se preparam para lançar baldes de combustível de insansatez, Luís Amado seria quem poderia reunir um consenso para chefiar um governo de coligação alargada. Tem mostrado competência, bom senso, e excelente conhecimento dos corredores em Bruxelas, e, aspecto relevante, tem vincado a independência dos seus pontos de vista num governo caracterizado por uma subordinação geral ao quero-posso-mando de Sócrates.

Sei que não o deixam chegar lá.  A começar por Sócrates.
Mas Cavaco Silva não deve dissolver a AR sem tentar aquilo que, ele também, realçou no seu discurso de posse: a governabilidade do país exige um governo com uma ampla base de apoio na AR. E não é adquirido, bem antes pelo contrário, que de eleições antecipadas resultem essas condições de governabilidade.
Repito-me: Se Sócrates se demitir na sequência do chumbo do PEC, ou qualquer outro chumbo ulterior, Cavaco Silva deve convocar os partidos a intimá-los a formarem o governo que o país necessita no momento altamente crítico que atravessa. Se não conseguir deve informar claramente o país das suas diligências e das respostas que obteve.

É tempo de o país poder escolher outros políticos e a palavra de Cavaco Silva pode ser decisiva nesse sentido.

Se o não fizer ficará para a história como o escrivão de uma história triste.

Sunday, March 20, 2011

PORQUÊ FORA DO BARALHO?

O Expresso/Economia deste fim de semana num artigo - TAP desbloqueia privatizações - resume a situação actual do programa de privatizações inscritas no PEC original e conclui "O Governo não inclui a RTP no baralho, mas os custos anuais da estação para o erário público colocam uma espada sobre a cabeça da empresa. Desde 2003, ano em que o Estado assinou o acordo de reestruturação financeira da RTP, os sucessivos governos já injectaram 1,9 mil milhões na estação através de indemnizações compensatórias, taxa audiovisual e injecções de capital. Aliás, segundo as contas anunciadas por Passos Coelho, quando relançou o ano passado o cenário de privatização, a RTP custou 400 milhões por ano ao Estado. O PSD defende que a estação devia ser privatizada ou concessionada".

A RTP não custou 400 milhões de euros ao Estado, custou aos contribuintes portugueses. Para quê? Que serviço público garante a RTP que não possa ser contratualizado com estações privadas? 

É a primeira vez que vejo um líder de um partido com responsabilidades ou aspirações de governo a defender a privatização da RTP, que não é uma mas várias estações.
Já agora: Porque não se privatiza também a RDP e nos deixam de cobrar disfarçadamente a taxa na factura da EDP?

LÍBIA

Tenho a maior dificuldade em perceber o consenso gerado nas Nações Unidas para o ataque à Líbia, e ainda mais para o envolvimento dos EUA, o apoio da Liga Árabe, o entusiasmo da França e do Reino Unido para participar no ataque. 

Kadafi acusou, e continua a acusar, os rebeldes de estarem a ser manipulados pela al-Qaeda. Admitamos que, muito provavelmente, está a fazer bluff.

A al-Qaeda, no entanto, continua activa e não é por não se dar muito por ela que essa actividade se reduziu. A sombra é o seu habitat natural e quando se expõe as suas manifestações são catastróficas.

Se amanhã forças rebeldes fomentadas, efectivamente, pela al-Qaeda se manifestarem de armas na mão contra o regime de Riade, e a presença norte-americana no Golfo, o que farão os países do Ocidente dependentes do petróleo do Médio Oriente?

Kadafi é um tirano. E os outros?

ENGENHOS DE UM MALABARISTA


Tal afirmação poderia não acrescentar nada ao que se conhece do estilo do PM, sabendo-se que ele não está disponível para governar com ninguém, se por detrás dela não estivesse uma bem urdida táctica para se manter na corda bamba.

Sócrates sabe que o cumprimento das metas do PEC 3 não seriam atingidas e muito menos seriam suficientes para inverter a tendência imparável do crescimento das taxas de juros. Também sabe que a crise financeira internacional não pode continuar a ser argumento para justificar o agravamento da situação portuguesa: as economias ocidentais já recuperaram, com particular destaque para os dois principais motores: EUA e Alemanha.

Para continuar a sustentar a ideia de que Portugal não precisa de ajuda externa, e muito menos da intervenção do FMI, dispôs-se perante a UE, e sobretudo perante Angela Merkel, a assumir o compromisso de mais medidas de austeridade sem ouvir ninguém. E gizou todo o embróglio que hoje é público.

Com a facilidade que se lhe conhece de dizer com a mesma convicção hoje o contrário do que disse ontem, levando muitos a aplaudir acríticamente tudo quanto ele afirma, Sócrates, de cada vez que vai à cartola, tira um coelho para empolgar os devotos e colocar em dificuldade os críticos.

Ao afirmar ontem que não está disponível para governar com o FMI, Sócrates coloca a barra mais alto, os devotos ovacionam e o PSD que se cuide.

Porque Sócrates quer eleições mas também quer responsabilizar as oposições pela sua convocação e terá meio caminho andado se na próxima Quarta-Feira o PEC 4 for chumbado obrigando-o a demitir-se. Para a generalidade da opinião pública esvair-se-ão as contradições em que se envolveu, as faltas que cometeu, os desvarios de governação, sobretudo muito evidentes nestes últimos meses. Sobram contra ele as medidas de austeridade e os principais atingidos, justa ou injustamente, por elas.

E, das duas uma, i) ou Sócrates ganha as eleições por pequena margem (hipótese pouco provável mas possível) e terá de governar com o FMI, porque da bagunça das eleições só poderá resultar uma situação financeira ainda mais dramática e uma economia mais debilitada, e argumentará que foi a oposição que provocou uma derrocada numa altura em que ele tinha a recuperação garantida, ii) perde as eleições e responsabilizará a oposição por governar com o FMI, uma situação em que ele jamais deixaria descambar o país.

Tudo conjugado, a tendência da evolução da situação política ajusta-se ao cenário que há muito tempo desenhei neste caderno: Se o PSD cai na tentação de querer a curto prazo ser poder, mesmo que acompanhado pelo CDS, provocará um reagrupamento de conveniência da esquerda, e assumirá o ónus de, muito provavelmente, ficar esturricado em pouco tempo.

E Sócrates, maquiavélico, a assistir.
Cavaco Silva? Esfíngico.

Saturday, March 19, 2011

HISTÓRIA HISTÉRICA - 3

A decisão do CDS (idêntica, mas com fundamentos diferentes, às do PCP e BE) de chamar à AR a apreciação do conjunto de medidas com que Sócrates se comprometeu em Bruxelas* sem consultar nem informar ninguém - incluindo o Presidente da República, perante o qual tinha o dever constitucional de o fazer - é um brinde para o Primeiro-Ministro.

É um brinde porque i) força o PSD a pronunciar-se na AR em conformidade com as declarações públicas de Passos Coelho de não aprovar este PEC, e a chumbá-lo, ii) dá a Sócrates a oportunidade para, também conforme declarações públicas suas, declarar que não tem condições para continuar a governar e, desse modo, iii) obrigar o PR a dissolver a AR e convocar eleições. 

É, claramente, o que Sócrates pretende e as oposições, por razões muito diferentes, lhe oferecem. Sem governo em efectividade de funções, tudo se complica: os juros sobem ainda mais, o recurso a ajuda externa passa a ser explícita e Sócrates argumentará que esse é o resultado de uma sofreguidão de poder por parte do PSD e do CDS** (o que é parcialmente verdade), e de uma irresponsabilidade política do PCP e BE que jogam na capitalização do descontentamento popular (o que é totalmente verdade).

Argumentos que vai repetir à saciedade durante a campanha eleitoral onde conta vencer os adversários usando os seus trunfos de malabarista exímio.

Mas, se esses argumentos se mostrarem insuficientes porque o artista fartou com as mesmas  artes a assistência, que farão o PSD e o CDS sozinhos com o tição em chamas nas mãos?***
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*O anúncio das novas medidas de austeridade apanhou o país de surpresa, mas há três semanas que o novo pacote era do conhecimento de Angela Merkel, apurou o SOL. A chanceler alemã acompanhou o PEC 4 e levou Sócrates a comprometer-se com ele na reunião entre ambos em Berlim, há exactamente quinze dias.
E o primeiro-ministro terá saído mesmo dessa reunião com a certeza de que o novo acordo não iria afastar o FMI - uma vez que o acesso aos empréstimos europeus, ainda que pontuais, exigirá a aprovação deste organismo. A «análise e aconselhamento» por parte do FMI farão parte do futuro fundo de resgate europeu, admite-se até em S. Bento.
As medidas mais contestadas - o corte de pensões acima de 1.500 euros, o compromisso de não aumentar a despesa com as restantes pensões (congeladas até 2013), os despedimentos mais baratos ou os cortes na Educação e na Saúde - estão, aliás, em linha com os princípios aceites pelos países do Euro (e pelo FMI), no acordo que saiu da cimeira do passado fim-de-semana.

**Paulo Portas, para além da tentação urgente do poder, ao mesmo tempo que oferece o brinde a Sócrates coloca uma fava nas mãos de Passos Coelho.    

*** Ouço a intervenção de Nobre Guedes no Congresso de hoje do CDS a pedir a reunião à volta da direcção actual do partido, apesar das divergências. Depois, quando interrogado, disse esperar que, tendo em conta o momento muito difícil com que o país se confronta, haja ainda uma forma de evitar que o PM se apresente em Bruxelas demissionário e com o PEC chumbado.

ÁGUA LISA

O jornalista do Expresso perguntou ao presidente da Unicer em que medida a crise afecta o negócio da sua empresa.

Resposta: Reestruturámos entre 2006 e 2007, cortámos 40 milhões de euros nos custos fixos mas estou preocupado. Sofremos, desde Outubro, com a queda do consumo de bebidas em Portugal. Excluindo Dezembro, que é um mêrs atípico, o consumo fora de casa caiu 10% e mesmo o consumo doméstico regrediu 5%, registando-se uma transferência para marcas de preço mais baixo, primeiro nas águas lisas e que começa a ser marcante também nas cervejas.

Lendo isto, penso no hábito generalizado nos EUA de colocarem nos restaurantes um copo grande de água com blocos de gelo (no ice please!). Não posso garantir que não haja quem rejeite a oferta gratuita da água da torneira e peça uma engarrafada, mas nunca vi. Por outro lado, também não é notória a presença de águas minerais engarrafadas à venda nos supermercados. Talvez existam, mas não se dá por elas.

Em Portugal, onde o poder médio de compra da população é menos de metade da dos norte-americanos, a água engarrafada é um negócio chorudo.

Há dias, perguntei ao Nelson, o electricista mais popular aqui das redondezas, porque razão anda ele sempre de garrafa de água engarrafada debaixo do braço. Respondeu-me que há uns três anos lhe demonstraram com uma engenhoca que, aliás, ele não comprou, que a água da torneira dos SMAS de Sintra transporta uma quantidade enorme de porcaria. Tentei convencer o Nelson que a demonstração que o havia impressionado é um ludíbrio. Do que não o convenci é que a água dos SMAS de Sintra é menos cara que a água engarrafada.

O Nelson tem dúvidas. A água em Sintra é caríssima. Um tal desaforo de preços só se percebe porque os SMAS pertencem ao sector escandalosamente privilegiado dos não transccionáveis.
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Relacionado: Continuamos a beber demais

PEC XXII

2014, Janeiro

Friday, March 18, 2011

ASSEMBLEIA DE RUFIAS

Mais um debate quinzenal na AR, mais uma sessão com transmissão televisiva de discussões sem outro objectivo para além da repetida ad nauseam exibição troca de acusações entre as oposições e o governo, insistindo o primeiro-ministro numa táctica de confronto e autosuficiência como se dispusesse de maioria para suportar o seu jogo e o país estivesse em condições de suportar estas cenas rufias de parte a parte.

Poderão eleições antecipadas, que todos os partidos querem provocar acusando os outros dessa intenção, mudar este guião de opereta estafada?
Mas como, se no carnaval eleitoral que se aproxima continuarão a participar os mesmos cabeçudos?
Como, se o sistema continua encapsulado numa eugenia que reproduz os mesmos genes?
Como, se os candidatos são escolhidos a dedo e propostos à votação popular numa lista de símbolos partidários que ocultam os seus nomes?

Como alterar o sistema se o sistema não tem tempo nem vontade para se alterar na pressa de continuar tudo na mesma?

EM LISBOA

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MOONSTRUCK


O mundo vai poder observar a maior lua cheia das últimas duas décadas no próximo sábado. Como é véspera de equinócio, quem paga é a Páscoa, que se vê este ano empurrada para mais tarde no calendário.

No dia 19 de março, a lua vai parecer invulgarmente maior, porque vai ficar tão próxima da Terra como não acontecia há 18 anos, explicou à Lusa Rui Jorge Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

O fenómeno de aproximação da lua à Terra é designado perigeu (oposto ao apogeu, quando está mais afastada), explica-se por a órbita deste satélite não ser circular, mas elíptica, e não é invulgar, acontecendo todos os anos.

O que acontece de extraordinário este ano é explicado pelo astrónomo: "A forma da elipse, a excentricidade da elipse, varia periodicamente, às vezes é mais alongada, outras mais curta. Alguns dos perigeus que ocorrem sucessivamente são mais próximos do que outros".

mais aqui

Thursday, March 17, 2011

HISTÓRIA HISTÉRICA - 2

Afinal a crise não é inevitável, só as crises decorrentes de catástrofes naturais são inevitáveis, descobriu António Costa e não tardou a dar conta da descoberta aos portugueses. Antes, o PM tinha afirmado que, das duas uma, ou o PEC IV passava na AR ou o governo não tinha condições para governar.
Estava escancarada a porta da crise.

Soube-se hoje que o assunto não vai ser presente à AR. Tudo não passou de um mal entendido provocado por um discurso desastroso, o mais desatroso! de sempre, de um ministro desastrado. Que, pelos vistos, até confundiu o próprio PM.

Desastroso, mas convincente.

António Costa considera que o discurso do ministro das Finanças da passada sexta-feira “ficará certamente para a história como a mais desastrada e desastrosa comunicação política que alguma vez foi feita em Portugal, senão mesmo no hemisfério Norte”, e acrescentou ainda, durante o programa "Quadratura do Círculo", que as palavras de Teixeira dos Santos prejudicaram “em termos de eficácia e de conteúdo” as medidas anunciadas no âmbito do chamado PEC IV, já que “criou a ideia generalizada de um conjunto de factos que agora temos vindo a perceber que não são reais”.

Hoje, à entrada para o debate quinzenal na Assembleia da República, e instado pelos jornalistas a pronunciar-se sobre o comentário de António Costa, o ministro das Finanças limitou-se a um seco: "Não faço comentários".


Menos lacónico foi o deputado do PS Vitalino Canas, "Eu creio que, na verdade, a comunicação [de Teixeira dos Santos] deixou certamente algumas dúvidas, tendo em conta a circunstância em que foi feita". Canas sentiu-se na necessidade de apresentar justificações para a comunicação de Teixeira dos Santos, "porventura, afetada pela urgência". E acrescentou: "Mesmo o próprio documento que é apresentado é um documento que tem manifestamente algumas questões de comunicação que serão, certamente, superadas".


aqui e aqui

A ARTE NA CHINA

Yue Minjun é uma das grandes vedetas da arte chinesa
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A China conquistou o segundo lugar no mercado da arte a nível mundial em 2010, ultrapassando o Reino Unido pela primeira vez...
O mercado global de arte e antiguidades recuperou significativamente em 2010 - aumento de 52%, representando 43 mil milhões de euros - devido à manutenção forte dos EUA e do crescimento da China.
Em 2010 o mercado da arte duplicou na China desde 2009, colocando este país na lista dos maiores compradores, com 23%. Os EUA manteve a liderança com 34%.  (Agência Lusa)
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Vd. aqui outro apontamento no Aliás acerca do mesmo artista chinês.
Aqui, outro correlacionado com o mercado da arte na China. Entre 2008 e 2010 a China viu a sua quota no mercado da arte a nível mundial subir de 7,7% para 34,5%.

UMA HISTÓRIA HISTÉRICA

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, acusou hoje o PSD de fazer "uma obstrução ao país" e de pedir aos portugueses "não o final do teatro, mas a abertura de um filme de terror". Jorge Lacão, que falava no encerramento da interpelação ao Governo marcada pelo Bloco de Esquerda sobre as consequências orçamentais das parcerias público-privadas e das novas medidas de austeridade, dirigiu-se diretamente à bancada parlamentar do PSD.

O ministro da Presidência reafirmou na quarta-feira aquilo que o primeiro-ministro já tinha dito, ou seja, que uma crise política pode trazer problemas a Portugal em termos de financiamento externo. Pedro Silva Pereira dramatiza as consequências de um cenário de crise política.

O Presidente da República recebe esta quinta-feira em Belém o líder do PSD, na véspera da habitual reunião semanal com o primeiro-ministro. A audiência de Pedro Passos Coelho com Cavaco Silva foi pedida na segunda-feira pelo próprio presidente social-democrata, três dias depois do Governo ter anunciado novas medidas de austeridade no âmbito do Plano de Estabilidade e Crescimento, já apelidado de PEC 4.

Eduardo Catroga defende que José Sócrates criou um facto político em torno do Programa de Estabilidade e Crescimento – já apelidado de PEC 4 – para esconder que vai pedir ajuda externa, de forma a evitar o peso do rótulo de uma derrota política. Este programa prepara um pedido de ajuda ao Fundo Monetário Internacional, de acordo com o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva. Estas declarações do homem que negociou o Orçamento do Estado para 2011 com este Executivo de José Sócrates em representação do PSD foram feitas na noite passada em entrevista à SIC.

(Ouvido esta manhã na Antena 1)