Tuesday, March 08, 2011

A CONTA DOS CREDORES

Os credores cobram nos juros altos o risco de incobrança. Um dia destes, acertar-se-ão as contas.
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Um artigo publicado hoje no El País (sintomático, os bancos espanhóis são os maiores detentores de dívida portuguesa*) e comentado aqui afirma o que toda a gente sabe, ou tem obrigação de saber, mas que por razões diversas ignora ou faz por ignorar: Portugal não tem quaisquer possbilidades de resolver o problema do endividamento externo sem ajuda externa que, inevitavelmente, passará pela reestruturação da dívida. 

O problema não é apenas português (nem grego, nem irlandês, só para citar os mais aflitos) mas atinge, em última análise, todos os credores que, por agora, se regozijam com a cobrança de juros elevados. O gráfico, copy/paste de aqui, ilustra o envolvimento dos bancos, por nacionalidades, neste imbróglio que eles ajudaram a cultivar. Já aqui tinha feito copy/paste de um gráfico, diferente mas com o mesmo objectivo, em Maio deste ano. A situação não se alterou significativanmente, desde então, em termos relativos. A entrada de credores de fora da zona euro, do meu ponto de vista, e já o referi neste caderno de apontamentos, não ajudou à solução, porque não há notícia de ter reduzido as taxas de juro, e dispersão pode mesmo ter complicado a força negocial no caso, muito provável, de renegociação da dívida. 

As agências de rating continuam a dizer o óbvio, mas, dizendo o óbvio, tornam o óbvio cada vez mais óbvio: se aos esforços de redução do défice primário correspondem aumentos das taxas de juro, a redução do endividamento é impossível porque o crescimento económico, nestas condições, é insuficiente para ultrapassar a carga agiota.

E, nestas condições, se os devedores não podem pagar na totalidade as suas dívidas, a renegociação das dívidas é inevitável e os credores não poderão esquivar-se a corrigir as suas contas.

E nós, a nossa vida. 
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* Há duas jóias nossas, no entanto, que Zapatero e os bancos credores não ignoram: as reservas de ouro e a Caixa Geral de Depósitos.

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