Saturday, March 19, 2011

ÁGUA LISA

O jornalista do Expresso perguntou ao presidente da Unicer em que medida a crise afecta o negócio da sua empresa.

Resposta: Reestruturámos entre 2006 e 2007, cortámos 40 milhões de euros nos custos fixos mas estou preocupado. Sofremos, desde Outubro, com a queda do consumo de bebidas em Portugal. Excluindo Dezembro, que é um mêrs atípico, o consumo fora de casa caiu 10% e mesmo o consumo doméstico regrediu 5%, registando-se uma transferência para marcas de preço mais baixo, primeiro nas águas lisas e que começa a ser marcante também nas cervejas.

Lendo isto, penso no hábito generalizado nos EUA de colocarem nos restaurantes um copo grande de água com blocos de gelo (no ice please!). Não posso garantir que não haja quem rejeite a oferta gratuita da água da torneira e peça uma engarrafada, mas nunca vi. Por outro lado, também não é notória a presença de águas minerais engarrafadas à venda nos supermercados. Talvez existam, mas não se dá por elas.

Em Portugal, onde o poder médio de compra da população é menos de metade da dos norte-americanos, a água engarrafada é um negócio chorudo.

Há dias, perguntei ao Nelson, o electricista mais popular aqui das redondezas, porque razão anda ele sempre de garrafa de água engarrafada debaixo do braço. Respondeu-me que há uns três anos lhe demonstraram com uma engenhoca que, aliás, ele não comprou, que a água da torneira dos SMAS de Sintra transporta uma quantidade enorme de porcaria. Tentei convencer o Nelson que a demonstração que o havia impressionado é um ludíbrio. Do que não o convenci é que a água dos SMAS de Sintra é menos cara que a água engarrafada.

O Nelson tem dúvidas. A água em Sintra é caríssima. Um tal desaforo de preços só se percebe porque os SMAS pertencem ao sector escandalosamente privilegiado dos não transccionáveis.
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