Tuesday, August 31, 2010

DESEMPREGO & Cª.

Segundo os números divulgados hoje pelo Eurostat o desemprego atingiu em Portugal os 11% e mais de 600 mil trabalhadores.

Ao mesmo tempo a Alemanha observa pelo 14º. mês consecutivo uma redução do desemprego ainda que a taxa se tenha mantido nos 7,6%.

O crescimento do desemprego em Portugal era inevitável e não constitui nenhuma surpresa a não ser para aqueles que se convenceram, ou quiseram convencer-nos, que o aumento do emprego em Portugal estava apenas dependente do relançamento económico no exterior capaz de induzir mais crescimento económico e, por essa via, mais emprego.

O que nem sempre é verdade e dificilmente aconteceria em Portugal. Por várias razões, a mais decisiva das quais, que várias vezes anotei neste caderno de apontamentos, era, e ainda é em grande parte, a dependência em que a economia portuguesa se encontrava da construção civil e das obras públicas.  No primeiro trimestre deste ano, ainda segundo números do Eurostat publicados na última edição do Expresso/Economia, a construção absorvia 10,1% do emprego total em Portugal (9,1% em Espanha, 7,6% na Zona Euro). A economia estava drogada em construção civil e era inevitável a passagem por um desmame doloroso. Escrevi isto quase desde o início do Aliás, há quase cinco anos. 

Muita gente sabia que era assim e que a overdose só poderia vir arruinar dramaticamente a saúde do paciente. Sabiam os políticos, os banqueiros, os construtores, os agentes imobiliários, mas nenhum renunciava à teta da porca.
Como, por outro lado, a construção civil exige trabalho de alombador e não havia portugueses em número suficiente para essas tarefas, indignas para muitos, ocorreram imigrantes que, naturalmente, agora se sentam nos bancos dos centros de emprego à procura do devido subsídio. Que vão eles fazer depois do prazo de subsídio se esgotar?  

Alguns voltarão para casa, amargurados, desiludidos e pobres. Outros permanecerão na expectactiva de oportunidades. Que difilmente aparecerão. A marginalidade aumentará e com ela o crime suburbano.

Andamos a incorrer neste erro hà dezenas de anos. Desde os tempos em que as poupanças dos emigrantes portugueses se encaminharam para a construção de maisons que as segundas gerações  geralmente esqueceram. Como é que foi possível um convencimento tão alargado de que o País poderia sustentar-se construindo casas de que já não precisava?

Somos todos culpados. Mas há quem seja mais culpado que os outros. De entre estes últimos, os banqueiros foram sem dúvida os maiores culpados. Moral hazard: não se contarão, no entanto, entre as vítimas.
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* O gráfico apresentado é copy/paste de aqui

TÍTULOS DO DIA

Desemprego rompeu em Portugal a fasquia dos 600 mil
Eurostat revê em alta desemprego em Portugal e fixa novo máximo em 11%
Desemprego recuou na Alemanha pelo 14º. mês consecutivo
Taxa de inflação recua para 1,6% na Zona Euro

Monday, August 30, 2010

O JOGO DA CABRA CEGA

A Autoridade Antidopagem de Portugal (Adop) suspendeu o seleccionador nacional de futebol, Carlos Queiroz, por seis meses.
Queiroz vai recorrer para o Tribunal Arbitral

Até prova em contrário, são todos inocentes.
Espere-se, portanto, pelo juízo final.

QUANTO MAIS QUENTE PIOR

Climate Change: Lingering Clouds


Floods in Pakistan have left millions homeless and at least one-fifth of the country inundated. In Russia, droughts have sparked wildfires that sent crippling smog over main cities, claiming scores of lives while destroying crops and costing billions of dollars in damage.

The extreme weather of 2010 is likely to be remembered in these regions for many years to come. There as well as in the rest of the world, the broader question is whether, as climate scientists predict, this type of weather is set to become more common – and how certain we can be about that.

This has been an unusual year – the warmest January-June period on record around the world, and the driest on record in some regions. But however extreme, the events of one year cannot be taken as proof of climate change. Natural variability brings periodic extreme floods, droughts and heatwaves around the world, and it takes years of data to distinguish this from any underlying trend.

The most scientists are willing to say is that the weather in Pakistan and Russia is consistent with predictions of what will happen in a warming climate, driven by greenhouse gas increases.

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O JOGO DAS ESCONDIDAS


Nos últimos cinco anos muito mudou no panorama energético nacional. No final de 2005 havia no País 650 torres eólicas, distribuídas por uma centena de parques. Hoje há o dobro de parques e 1.996 aerogeradores.

A mudança na paisagem trouxe um custo que pesa na carteira de cada consumidor. Desde 2006 os subsídios do Estado à produção renovável tiveram um sobrecusto de 1,4 mil milhões de euros. Pelas contas do Negócios, esse apoio vai custar este ano 90 euros a cada consumidor de electricidade. Na média dos últimos cinco anos, o custo médio por cada lar é de 52,5 euros.

Sunday, August 29, 2010

ÓBVIO


O PR, a propósito da intenção de apresentação de uma proposta de revisão constitucional (não passa disso por enquanto, ainda que para o PCP já seja uma ameaça, segundo o seu líder), não poderia dizer nem mais nem menos do que disse: ainda não está aberto o período em que essa discussão pode ser feita na AR; ainda não foi apresentada qualquer proposta na AR; a revisão exige um consenso amplo de pelo menos dois terços dos votos expressos pelos deputados.

Dizer menos que isto, só se não dissesse nada. É inócuo o que disse? Talvez. Mas não é perturbador e o PS, pela voz do seu líder parlamentar, reconheceu mesmo que é conciliador. Arredada a questão da proposta de revisão, que ainda não existe, do PSD (que Sócrates invocou apenas por razões tácticas, para não dizer demagógicas) o que é importante é que haja consenso sobre o OE para o próximo ano.

Dizer mais que isto seria interferir na discussão pública o que, manifestamente, não é consentido ao PR e que, se o fizesse, aí sim, seria imperdoável.

Podemos gostar ou detestar CS. O que não podemos é pretender que ele seja isento e ao mesmo tempo participante na discussão política. Manuel Alegre pretendeu que CS se pronunciasse sobre o projecto do PSD imediatamente após a saída mais ou menos desastrada daquela intenção e dos seus contornos.

Mas CS, que tem defeitos, sem dúvida, não é asno a ponto de se perder nesses couvais. Para grande arrelia de quem o detesta.

Saturday, August 28, 2010

O SEGREDO DO SORRISO



For a long time, scientists and curators have wondered how da Vinci created shadows on her face with seemingly no brushstrokes or contours. Art experts call this shadowing technique sfumato—like the Italian word for smoke, fumo. Experts have long suspected sfumato shadowing has something to do with the glazes that da Vinci used above the paint layer. But proving this has been difficult because snatching a sample of the Mona Lisa’s face for chemical analysis is, unsurprisingly, frowned upon.


Durante três anos (1503-1506) Leonardo esteve ocupado a convidar a mulher do florentino Francesco del Giocondo para o seu atelier para tentar retratar o seu sorriso melencólico e a expressão misteriosa do seu rosto. A estas sessões, Leonardo mandava vir músicos que ainda acentuavam a expressão melancólica do seu rosto. Neste processo, ele conseguiu o sorriso mais famoso da história da pintura. Houve histéricos que diante dele se suicidaram a tiro.
Mas talvez a Gioconda, que se tornou famosa sob o nome de Mona Lisa , também sorrisse ironicamente sobre um segredo do pintor: Leonardo era homosexual e tinha uma tara que interessou muito a Freud: ele era incapaz de acabar uma obra. A Mona Lisa não foi excepção, e assim Leonardo também foi ficando com este quadro a pretexto de ainda não estar acabado. 

(Dietrich Schwanitz)
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Este voyeurisme tecnológico retira magia à obra ou ao objecto escrutinado. Desvenda-se o truqe e o encanto da ilusão é perturbado. Desde o scanning de múmias egípcias até às obras de arte mais admiradas, estes paparazzi não perdem pitada para olhar lá para dentro e esventrar os mistérios que os séculos ou os milénios tinham  recoberto de um certo sfumato de encanto.

E para quê? Alguém aproveitará a técnica de Leonardo para recriar uma outra Gioconda? É óbvio que não.
O génio da originalidade não se recompõe juntando as peças separadas. A vida não é um lego, é uma evolução. E a emoção extrema que Mona Lisa pode provocar não é, seguramente, resultado apenas, ou sequer sobretudo, do sfumato que Leonardo criou.

Idêntica reacção experimenta-na algumas pessoas perante, por exemplo, um quadro de Rothko, sem qualquer identificação com Leonardo, a não ser na sua pretensão de genialidade absoluta.

"Se não é possível atribuir significações precisas aos quadros de Rothko, porque é que eles parecem encerrar todo o sentido do mundo? Diante deles as pessoas rebentam em lágrimas, sem que as lágrimas tenham um significado claro. Rebentam em lágrimas de êxtase:a emoção tornou-se forte demais para um pequeno corpo; a visão demasiado intensa, demasiado vasta, demasiado para além do visível e do visto."
(José Gil - "Sem Título" - Escritos sobre arte artistas)

Rothko - Orange and Yellow

O JOGO DA CABRA CEGA


A Procuradoria Geral da República pediu ao Tribunal de Loures informações sobre o envio da certidão com declarações de um dos arguidos no julgamento de Mário Machado sobre um suposto «desvio de 383 milhões de euros», envolvendo familiares de José Sócrates.

Friday, August 27, 2010

A CONSTRIÇÃO

Debate constitucional beneficia Sócrates, afirma Portas. Porquê? Porque, segundo Portas, Sócrates argumenta que o que está em causa é a vida ou a morte do Estado Social, aquele que nos paga a educação e a saúde, as reformas, os subsídios de desemprego, os subsídios sociais de reinserção, os abonos de família, e mais uma série de subsídios e abonos que, na totalidade, atingem, de um modo ou de outro,  a grande maioria dos portugueses. 

Arvorando a bandeira do Estado Social, Sócrates elimina a hipótese de qualquer debate consequente acerca do texto constitucional. E, no entanto, a Constituição portuguesa, promulgada após um período politicamente revolucionário, é albergue de intenções em preceitos que nunca foram realizados e de um conjunto de prescrições que não deveriam ter dignidade constitucional, tornando o texto da lei fundamental do País um matagal para onde recorrem frequentemente os que dispõem de recursos para iludir a justiça.

É incompreensível, para o cidadão comum que não conta com os jogos da justiça para seu governo, que após 34 anos após a sua aprovação pela Assembleia da República (a 2 de Abril de 1976) a invocação de inconstitucionalidade seja uma quase constante no debate político e na peregrinação dos processos pelos tribunais, se estão em causa os interesses ou os actos de gente bem abonada. E incompreensível porque o texto constitucional deveria ser escorreito, seco, sucinto, claro, sustentáculo do edifício legislativo quanto baste.

Se o Estado Social é o reduto que o Partido Socialista se propõe defender e, através dele, mobilizar os eleitores para condenarem ab initio todas as propostas de aperfeiçoamento do texto constitucional, incluindo aquelas que visam o Estado Social nos moldes em que foram vazadas as ilusões de um passado ainda recente, esse reduto só é irrebatível se for suficientemente sólido ou ainda bastante ilusório.

Se falta solidez às bases do reduto, ainda que a falha não seja por enquanto visivelmente flagrante, o debate só favorecerá Sócrates se houver inabilidade ou incompetência na demonstração da oposição. Para já, essa inabilidade foi notória no lançamento do debate pelo PSD. O que não significa que ele não seja necessário e, além de necessário, oportuno.

Todas as questões fracturantes são fracturantes de votos. Só não se discutem quando a política é guiada pelo populismo porque os políticos não têm estatura suficiente para dizer a verdade amarga ao povo.
Mas a ilusão é sempre transitória.

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A propósito: No Público de hoje, "Um paradoxo do nosso Estado social: mais desigualdade", de José Manuel Fernandes.

Thursday, August 26, 2010

LEGAL, MAS PARALELA


Admite-se que uma parte das empresas formalmente extintas há muito que teriam deixado efectivamente de existir e que a legislação introduzida em 2008 terá facilitado o reconhecimento dessa realidade. Muito elucidativa da realidade micro-empresarial portuguesa é a comparação do número de empresas registadas no fim de 2009 (598 mil) com o número daquelas que prestaram contas (375 mil), das quais 15 mil não tinham capital social.

Percebe-se a intenção de facilitação do Governo da formalização de novos pequenos negócios. Já não se percebe, contudo, é a contemporização com situações que, sendo formalmente enquadradas na economia legal exercem, realmente, as suas actividades em economia paralela.

Porque a economia paralela é, reconhecidamente, um dos principais factores de subsistência do subdesenvolvimento económico.  

Wednesday, August 25, 2010

INEVITÁVEL

Publico e notório: O incumprimento do reembolso da dívida de alguns países é inevitável.
Só resta saber quem, quando, e como, segundo Morgan Stanley.

Um thriller onde serão muitos os atingidos mas onde continuará a não haver culpados.

A VER QUEM MAIS SE AFUNDA

Currencies: Race to the bottom

O QUE É ISTO?

Bode´s Law lives!



HD10180: Richest Yet Planetary System Discovery

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Tuesday, August 24, 2010

O CAÇA FANTASMAS

Já reabriu a época da caça ao voto. Mais precisamente, ela não chegou a ser fechada. Nos tempos que correm a caçada eleitoralista não conhece defeso, e o Orçamento do Estado para o próximo ano o é o espécime à volta do qual mais se disputam as inclinações dos eleitores.

Clama o Governo que não cederá a chantagens e ultimatos e avisa o PM que não trocará o apoio à aprovação do OE pela proposta de revisão constitucional, a mais radical e extremista de sempre, segundo Sócrates, do PSD.

A troca denunciada pelo PM não é pública, espera-se, portanto, que o PSD confirme ou contrarie as afirmações do líder do PS e do Governo. O que sabemos, porque são coincidentes as afirmações vindas a público de ambas as partes, é que o PSD não aceita o estabelecimento de tectos nas deduções às despesas de educação e de saúde em IRS e pretende reduções na despesa pública que garantam uma redução sustentada do défice.

Invocam os advogados das teses dos socialistas (vd, por exemplo, aqui) que o não aumento dos impostos em sede de IRS não é possível a "porque a diminuição dos benefícios fiscais com despesas de educação e de saúde consta do plano de consolidação das contas públicas apresentado em Bruxelas, sendo elemento crucial da redução da "despesa fiscal". Dito de outro modo, aquilo que é um efectivo aumento de impostos torna-se por malabarismo semântico de um professor de direito em despesa fiscal.

Ora, ninguém minimamente iniciado nestas questões, ignora que a Bruxelas não importa que a consolidação das contas públicas se processe através das medidas c) ou d) e não de a) ou b) desde que os objectivos sejam atingidos de igual modo. Mais: Bruxelas valoriza mais uma consolidação via contracção da despesa do que pelo aumento de impostos.

E se, por estas e por outras, o OE para 2011 não é aprovado o que é que acontece? Um terramoto político e um tsunami a afogar as finanças públicas e privadas do País, como alguns alertam? Ou um modo simples de conter a despesa pública em termos nominais quando o Governo se mostra incapaz de o fazer, como alvitram outros?

A não aprovação do OE para o próximo ano não seria um cenário onde pudesse ser representado um drama com um final feliz. Mas pode, recorrentemente, um governo minoritário em situação de crise grave viver da situação de necessidade pública para impor as suas políticas sem negociação nem cedências?

Poder, pode. Mas não leva o País para bom caminho. 

Monday, August 23, 2010

LISBOA ABANDONADA

Público e notório: Por onde anda a memória das casas de Lisboa que contam histórias?

Aliás, por onde andam as câmaras municipais, e nomeadamente a de Lisboa, que não reabilitam o património nem o vendem, eventualmente sujeito a condições de manutenção das caracteristicas arquitectónicas ou outras dos edifícios em ruínas

António Costa tem vindo a confirmar a sua incapacidade para dar a volta que Lisboa precisa há muito. Não tem ousadia, não tem imaginação, não tem garra. Porque não não tem dinheiro?

Não.
Há muita volta a dar a Lisboa que não exigiria recursos financeiros adicionais. Alguns deles poderiam mesmo proporcionar mais recursos ao município. O parqueamento de automóveis é um deles. O trânsito em Lisboa continua caótico como dantes. 

Quanto ao patrimómio imobiliário camarário, o escândalo não tem limites. Ainda há pouco era notícia que a Câmara não sabia o património que detinha.
Por que espera a Câmara para acabar com o abuso do direito de ostentação de ruínas que se observa um pouco por toda a cidade e de que a própria Câmara é um dos mais notórios prevaricadores?

O JOGO DA CABRA CEGA

PGR quer explicação para dificuldades, falhas e morosidade no caso Freeport
Nomeadamente, as dificuldades e a morosidade do PGR em se aperceber de que elas existiram.

Sunday, August 22, 2010

UMA ROSA É UMA ROSA

Five myths about the Iraq troop withdrawal

Early Thursday, less than two weeks before the president's Aug. 31 deadline for ending American combat operations in Iraq, the 4th Stryker Brigade, 2nd Infantry Division crossed the border from Iraq into Kuwait. With the departure of this last combat brigade, the U.S. military presence in Iraq is now down to 50,000 troops, fewer than at any time since the 2003 invasion. The shift offers a useful moment to take stock of both how much has been accomplished and how much is left to be done in what is fast becoming our forgotten war.

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UM EM CADA CINCO

Um em cada cinco norte-americanos acredita que Obama é muçulmano.
E este resultado foi obtido a partir de um inquérito realizado antes de Obama se ter mostrado favorável à construção de uma mesquita nas imediações do Ground Zero, o local onde se encontravam as Twin Towers abatidas pela Al-Qaeda em Setembro de  2001.

Este e outros resultados surpreendentes (ou nem tanto) estão aqui.

Quando li esta  notícia, publicada anteriormente também no Washington Post no dia 18, perguntei-me: E quantos portugueses acreditam que Cavaco Silva é favorável aos casamentos entre homosexuais?

Não sabemos. Mas, provavelmente, o número de pessoas que fazem uma interpretação errada da promulgação pelo actual PR da lei do casamento gay, considerando-o alinhado ao lado dos que a votaram favoravelmente não será percentualmente inferior aos norte-americanos que consideram Obama muçulmano.

Amartya Sen, Prémio Nobel da Economia em 1998, analisa em "Identity and Violence" a natureza dos confrontos sociais determinados por induzidas ou propositadas confusões identitárias, por oposição à inevitabilidade dos choques entre civilizações admitida por, entre outros, Samuel P. Huntington  em The Clash of Civilizations.

Escreve Amartya Sen, a propósito do alcance perverso da atribuição de uma identidade a alguém objecto de perseguição de qualquer natureza:

"The foundations of degradation include not only descriptive misrepresentation, but also the illusion of a singular identity that others must attribute to the person to be demeaned. "There used to be a me," Peter Sellers, the English actor, said in a famous interview, "but I had surgically removed.". That removal is challenging enough, but not less radical is the surgical implantation of a "real me" by others who are determined to make us different from what we think we are. Organized attribution can prepare the ground for persecution and burial"   

O QUE É ISTO?

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Hoag´s Object: A Strange Ring Galaxy

Saturday, August 21, 2010

IMPROVÁVEL

Há dias, considerava aqui como inacreditável (muito improvável) a compra da Europa pela China e pelos príncipes árabes prevista como uma inevitabilidade por Félix Ribeiro na entrevista de Teresa de Sousa para o Público uns dias antes.

A  propósito da acumulação de reservas monetárias na China e Índia e da capacidade que elas permitem para adquirir posições empresariais nos países ocidentais endividados pode ler-se no Financial Times de hoje que indianos e chineses se mostram interessados na aquisição de um grupo canadiano de fertilizantes - Potash -, e um artigo que aborda os limites sociológicos em que as aquisições de empresas do  Ocidente pelas economias emergentes se vão conter:
Resources are easier to buy than people*

Chineses e indianos, entre outros, preferirão posições em commodities e recursos agrícolas em países em vias de desenvolvimento e dificilmente entrarão em sectores dos serviços ou das tecnologias de ponta nos países desenvolvidos. Ainda assim, serão os indianos e não os chineses, pelo menos por enquanto, os melhor preparados para entrarem e gerirem sectores mais sofisticados no Ocidente. Aliás, há já  hoje vários casos de posições de top management, sobretudo nos  EUA, ocupadas por indianos.

Contudo, para comprarem a Europa, e os EUA, porque não?, vai um passo que lhes excede largamente a perna.
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*The summer flurry of mergers and acquisitions now includes a couple of big hostile bids - those by BHP Billiton for PotashCorp of Canada, and by South Korea’s national oil company KNOC for Dana Petroleum of the UK.

Given the patchy record of mergers and acquisitions generally, and the reluctance of many companies to go hostile for fear of upsetting the target company and undermining its value, it raises the question of whether these bids are worthwhile.

Actually, I think they may be, because energy and resource industry bids are significantly different from knowledge industry mergers such as the now-notorious AOL/Time Warner deal in 2000, which led to an factional battle within the merged company.

In these cases, BHP and KNOC are seeking resources rather than companies, and oil fields and fertiliser chemicals do not cause trouble the same way that people often do following mergers.

The cultural dangers in resources deals are smaller than in financial services or technology and media deals. Not all hostile bids upset the target.

Friday, August 20, 2010

ACERCA DA MORTE DAS TARTARUGAS

Ouço na Antena 1 que, apesar boom que a economia brasileira está a observar e que a levou já a ultrapassar a espanhola e a canadiana, ocupando agora o oitava lugar do ranking mundial ainda destacadamente liderado pelos EUA,  a capital brasileira é objectivamente mais perigosa que Kabul, a capital afegã. A criminalidade violenta no Brasil mata mais do que a guerra no Afeganistão. Nos primeiros 6 meses deste ano, já morreram mais de 2 500 pessoas assassinadas na cidade do Rio de Janeiro, mais do dobro das vítimas mortais no Afeganistão.

Não pode, obviamente, deduzir-se desta comparação que a guerra do Afeganistão é,  afinal de contas, uma escaramuça menor. Mas é, inegavelmente, uma medida da brutalidade que pode gerar-se no seio de uma comunidade onde o valor da vida humana está depreciado a um nível abaixo de um confronto civilizacional.

Num mundo onde a ferocidade e a estupidez humana não têm, frequentemente, limites, que esperança há para a sobrevivência dos outros seres vivos? Este ano, porque as águas estão mais quentes e as tartarugas se aproximaram da costa, as redes arrastaram e mataram um número anormal desses bichos que acabaram aparecer apodrecidas nas praias do Algarve. Poderiam ter sido poupadas? Não sei.

Mas sabemos que, para além das redes de pesca, a sobrevivência de muitos animais se encontra cada vez mais ameaçada pelo comportamento humano.

Depois de se eliminarem uns aos outros e destruirem as outras espécies vivas, quem sobreviverá à sanha destruidora dos homens? Os vírus e as bactérias?
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correlacionados: Público: Polícia libertou portugueses refens num hotel do Rio de Janeiro.
Expresso: Superbactéria resistente a quase todos os antibióticos; Bactérias apertam o cerco à ciência. Microorganismos resistem cada vez mais às armas terapêuticas. Já há dúvidas sobre quem vai vencer a guerra

Thursday, August 19, 2010

MINISTRO DO ATAQUE

O ministro da Defesa, em entrevista ao Diário Económico, avisava ontem que "nenhum Governo governa sem Orçamento aprovado", uma afirmação óbvia, e acusava o PSD de "irresponsabilidade política" por não aceitar a redução dos tetos nas deduções fiscais na saúde e na educação" mas que "o Governo não reage a chantagens e ultimatos", uma afirmação recorrente.

Em resposta, o líder parlmentar do PSD atribuiu às palavras do ministro "um comportamento incendiário", uma afirmação estival de bombeiro em férias.

Vieira da Silva, mal destacado para a posição ofensiva do Governo, foi substituido pelo anterior titular, Santos Silva, que  havia fulgurantemente brilhado na execução da estratégia que confia no melhor ataque como a melhor forma de defesa.

Percebe-se que ao retomar uma táctica de confronto quando os interesses do País exigem negociações e transigência, o Governo aposta na  provocação de uma crise política para acusar o PSD pela ignição do rastilho.

Porque se para a estabilidade governativa e o cumprimento dos compromissos assumidos na ordem externa é imprescindível a aprovação do OE, e para essa aprovação o PS tem de contar com a aprovação ou a abstenção do PSD, não pode o PS impor sem transigir, não deve ameaçar mas negociar.

Se o PSD insiste, e bem, na redução da despesa pública, impõem os interesses do País que os dois principais partidos se reunam à volta de uma mesa (para a qual, aliás, devereriam convidar os parceiros políticos e sociais) e concertem uma política possível de redução da despesa pública, um objectivo que o próprio PS, em abstracto, diz perseguir. 

E logo se veria quanto valem os tectos e se valeria a pena mexer nos ditos.

Wednesday, August 18, 2010

A GUERRA DO PETRÓLEO

O tema tem sido dos que mais me têm suscitado apontamentos neste caderno. Mais de uma centena.
Apesar da insistência, as minhas reflexões sobre a incontida dependência mundial do petróleo do Médio Oriente e as guerras que se têm incendiado naquela zona do mundo têm-se fixado na relação perversa entre o maná oferecido pelos deuses aos árabes e as disputas pela sua posse. Enquanto houver petróleo e o petróleo for imprescindível à sobrevivência das sociedades modernas haverá guerra. É essa, e essencialmente essa, a razão da guerra no Iraque, por exemplo.

Foi, portanto, sem surpresa que li o artigo de Michael Mandelbaum, publicado na Time, e que registei aqui 
O artigo, que resume o livro recente de Mandelbaum -The Frugal Superpower: America's Global Leadership in a Cash-Strapped Era - aponta no sentido que várias vezes já aqui referi : As guerras no Médio Oriente só abrandarão quando os EUA (e o mundo em geral) puderem dispensar substancialmente o petróleo armazenado naquela parte do globo aumentando o recurso generalizado a energias alternativas.  

No caso dos EUA, Mandelbaum frisa a política errada de tributação reduzida dos produtos petrolíferos quando comparada com a seguida na Europa e no Japão, por exemplo. Tem sido, e continua a ser, o preço relativamente baixo dos combustíveis nos EUA que têm impedido  o recurso a soluções alternativas e à redução dos enormes consumos das viaturas. 

Obama prometeu, no seu programa de candidatura, libertar os EUA da dependência que os obriga a sustentar guerras que nunca conseguirá ganhar mas que também nunca poderá perder enquanto o petróleo que importa for vital. O mesmo raciocínio, aliás, se aplica a todo o mundo desenvolvido não autosuficiente em energia, com a única diferença de por razões de dimensão das suas necessidades e do seu poder militar, as guerras são fundamentalmente suportadas pelos norte-americanos.

Até o insuspeito, que foi ultraliberal, Alan Greenspan advoga em "The Age of Turbulence" (vd, por exemplo aqui), defende o aumento dos impostos sobre os combustíveis.

Se Obama vai ou não conseguir atingir os objectivos de libertar a América da corrente que a amarra aos senhores do petróleo (no Médio Oriente, na Venezuela, na Rússia) não sabemos. O que sabemos é que, enquanto essa amarra subsistir, a guerra continua, ainda que com algumas alterações nas frentes de batalha.

O QUE É ISTO?

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Crescent Moon and Planets over Portugal

Tuesday, August 17, 2010

O JOGO DAS ESCONDIDAS

Público e notório:

A sustentabilidade da Estradas de Portugal está muito dependente da concretização da introdução de portagens, reconhece o presidente da empresa.

Mas, alguma vez, Almerindo, estiveste convencido que não teria que ser necessariamente assim?
Ou pagamos todos, através do OE, ou pagam os que as utilizam através de portagens. Como o OE está cada vez mais roto, e as receitas não crescem do asfalto, as portagens são incontornáveis.  

Algém, alguma vez, teve dúvidas acerca disto? Não, certamente, o Almerindo.

Monday, August 16, 2010

A GUERRA DO PETRÓLEO

Shrinking the Middle East

American foreign policy this fall will feature the Middle East: we will see a push for direct Israeli-Palestinian negotiations, pressure on Iran to give up its nuclear-weapons program and the hope that Iraq will remain stable as U.S. troops leave. Experience suggests that the chances of success for all three are poor. Over the years, the Middle East has proven inhospitable, if not downright hostile, to American initiatives. Recognizing this, the two previous administrations launched signature programs to transform the region into a friendlier place for American interests. Both failed. The Obama team should try a different approach, one that begins at home.

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SÓ POR MILAGRE

Gerês e Serra da Estrela continuam a arder (Público)

É todos os anos o mesmo. Por esta altura, o Verão oferece às televisões o espectáculo dos incêndios.
Que o povo gosta. Se não gostasse mudaria de canal  ou desligava o televisor e os operadores perdiam audiências e mudavam de tema. Mas as pessoas, em geral, gostam de ver as chamas a devorarem o património alheio. Que, em muitos casos, ninguém sabe de quem é.

E, porque gosta, não se indigna nem se manifesta na Avenida da Liberdade abaixo clamando solução para a calamidade.  

Há cerca de quatro anos apontei aqui que seria milagre a floresta não arder: "uma defesa eficaz da floresta passa, necessariamente, pela alteração profunda da estrutura fundiária actual. E aí é que reside o busílis da questão: tal alteração pressupõe a tomada de medidas que só um acordo de regime poderia suportar. Mas parece que ninguém quer dar um passo nesse sentido.
Guardadas as inevitáveis diferenças, a questão é em tudo idêntica àquela que está subjacente, na maior parte dos casos, à falta de produtividade da nossa agricultura.
Sem que o Mi(ni)stério da Agricultura pareça dar por isso."

Entretanto, o Ministro mudou e a ausência é a mesma.

Os relatos com que os media entretêm as massas falam de "teatro de operações", "meios de combate" "aéreos" e "terrestres", de "estratégia", etc, como se de uma guerra se tratasse.
E é neste equívoco que se sustenta a política de "combate aos incêndios" como se houvesse uma guerra que pudesse ser ganha. Não pode.

E não pode porque, desde que haja acumulação excessiva de biomassa nas matas, mais tarde ou mais cedo essa acumulação será reduzida a cinzas pelos incêndios, criminosos ou não. Dito de outro modo: O que não arde este ano, arderá no próximo ou no seguinte.

A solução passa, naturalmente, por retirar a acumulação de material combustível antes que o fogo o faça.
O que não é fácil. O CDS quer destacar os beneficiários do rendimento social de inserção para o trabalho de limpesa de matas (vd aqui). E por que não?

A proposta mereceu de imediato, por parte de alguns, o qualificativo de "trabalho forçado". Donde, poder concluir-se que, segundo eles, o trabalho de limpeza de matas é indigno de um cidadão. Teremos de contratar robots para esta guerra infamante?

O QUE É ISTO?

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Meteors over Quebec

Sunday, August 15, 2010

METRO POR METRO

Reciprocidade total à prova da intolerância

Imagine-se que um ataque terrorista invocadamente feito em nome do Islão destruía a Baixa de Lisboa junto ao Terreiro do Paço vitimando três centenas de pessoas.

Passados poucos anos, um construtor pretendia erguer um prédio de cinco andares a trezentos metros de distância, no Campo das Cebolas, e nele se instalava um Centro Islâmico incorporando um espaço para orações, uma mesquita. Admitamos que não existiam restrições legais, decorrentes dos regulamentos camarários ou outras. 

Como é que os lisboetas reagiriam? Contra, estou certo disso.

A religião não deveria, em caso algum, ser uma arma de combate. Mas, lamentavelmente, é, frequentemente. 
E também um negócio em muitos casos. 
Qualquer discussão acerca do assunto tem de ponderar-se na dupla perspectiva da guerra e do negócio não restando grande margem para as questões de fé. 
Se Deus é único que discussão, divergência, oposição, pode existir acerca d´Ele para além da disputa  dos interesses materiais que a sua invocação possa garantir?

Em Nova Iorque existe, presentemente, uma discussão inflamada* acerca da permissão ou não para um edifício de 13 andares destinado a um Centro Islâmico e mesquita a curta distância do local onde a Al-Qaeda abateu as Twin Towers e os edifícios adjacentes, matando mais de 3000 pessoas.
E, naturalmente, as opiniões divergem de forma extremada entre tolerantes e intolerantes.
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A forma mais equilibrada que me ocorre seria a permissão de cada metro quadrado em Nova Iorque, ou Lisboa, dedicado ao culto islâmico por igual superfície em Teerão ou Bagdad, por exemplo, dedicado a outros cultos.
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A shrill debate about religious freedom, limits of tolerance and the meaning of 9/11 has been raging for the past two months in the US around the plans of a New York imam, Abdul Faisal Rauf, and a developer, Sharif Gamal, to build a 13-floor Islamic centre with a prayer space, three blocks from Ground Zero. Supporters say the Cordoba House project will be a venue for reconciliation between Islam and the west, delivering a powerful rebuttal to the al-Qaeda terrorists who attacked the trade towers; opponents call it an offence to the memory of those who died in 2001. New York mayor Michael Bloomberg, a group named 9/11 Families for Peaceful Tomorrows, and several interfaith leaders from New York churches and synagogues are among those who want to see the centre built. Lined up against them are the leaders of Tea Party Express, Republicans such as Sarah Palin and Newt Gingrich, rightwing bloggers and some families of 9/11 victims.


Saturday, August 14, 2010

OUTRO CÁGADO*

Tenho apontado dezenas de vezes neste caderno a imperiosa necessidade de ser constituido um governo maioritário, pluripartidário, para que possam ser adoptadas as medidas que possam corrigir a rota errática que Portugal vem seguindo em vários domínios, nomeadamente na Justiça, na Educação, nas Contas Públicas, no redimensionamento do perímetro do Estado, na promoção do mérito, na abolição do clientelismo, na reconfiguração do Estado Social de modo a que possa ser sustentável e não sustente o ócio e o vício.

Também apontei várias vezes, e desde há bastante tempo, que o PR não deveria ter dado posse a um governo minoritário, conhecendo bastante bem as dificuldades em que o País se encontrava e que se multiplicaram com a crise externa.

Diziam-me: Não pode. O PR não tem poderes para impor uma solução que não passe pela nomeação do do líder do partido mais votado, ou quem ele indicar. Pode dissolver a AR, mas não pode fazer mais nada a respeito da constituição de um governo. Nunca me convenci que uma Constituição da República pudesse ser tão absurda que concedesse ao PR apenas  poderes extremos: ou tudo ou nada, ou a "bomba atómica" ou o papel de notário.

Hoje, leio no Expresso que Jorge Miranda, um dos cozinheiros da salada constitucional que nos serviram, que "Cavaco tem uma visão limitada dos seus poderes". O PR devia intervir sobre Justiça e ter forçado uma coligação de Governo.

Abóbora! Professor! Abóbora! para não ser mais rude.
Se assim é, oh Jorge!, porque é que não falaste mais cedo?
Porque é que só agora, quando realmente o PR nada pode fazer, vens cinicamente dizer o que devias ter dito há, pelo menos, dois anos? 
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* Proença de Carvalho, Freitas do Amaral, além de outras sumidades, expressaram-se recentemente  no sentido apontado agora por Jorge Miranda. 

Friday, August 13, 2010

6º FEIRA, 13

Economia da Zona Euro sobe ao ritmo mais rápido desde 2006
Bolsas europeias ao ritmo do crescimento alemão e francês
Wall Street em queda após dados económicos
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Entretanto, a economia grega contraiu-se mais do que o esperado (o que deveria ser considerado normal em consequência do inevitável plano de austeridade) e o euro esteve ontem e hoje a cair na vertical relativamente ao dólar e, muito sintomaticamente, sobretudo relativamente ao franco suíço que vê, deste modo, reforçada a sua imagem de último refúgio monetário.
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Por outro lado, subiu o custo da dívida para Portugal e Irlanda e perfila-se no horizonte nova tormenta para o sistema financeiro global. Ou será tudo isto simplesmente o resultado de mais um jogo especulativo de ocasião em larga escala?
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Segunda-Feira, a resposta virá com o Sol.

Thursday, August 12, 2010

RECAÍDA

Renewd fears hit eurozone economies

Concerns intensified about the health of peripheral eurozone countries on Thursday following weaker than expected growth from Greece and a near-doubling in interest rates paid by Ireland compared with three weeks ago.

German benchmark market interest rates fell to record lows as investors fled to safe haven assets, in a week that has seen the spreads between Bunds and Greek, Portuguese, Irish, Italian and Spanish debt rise sharply.

“It is an interesting little warning sign this week. The problems have not gone away, the cracks have just been papered over,” said Gary Jenkins, head of fixed income at Evolution Securities.

Greece sank deeper into recession in the second quarter, according to provisional data released on Thursday. The Greek statistics service estimated the economy shrank 3.5 per cent in the three months to the end of June compared with the same period last year and 1.5 per cent compared with the first three months of this year.

“The second half of 2010 will be difficult ... There’s been a very steep decline in construction and the fourth quarter won’t be supported by tourism revenues,” said Platon Monokroussos, a senior economist at EFG Eurobank.

Problems in Ireland have also come into focus with fresh concerns about its banking sector and market rumours of the European Central Bank intervening to buy Irish bonds. The ECB declined to comment.

Ireland, which has been held up as a model performer for its deep early budget cuts, on Thursday sold €500m of six-month bills at an average yield of 2.458 per cent, against one of 1.367 per cent on July 22. It also sold €500m of nine-month bills.

The yield on Irish 10-year bonds stabilised but the spread over German Bunds has widened by 51 basis points since Friday and came close to a record high earlier this week.

“Ireland has done almost all it can and it still is vulnerable. It is quite a worrying prospect long term for the peripherals,” said Jim Reid, a bond strategist at Deutsche Bank.

The general move in the market away from riskier assets in the aftermath of weak economic data in the US and China has also hurt peripheral eurozone countries’ bonds and caused the relative optimism that followed the bank stress tests in Europe in July to evaporate.

The so-called Euribor-Eonia spread, a common measure of banking sector risk in Europe, climbed to its highest level since September yesterday while the cost of insuring against default by European banks on their debt also rose. Many investors are bracing themselves for more turmoil in the eurozone in the coming months.

“In the next 18 months we are expecting a further escalation of the crisis because we continue to see record issuance from peripheral countries into a shrunken investor pool. It is unclear whether we are at that point yet,” said Justin Knight, European bond strategist at UBS.

But other analysts argued that the safety net agreed by European leaders earlier this year should mitigate the danger of sudden trouble. “The danger of this turning into an imminent systemic meltdown are not there as we have the backstop stability program. But it is able to cause wobbles and mass volatility,” said Mr Reid.

O JOGO DA CABRA CEGA

Cravinho não poupa Governo nem o PR sobre  a crise no Ministério Público... Também a eurodeputada Ana Gomes está "preocupada com o Estado de Direito" e apelou a uma intervenção de Cavaco Silva e da Assembleia da República...
Sobre a possível demissão do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, Cravinho não quis tecer comentários, pois considera que esse trabalho deve vir do Presidente da República e do Governo, "assumindo as suas responsabilidades numa crise gravíssima da justiça, e fazendo a avaliação das condições em que se encontra o procurador"...
...De igual modo, a eurodeputada Ana Gomes disse ao PÚBLICO que Cavaco Silva e o Parlamento deviam pronunciar-se sobre a crise na justiça. "O problema não é só dos titulares do Ministério Público (MP). Os problemas vêm desde os casos Casa Pia, Portucale e dos submarinos, que demonstram que a justiça é disfuncional", disse.
... a eurodeputada defende que Pinto Monteiro e Cândida Almeida "deviam tomar a iniciativa de se demitir" ou então, "os responsáveis políticos ponderarem qual é a credibilidade deles, sendo que o MP já bateu bem no fundo".( in Público)

O senhor engenheiro Cravinho é engenheiro mas se ler a Constituição concluirá facilmente que, de entre as competências do PR, a alínea m) do artº. 133º. atribui-lhe a nomeação e a exoneração, sob proposta do Governo, do presidente do Tribunal de Contas e do Procurador-Geral da República.

A senhora deputada europeia Ana Gomes, é licenciada em Direito. Não ignora, certamente, o que estabelece a Constituição a respeito da eventual exoneração do PGR.

Por que razão, sendo ambos membros destacados do PS, não fazem o que devem: recordar ao senhor PM aquilo que ele sabe: que o MP já bateu bem no fundo?
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Por que razão entram, também eles, no jogo da cabra-cega?
Para distrairem a assistência.

Porque ambos sabem bastante bem que qualquer mensagem do PR, neste momento, desfavorável ao PGR e à directora do DCIAP seria entendida como uma desconfiança relativamente ao desfecho do processo Freeport que anulou completamente quaisquer dúvidas que pudessem existir quanto ao envolvimento do actual PM no imbróglio.
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correlacionado: Cândidamente

O MUNDO PARA OS NOSSOS NETOS

Programa da National Geographic sobre o aquecimento global. Elucidativo e aterrador. A explicação dos ciclos de aquecimento e arrefecimento da Terra a partir da observação de cilindros de gelo retirados de glaciares com milhões de anos.

A alternância de períodos de aquecimento e degelo com os de glaciação são normais e decorrem da maior ou menor proximidade cíclica da elíptica da Terra à volta do Sol. O que não é normal é o súbito e anormal crescimento do aquecimento que se tem observado recentemente e que é resultado do efeito de estufa criado pela libertação de gases para a atmosfera.

O que não é normal, porque nunca aconteceu nunca na história da Terra, é uma densidade populacional tão elevada, a grande maioria residindo em média a menos de 100 quilómetros das costas oceânicas, confrontada com a subida dos níveis dos mares, a fúria incontrolada e cada vez mais destruidora dos ventos e das ondas. 

O que é que o homem pode fazer para reduzir os efeitos da catástrofe?
Portar-se melhor. Mas não é esperável que mude de atitude enquanto não tiver água pelos gorgomilos.

Wednesday, August 11, 2010

UM FANTASMA CHAMADO DABLIÚ


The US Federal Reserve on Tuesday took a first step toward extending its crisis-era monetary policy regime, as it downgraded its view of the economic outlook amid rising fears of a “double-dip” recession.

Meeting in Washington, Fed monetary policymakers agreed to begin reinvesting more than $150bn (£95bn) in annual proceeds from maturing mortgage-backed and agency securities into Treasury debt, halting plans to allow a natural shrinkage of the $2,300bn balance sheet the US central bank built up during the recession.

The move signals a significant shift in thinking at the Fed, which only a few months ago was tilting towards tightening monetary policy to fend off inflation as the economic recovery gathered strength. Fed officials significantly downgraded their economic outlook, saying the “pace of recovery in output and employment has slowed in recent months” and was likely to be “more modest” than anticipated in the near term.

When the Federal Open Market Committee last met in June, it said the economic recovery was “proceeding” and was likely to advance at a “moderate” pace. The reinvestment of proceeds from the expiring securities does not in itself represent an easing of monetary policy, since it simply allows the size of the Fed’s balance sheet to remain steady.

The decision could be reversed relatively easily by the Fed if the economy improves over the next few months. But it does signal that the bias of monetary policy has decisively shifted away from tightening towards easing – a potential precursor to large-scale asset purchases like those carried out during the financial crisis if conditions deteriorate further.

Indeed, the Fed left room to be more aggressive, saying, as it did in June, it would “continue to monitor the economic outlook and financial developments and will employ its policy tools as necessary to promote economic recovery and price stability”.

Interest rates were kept at their target range of 0-0.25 per cent, and the Fed maintained its pledge to hold them there for an “extended period”.

Stocks pared some of their losses, Treasury yields fell further while the dollar trimmed gains after investors digested the FOMC’s statement.

The S&P 500 was down 0.6 per cent, after falling as much as 1.4 per cent in early trade. Equity markets had closed lower in Asia, Europe and London ahead of the Fed meeting. The yield on 10-year Treasury notes dropped to 2.77 per cent from 2.82 per cent. The dollar index was up 0.3 per cent on a trade weighted basis to its main rivals at the close of New York trading. Earlier on Tuesday, the US Treasury sold $34bn three-year notes at a record low yield of 0.844 per cent amid strong demand.

Tuesday, August 10, 2010

INACREDITÁVEL

Há dias, em entrevista do Público publicada aqui, Félix Ribeiro afirmava aquilo que se ouve a cada passo: A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes. Com biliões de activos financeiros acumulados como resultado de um crescimento económico ímpar e de poupança forçada, a China dispõe de meios para comprar os "leitõezinhos" (a expressão é de Félix) que a Europa engordou e ainda lhe sobrará o suficiente para comprar, não a América, mas parte dela. Félix Ribeiro, no entanto, não prevê ou não se refere à compra da América.
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Estaremos, então, perante uma irreversível derrota do capitalismo liberal infligida pelo capitalismo de estado suportado por uma ditadura ainda denominada comunista? Conseguirão os dirigentes chineses sustentar perduravelmente um sistema de crescimento económico em liberdade condicionada?

A questão é muito pertinente e é objecto de um debate lançado pelo Economist aqui.

Como seria de esperar, as posições extremam-se mas nenhum dos comentadores defende, ainda que  de modo transfigurado, uma transição ocidental do Consenso de Washington, que consagrou o liberalismo prosseguido pelas administrações de Thatcher e Reagan para um Consenso de Pequim, para utilizar a expressão do autor de um dos artigos-mote do debate.

O que não invalida que não só Félix Ribeiro mas também o meu amigo AP, por exemplo, considere inevitável que "os chineses (geralmente esquecem-se os príncipes árabes) um dia destes venham  por aí abaixo e comprem esta marmelada toda".

E fumaremos, então, disciplinadamente a quantidade e a marca indicada para garantir a manutenção de postos de trabalho como exemplarmente é referido aqui.

... the Chinese Communist Party ordered local officials in Hubei province to smoke nearly a quarter of a million packs of Hubei-branded cigarettes in order to boost the local economy and stave off lay-offs. Official cigarette monitors roamed the province making sure that people hit their cigarette targets and fining those who dared to smoke other brands.

Não. Evidentemente, tal não é possível. Inevitavelmente, alguma coisa, terá de entretanto acontecer. 

RELIGIÕES NA EUROPA

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Europe´s irreligious

Monday, August 09, 2010

O JOGO DE ENGANOS

Decididamente, contar não é o nosso forte. Volta e meia dão-nos conta que não se sabe contar em Portugal, passe o trocadilho. Hoje, o Público deu-se conta que ninguém sabe quantas Fundações existem neste País nem o dinheiro que receberam do Estado. Serão assim tantas? São demais, mas não tantas que não estejam ao alcance de poderem ser contadas por um puto de sete anos de idade desde que lhe ponham a lista à frente.

Pelos vistos, o que não existe é a listazinha. Por quê? Mistério.

A pecha portuguesa para as contas é um must, sobretudo, da administração pública aqui dei conta de alguns casos:
- A  população portuguesa é superior aquela que as estatísiticas oficiais declaram,
- Desconhecimento da evolução recente do número de funcionários públicos e dos encargos com os salários que lhes são pagos,
- Entradas pagas em São Carlos:  subiram, para o ex-director, desceram, para a ministra.

A lista destes jogos de enganos, essa sim, é incontável. 

Sunday, August 08, 2010

NO FIO DA NAVALHA

A alavancagem passou a ser a norma e o mérito da gestão. Quanto menos capitais próprios forem envolvidos mais chorudos são os dividendos ... enquanto houver dividendos.

As empresas endividadas, por obra e graça da política de tributação dos resultados, obtêm melhores dividendos  para os accionistas que aquelas que menos recorrem ao crédito e reforçam os capitais próprios.

Nos EUA, este privilégio algo perverso começa a ser denunciado como fonte de ruína global. A acumulação de endividamento, cedo ou tarde, acabará com o desmoronamento de toda a economia.

Cá e lá, a banca, por vocação congénita destinada a governar os capitais alheios, tem sido, por abuso da multiplicação desregulada do crédito, o gerador do desiquilíbrio em que se meteu a economia global, empurrando os credores viciados irremediavelmente para a falência.
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Why firms flirt with default
The U.S. tax code that encourages Macy's and other large corporations to rack up huge debt is unlikely to change anytime soon. »

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Saturday, August 07, 2010

O JOGO DAS ESCONDIDAS

Há dias era o presidente da Carris a reclamar publicamente a situação do passivo galopante da empresa, mais de 900 milhões de euros, quase qualquer coisa como  o preço dos dois submarinos, segundo as contas do jornalista feitas aqui.
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A unidade de medida geralmente utilizada nestes casos é aquela que está mais à mão: neste caso,  o primeiro dos dois submarinos que assegurarão a nossa soberania nos mares apresentou-se timidamente esta semana no Cais das Colunas.

Hoje, em entrevista concedida ao Expresso, o presidente das Estradas de Portugal, uma empresa que tem uma única receita relevante - uma parte do imposto sobre produtos petrolíferos - que é insuficiente para cobrir os custos, afirma Almerindo Marques, recebeu 600 milhões de euros mas o investimento anual é de 1000 milhões. Como as portagens ainda não foram introduzidas, o que permiria reduzir o défice, no fim do ano, se nada for feito, a dívida atingirá os dois mil milhões de euros. 

Ou seja, aplicando a mesma unidade de medida, quatro submarinos.

Dois e quatro, e mais dois, oito submarinos, não contando com vários outros imersos mas de periscópio visível à vista desarmada.

E ainda há quem diga que temos mais almirantes que vasos de guerra.
Não sabem contar.

BRINCANDO COM O FOGO

Mais de 2000 incêndios nos últimos seis dias em Portugal Continental
Iceberg gigante separou-se de glaciar da Gronelândia
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O JOGO DA CABRA CEGA

No século XVII
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"... after he (Francis Bacon - 1561-1626) had held this great position for only two years, he was prosecuted for accepting bribes from litigants. He admitted the truth of accusation, pleading only that presents never influenced his decision. As to that, any one may form his own opinion, since there can be no evidence as to the decisions that Bacon would have come to in other circumstances... 

The ethics of legal profession, in those days, were somewhat lax. Almost every judge accepted presents, usually from both sides.
Nowadays we think it atrocious for a judge to take bribes, but even more atrocious, after taking them, to decide against the givers of them. In those days, presents were a matter of course, and a judge showed his "virtue" by not being influenced by them." 

A History of Western Philosophy - Bertrand Russell

    

O JOGO DA CABRA CEGA


Cândida Almeida negociou a inclusão das 27 questões no despacho final como contrapartida pela não inquirição do primeiro ministro e ministro da presidência. (Veja vídeo SIC no fim do texto) Clique para visitar o dossiê Caso Freeport.

O Expresso adianta hoje, na edição impressa, que Cândida Almeida sabia desde maio, que os magistrados não abdicavam dos depoimentos.

Até então, os procuradores não os tinham pedido porque aguardavam o relatório final da polícia judiciária, que ficou finalizado a 21 de junho. Três semanas depois, enviaram as perguntas à diretora do DCIAP. Nessa altura, Cândida Almeida negociou a inclusão das questões no despacho final como contrapartida pela não inquirição do primeiro ministro e ministro da presidência.

O JOGO DA CABRA CEGA


"Não há rapazes maus" (Padre Américo)
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"Portugal é o único país da Europa onde há avaliação de juízes, além da avaliação a tribunais" diz um vogal do SCM, que acrescenta: "A nota que o Estatuto dos Magistrados Judiciais prevê como nota-padrão é o "Bom", a qual, porém, não permite que o juiz seja promovido aos Tribunais Superiores, nem a sua colocação, como efectivo, em Tribunais de Círculo ou equiparados na primeira instância" (Expresso)  
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Bons para assar.   

Friday, August 06, 2010

EURO = 1,330 DÓLARES

O euro continua a subir relativamente ao dólar.
O franco suíço, a manter-se a actual tendência, pode atingir dentro de pouco tempo a paridade com a moeda norte-americana: Encontram-se agora separados por menos de quatro por cento.  
Parece poder concluir-se que, se há neste momento, uma moeda sob suspeita de mau comportamento, essa moeda é o dólar e não o euro.  
Quem tal diria ainda há dias?
Dentro de pouco tempo, tocarão os alarmes de perda de competitividade por sobreavaliação da moeda europeia.

AFIRMA FÉLIX

A Alemanha quer o euro porque quer redesenhar o mapa monetário mundial. A China quer o euro porque não quer ficar sozinha com os EUA. Portugal, para sobreviver, vai ter de tirar partido da globalização. No cenário, optimista, de a globalização sobreviver à crise.

Outras previsões aqui

O JOGO DA CABRA CEGA

Afinal os procuradores pediram para ouvir Sócrates mas a autorização não chegou.

Alberto Martins: A Justiça precisa de serenidade

A Justiça precisa de justiça, senhor Ministro.
Sem justiça não há serenidade.