Há dias, em entrevista do Público publicada aqui, Félix Ribeiro afirmava aquilo que se ouve a cada passo: A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes. Com biliões de activos financeiros acumulados como resultado de um crescimento económico ímpar e de poupança forçada, a China dispõe de meios para comprar os "leitõezinhos" (a expressão é de Félix) que a Europa engordou e ainda lhe sobrará o suficiente para comprar, não a América, mas parte dela. Félix Ribeiro, no entanto, não prevê ou não se refere à compra da América.
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Estaremos, então, perante uma irreversível derrota do capitalismo liberal infligida pelo capitalismo de estado suportado por uma ditadura ainda denominada comunista? Conseguirão os dirigentes chineses sustentar perduravelmente um sistema de crescimento económico em liberdade condicionada?
A questão é muito pertinente e é objecto de um debate lançado pelo Economist aqui.
Como seria de esperar, as posições extremam-se mas nenhum dos comentadores defende, ainda que de modo transfigurado, uma transição ocidental do Consenso de Washington, que consagrou o liberalismo prosseguido pelas administrações de Thatcher e Reagan para um Consenso de Pequim, para utilizar a expressão do autor de um dos artigos-mote do debate.
O que não invalida que não só Félix Ribeiro mas também o meu amigo AP, por exemplo, considere inevitável que "os chineses (geralmente esquecem-se os príncipes árabes) um dia destes venham por aí abaixo e comprem esta marmelada toda".
E fumaremos, então, disciplinadamente a quantidade e a marca indicada para garantir a manutenção de postos de trabalho como exemplarmente é referido aqui.
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Estaremos, então, perante uma irreversível derrota do capitalismo liberal infligida pelo capitalismo de estado suportado por uma ditadura ainda denominada comunista? Conseguirão os dirigentes chineses sustentar perduravelmente um sistema de crescimento económico em liberdade condicionada?
A questão é muito pertinente e é objecto de um debate lançado pelo Economist aqui.
Como seria de esperar, as posições extremam-se mas nenhum dos comentadores defende, ainda que de modo transfigurado, uma transição ocidental do Consenso de Washington, que consagrou o liberalismo prosseguido pelas administrações de Thatcher e Reagan para um Consenso de Pequim, para utilizar a expressão do autor de um dos artigos-mote do debate.
O que não invalida que não só Félix Ribeiro mas também o meu amigo AP, por exemplo, considere inevitável que "os chineses (geralmente esquecem-se os príncipes árabes) um dia destes venham por aí abaixo e comprem esta marmelada toda".
E fumaremos, então, disciplinadamente a quantidade e a marca indicada para garantir a manutenção de postos de trabalho como exemplarmente é referido aqui.
... the Chinese Communist Party ordered local officials in Hubei province to smoke nearly a quarter of a million packs of Hubei-branded cigarettes in order to boost the local economy and stave off lay-offs. Official cigarette monitors roamed the province making sure that people hit their cigarette targets and fining those who dared to smoke other brands.
Não. Evidentemente, tal não é possível. Inevitavelmente, alguma coisa, terá de entretanto acontecer.
Não. Evidentemente, tal não é possível. Inevitavelmente, alguma coisa, terá de entretanto acontecer.
3 comments:
Se tivessem lido os discursos de Deng Xiao Ping (sobretudo o do 20º Congresso do partido Comunista da China e os discurso que se seguiram) com atenção e sem arrogância teriam percebido mais cedo.
O 20º Congresso foi em 1 de Setembro de 1982.
Alguém, ignorante como eu, já tinha percebido há muito tempo, que isto não ia acabar bem. Talvez porque vivo no 'mundo real' e não num 'mundo tribal' em que se partilham teorias e certezas comuns aos membros da tribo.
A deslocação de postos de trabalho, o famoso 'outsourcing', o endividamento crescente das populações e crescimento do crédito mal-parado, o fecho de empresas, a proliferação de etiquetas Made in China, Made in India, Made in Bangdladesh não são de hoje nem de ontem.
Bastava estar um nadinha atento aos noticiários.
O excesso de população, a concentração nos centros urbanos, as migrações em direcção aos supostos 'paraísos' Europa e USA, há quantos anos começou?
As alterações climáticas, o degelo do Artico, a poluição, o lixo, o CO2, há quanto tempo ouvimos falar disso?
Estávamos tão ocupados a produzir por uma tigela de arroz e vender por 300$ aos, cada vez mais endividados, desempregados (ou em via de o serem).
E estávamos tão contentes, as populações tinham agora acesso a todo o tipo de electrodomésticos, viagens, carros, LCDs, 'you name it'. Era o progresso.
Não reparámos que já não 'fazíamos' nada. A maior parte dos empregos que restaram eram do tipo 'Operador de Call Center' com uma média de ordenados de 500 Euros.
Não é inacreditável.
Era perfeitamente previsível e tem vindo a sê-lo há 30 ou mais anos...
"Não é inacreditável"
O que eu penso que é inacreditável é que os chineses alguma vez comprem a Europa, no sentido de comprarem as grandes empresas europeias.
E não compram porque não saberiam geri-las.
O sucesso dos chineses decorre, além do mais, da gestão ainda estar a ser guardada por uma ditadura.
Mas já foi mais.
E não há mal que não acabe nem bem que sempre perdure.
Não precisam de comprar.
As grandes empresas já se deslocaram para a China e estão, cada vez mais, a voltar-se para o mercado interno chinês.
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