O tema tem sido dos que mais me têm suscitado apontamentos neste caderno. Mais de uma centena.
Apesar da insistência, as minhas reflexões sobre a incontida dependência mundial do petróleo do Médio Oriente e as guerras que se têm incendiado naquela zona do mundo têm-se fixado na relação perversa entre o maná oferecido pelos deuses aos árabes e as disputas pela sua posse. Enquanto houver petróleo e o petróleo for imprescindível à sobrevivência das sociedades modernas haverá guerra. É essa, e essencialmente essa, a razão da guerra no Iraque, por exemplo.
Foi, portanto, sem surpresa que li o artigo de Michael Mandelbaum, publicado na Time, e que registei aqui
O artigo, que resume o livro recente de Mandelbaum -The Frugal Superpower: America's Global Leadership in a Cash-Strapped Era - aponta no sentido que várias vezes já aqui referi : As guerras no Médio Oriente só abrandarão quando os EUA (e o mundo em geral) puderem dispensar substancialmente o petróleo armazenado naquela parte do globo aumentando o recurso generalizado a energias alternativas.
No caso dos EUA, Mandelbaum frisa a política errada de tributação reduzida dos produtos petrolíferos quando comparada com a seguida na Europa e no Japão, por exemplo. Tem sido, e continua a ser, o preço relativamente baixo dos combustíveis nos EUA que têm impedido o recurso a soluções alternativas e à redução dos enormes consumos das viaturas.
Obama prometeu, no seu programa de candidatura, libertar os EUA da dependência que os obriga a sustentar guerras que nunca conseguirá ganhar mas que também nunca poderá perder enquanto o petróleo que importa for vital. O mesmo raciocínio, aliás, se aplica a todo o mundo desenvolvido não autosuficiente em energia, com a única diferença de por razões de dimensão das suas necessidades e do seu poder militar, as guerras são fundamentalmente suportadas pelos norte-americanos.
Até o insuspeito, que foi ultraliberal, Alan Greenspan advoga em "The Age of Turbulence" (vd, por exemplo aqui), defende o aumento dos impostos sobre os combustíveis.
Se Obama vai ou não conseguir atingir os objectivos de libertar a América da corrente que a amarra aos senhores do petróleo (no Médio Oriente, na Venezuela, na Rússia) não sabemos. O que sabemos é que, enquanto essa amarra subsistir, a guerra continua, ainda que com algumas alterações nas frentes de batalha.
Se Obama vai ou não conseguir atingir os objectivos de libertar a América da corrente que a amarra aos senhores do petróleo (no Médio Oriente, na Venezuela, na Rússia) não sabemos. O que sabemos é que, enquanto essa amarra subsistir, a guerra continua, ainda que com algumas alterações nas frentes de batalha.
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