O ministro da Defesa, em entrevista ao Diário Económico, avisava ontem que "nenhum Governo governa sem Orçamento aprovado", uma afirmação óbvia, e acusava o PSD de "irresponsabilidade política" por não aceitar a redução dos tetos nas deduções fiscais na saúde e na educação" mas que "o Governo não reage a chantagens e ultimatos", uma afirmação recorrente.
Vieira da Silva, mal destacado para a posição ofensiva do Governo, foi substituido pelo anterior titular, Santos Silva, que havia fulgurantemente brilhado na execução da estratégia que confia no melhor ataque como a melhor forma de defesa.
Percebe-se que ao retomar uma táctica de confronto quando os interesses do País exigem negociações e transigência, o Governo aposta na provocação de uma crise política para acusar o PSD pela ignição do rastilho.
Porque se para a estabilidade governativa e o cumprimento dos compromissos assumidos na ordem externa é imprescindível a aprovação do OE, e para essa aprovação o PS tem de contar com a aprovação ou a abstenção do PSD, não pode o PS impor sem transigir, não deve ameaçar mas negociar.
Se o PSD insiste, e bem, na redução da despesa pública, impõem os interesses do País que os dois principais partidos se reunam à volta de uma mesa (para a qual, aliás, devereriam convidar os parceiros políticos e sociais) e concertem uma política possível de redução da despesa pública, um objectivo que o próprio PS, em abstracto, diz perseguir.
E logo se veria quanto valem os tectos e se valeria a pena mexer nos ditos.
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