Thursday, August 19, 2010

MINISTRO DO ATAQUE

O ministro da Defesa, em entrevista ao Diário Económico, avisava ontem que "nenhum Governo governa sem Orçamento aprovado", uma afirmação óbvia, e acusava o PSD de "irresponsabilidade política" por não aceitar a redução dos tetos nas deduções fiscais na saúde e na educação" mas que "o Governo não reage a chantagens e ultimatos", uma afirmação recorrente.

Em resposta, o líder parlmentar do PSD atribuiu às palavras do ministro "um comportamento incendiário", uma afirmação estival de bombeiro em férias.

Vieira da Silva, mal destacado para a posição ofensiva do Governo, foi substituido pelo anterior titular, Santos Silva, que  havia fulgurantemente brilhado na execução da estratégia que confia no melhor ataque como a melhor forma de defesa.

Percebe-se que ao retomar uma táctica de confronto quando os interesses do País exigem negociações e transigência, o Governo aposta na  provocação de uma crise política para acusar o PSD pela ignição do rastilho.

Porque se para a estabilidade governativa e o cumprimento dos compromissos assumidos na ordem externa é imprescindível a aprovação do OE, e para essa aprovação o PS tem de contar com a aprovação ou a abstenção do PSD, não pode o PS impor sem transigir, não deve ameaçar mas negociar.

Se o PSD insiste, e bem, na redução da despesa pública, impõem os interesses do País que os dois principais partidos se reunam à volta de uma mesa (para a qual, aliás, devereriam convidar os parceiros políticos e sociais) e concertem uma política possível de redução da despesa pública, um objectivo que o próprio PS, em abstracto, diz perseguir. 

E logo se veria quanto valem os tectos e se valeria a pena mexer nos ditos.

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