Wednesday, August 07, 2013

NÃO ATIREM SOBRE O MENSAGEIRO

 
Como a PGR vai investigar se houve manipulação dos documentos, e não será difícil chegar a uma conclusão indiscutível a respeito disso, basta comparar aqueles que a Visão terá em seu poder com os originais, espera-se que seja breve e que, confirmando-se o crime, os seus autores sejam punidos com a máxima severidade prevista na lei. Será a melhor medida preventiva contra tentativas de abusos semelhantes no futuro.
 
Nada disto, contudo, é atenuante para a evidenciada pusilanimidade do Secretário de Estado. As suas declarações públicas mostraram uma personalidade pouco firme, receosa de assumir o que fez no passado, sem que nenhuma razão, aparentemente, o induzisse a remeter-se a uma defesa titubeante e até contraditória. Teve medo da verdade, porquê?
 
Não é credível, por maior que seja a nossa benevolência na apreciação da sua conduta nas declarações que fez, que uma pessoa com a experiência e as funções que desempenhava no Citi em Portugal desconhecesse a configuração das propostas que ia apresentar ao governo português da altura.
 
Por outro lado, não sendo de modo algum reprováveis essas propostas do ponto de vista da ética dos negócios, porque ao governo português caberia sempre a decisão de as aceitar ou rejeitar, é também indiciador de uma personalidade frouxa o facto de ter declarado publicamente não se recordar de ter ou não ter participado em reuniões com assessores económicos do primeiro-ministro para mais tarde admitir o contrário. Pais Jorge poderá ser um homem honesto, íntegro, e tecnicamente muito competente. Mas demonstrou que não tem fibra para o lugar para que foi nomeado.
 
Indignas-te com alguma frequência com o abuso de poder dos media. A mim indigna-me mais ainda a cobardia dos políticos perante aqueles abusos de poder, porque são eles os autores das leis que os consentem, e a sufocante morosidade da justiça na averiguação da verdade e na punição dos prevaricadores.
 
Uma dúvida me sobra disto tudo: Se os documentos foram manipulados, alguém estará por detrás a manipular o Quarto Poder. Dito de outro modo: Onde está o poder que manipulou o Quarto? Não parece que a PGR, se quiser, tenha dificuldade em identificar o gato escondido pelo rabo que deixou fora.

2 comments:

Anonymous said...

Caro Rui
Sobre manipulação de documentos e neste caso não se consegue vislumbrar o porque ou com que intuito visto o que os documentos procuravam era dar consistência a uma evidência. Aquele Senhor desempenhou aqueles cargos e o Governo foi agraciado com a visita daquele Banco para vender aqueles produtos. Enquanto documentos o que me ficou na retina foi o artigo do Publico do passado Sábado sobre um investigador português no UK que trabalha sobre plagios e que chegou á conclusão que os memorandos de intendimento da troika em Portugal, Grécia e Irlanda continham a módica quantia de 85% de informação plagiada dando uma consistência cientifica a tais documentos, bem como uma credibilidade a toda a prova que só não dá para rir porque é este dito documento que tem regido a vida deste pais nos ultimos tempos. Não vi os media preocuparem-se com este assunto bem como os politicos da praça e respectivos comentaristas. A ser assim o que é que andamos aqui a fazer? Aplicar medidas avulsas,com uma cartilha desprovida de rigor cientifico e de bases sólidas através de um estudo detalhado da nossa economia que tem condicionadoa vida das pessoas e que tem levado a resultados catastróficos. De que mais estão á espera?

Bartolomeu said...

É claro que o ENORME problema se centra no facto de o documento, que segundo dizem, procede do gabinete do PM, poder ter sido manipulado, acrescentando-lhe nada, porque o que foi acrescentado, sendo-o, já o era antes de o ser.
O facto de "aquele Senhor" ter "agraciado" juntamente com o seu banco estrangeiro, o governo, pretendendo vender-lhe o cavalo de saltos, com características genéticas manipuladas... Isso não conta para nada. Afinal... tudo se cinge à lei da procura e da oferta. Quem tem para vender, tenta fazê-lo a quem deseja comprar. Sobretudo se quem compra, possa pagar com dinheiro que depois retira às pensões daqueles que trabalharam e pagarm impostos a vida toda, com a promessa garantida de um dia, quando velhos, terem alimentação, assistência e medicamentos.
A sentença "d'aquele senhor" não podia ser mais acertada «a isto é que se chama a baixa política».