Monday, August 12, 2013

ENTROPIA

António Correia de Campos escreve hoje no Público um artigo de opinião - Miopia - em defesa de Rui Machete, de quem se diz amigo há trinta anos, das acusações que lhe terão sido feitas em tempos idos pelo embaixador dos EUA em Lisboa, relativamente à sua gestão enquanto presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), e daqueles, entre os quais me conto, que de uma forma ou de outra criticam as operações privilegiadas de compra e venda de acções da SLN, a maior accionista do BPN, que lhe renderam benefícios antecipadamente garantidamente elevados.
 
Não são relevantes para os interesses dos portugueses em geral as críticas da diplomacia norte-americana, e aceita-se sem reservas a defesa que Correia de Campos, neste caso, faz da excelência da gestão de Machete à frente da FLAD. O busílis não está na FLAD, está no BPN. E, quanto a este escândalo, o melhor argumento que Correia de Campos consegue carrear para a defesa do amigo de velha data é, escusadamente, lembrar-nos "que elegemos quem fez o mesmo", isto  é, (admira que Correia de Campos se fique pela sugestão) o actual Presidente da República e que "quem entender que Machete está inabilitado para ministro dos Estrangeiros deve também proclamar uma inabilitação superior". Por outras palavras, Correia de Campos, não defende o amigo, acusa os outros que fizeram o mesmo.

Regista Correia de Campos que  "Machete comprou títulos daquele grupo e revendeu-os com grande lucro. Declarou-o sem rebuço. Muitos de nós não o faríamos, uns por escrúpulo, outros, a grande maioria, por falta de oportunidade. Vários outros, amigos e conhecidos do dono da casa usufruíram de benefícios, uns idênticos outros muito superiores, que rebentaram o banco, e que obrigam os contribuintes portugueses a pagar com língua de palmo. Contestar o exercício de cargos políticos por quem deveria ter tido escrúpulos (reconhece Correia de Campos) para embarcar num negócio claramente pouco sério é pertinente mas não é tudo. O que é (deveria ser) reclamação generalizada dos portugueses seria a reposição dos grandes lucros por todos aqueles que beneficiaram deles.

Talvez propositadamente, as manobras de podridão dos hábitos políticos (palavras de Machete) continuam a distrair e a baralhar os portugueses.  

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