Friday, January 13, 2012

UM TABU INTOLERÁVEL

"Ou Lisboa toma juízo ou temos de ir para a independência".

Se perguntassem aos portugueses se, ouvidos em referendo, votariam favoravelmente pela independência da Madeira, seguramente que a grande maioria responderia que sim. Se houvesse referendo com o mesmo propósito, provavelmente, a maioria responderia que não. A diferença entre a intenção e o voto avaliaria o grau de repúdio dos portugueses da insolência  de Alberto João e da sua clique. Para os portugueses a Madeira é indiscutivelmente parte de Portugal, Alberto João é um figurão que usa e abusa da chantagem sacando da cartola o espantalho da independência.

Dito isto, não se ignora a popularidade comprada durante mais de três décadas com a benevolência pusilânime dos governos centrais traduzida em reeleições sucessivas, como é praxe em territórios onde por ínvios caminhos se presta culto a um "querido líder". Não me admiraria, portanto, que, envolto há tantos anos na veneração ao "querido líder", os madeirenses aclamassem a independência se ela fosse proclamada uma manhã destas na Assembleia Legislativa da Região Autónoma.

Mas também não pode ignorar-se que a imposição de condições inexequíveis, se o argumento tiver fundamento, a assinatura de um acordo não torna exequível o que, à partida, não é. O governo da República assinou com a troica  um memorando que, na parte financeira, é incumprível e terá de ser, mais tarde ou mais cedo, renegociado.

Que Alberto João Jardim se recuse a assinar um acordo inviável, não me repugna.
Repugnante é a chantagem subjacente a essa recusa e o tabu com que, a respeito dela, o governo da República se continua a embrulhar.

Insisto nisto, que anotei há mais de três meses, aqui:

E agora, Pedro Passos Coelho?

Agora, que a insolência do AJ recrudesce mas não há dinheiro para mais demagogia (nem na Madeira nem no Continente) o que farás se o dono da Ilha se recusar a acatar as determinações do Governo da República e a berrar contra o neocolonialismo? Cortas-lhe a mesada ou recuas como todos recuaram até hoje? Esperamos que lhe cortes o gás e o deixes espernear. Se ele convocar a revolta, manda restabelecer a ordem com os meios necessários. Há momentos na História em que o precipício fica na retaguarda.

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