Thursday, January 19, 2012

A CAMINHO DA DITADURA GLOBAL?

Os resultados de um inquérito realizado pelo Instituto Superior de Ciência Sociais que hoje vai ser apresentado em Lisboa concluem que a satifação com a democracia atingiu o mínimo histórico de sempre. Ainda segundo este "Barómetro da Qualidade da Democracia" assiste-se uma "consolidação de um sentimento antipartidário" e a associação da austeridade a exigências internacionais.

O estudo revela que 64,6% dos inquiridos estão insatisfeitos com a maneira como funciona a democracia em Portugal, quando em 2009, e segundo um estudo da SEDES, eram 51%. Por outro lado, em 1999, dados do World Values Survey mostravam que 81% dos portugueses consideravam a democracia um sistema muito bom ou bom, enquanto que segundo este barómetro do ICS, "apenas 55,5% consideram que a democracia é preferível a qualquer outra forma de Governo", um "mínimo histórico de sempre". ... " este "declínio sustentado no apoio à democracia" é "mais importante" do que a existência de 15% de inquiridos "susceptíveis de apoiarem, em certas circunstâncias, um regime autoritário".

Tanto quanto me é dado concluir pelos resultados e conclusões divulgados aqui não há neste estudo qualquer avaliação do impacto da globalização sobre a percepção que as pessoas fazem da democracia que temos. A austeridade é no entanto referida como tendo um significativo impacto sobre a quebra da confiança nos valores democráticos. Mas essa convicção, do meu ponto de vista, não alcança a ameaça que a globalização representa para as democracias nos paises mais fragilizados no contexto da competição global.

O crescimento da China, em grande medida resultado da sua entrada no WTO, a organização para o comércio mundial, não pode senão causar um impacto de admiração, em muitos desprevenidos, por um regime absoluto que sustenta um capitalismo selvagem sob a capa de uma sociedade socialista.

Se não houver alterações às regras da WTO iremos assistir à progressiva nacionalização chinesa dos activos, mesmo os mais estratégicos, que os países endividados são obrigados a vender para pagar as suas dívidas.

Aliás, não só a China mas também, por exemplo, a pseudo democracia de Putin alicia o governo de direita na Hungria. A Grécia pode ser o senhor que segue se a UE e os EUA desvalorizarem a sua importância geopolítica.

A desilusão com a democracia que se apodera dos portugueses é em grande parte decorrente de uma tendência que tende a alinhar por baixo os valores democráticos até à sua eliminação completa.

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