Leio-o e, inevitavelmente, recordo-me daquela ida com mais seis compinchas, no pino do Verão, acampar na Praia de Dona Ana.
Era a primeira vez que estava no Algarve e, acampados na praia, a mim, que nasci junto a um mar mais bravo, pareceu-me ter entrado no Jardim das Delícias.
Voltei lá muito mais tarde e apeteceu-me chorar ao ver a Dona Ana tão mal tratada pela ganância da especulação e a estupidez de um povo que, frequentemente, não sabe preservar as riquezas naturais que lhe calharam em sorte.
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Chegámos ao cair da tarde e fomos ao mercado comprar peixe para grelhar. Comprámos seis fabulosos linguados, arroz, sal, manteiga, uma panela, meia dúzia de pratos, meia dúzia de garfos, meia dúzia de colheres, o jantar seria um regalo de linguados na grelha com arroz de manteiga.
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Fui destacado para fazer a fogueira. Com gravetos apanhados na falésia, aquilo prometia mas o vento que às tantas se levantou não me deixou brilhar como cozinheiro. Resultado: O arroz de manteiga virou canja sem frango, os linguados sushi aquecido.
Enfiaram-se os outros na tenda por não apreciarem peixe quase cru, fiquei eu até tarde a fazer as honras ao pescado e matar a larica que era muita. Comi os seis linguados.
Ainda hoje nem eu quero crer que não minto.
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4 comments:
Bons tempos, caro Rui Fonseca, em que era possível acampar em praias, em montanhas... em comunhão com a natureza, sem incomodar nem se ser incomodado.
E esses assados... hmmmm... que gostosas recordações.
;)
Meu caro Rui...e agora impõe-te não passar por lá, porque ao choro acrescentarias um palavrão que, por respeito ao teu blog e seus leitores,me abstenho de escrever. Mas,'mutatis mutandis'a Meia-Praia ainda se suporta.Quando quiseres passar lá uns dias (dispensa-me o Agosto)tens uma casa à tua disposição onde podes grelhar sem ventos incomodativos.Bom ano. Abç
Bartolomeu,
Assado não chegou a ser.
Mas dormi toda a noite. Quem se deita sem ceia toda a noite rabeia. De manhã, com o Sol a levantar-se devagarinho do mar, fui dar um mergulho inesquecível.
É por isso que fico revoltado quando me recordo do que fizeram à Dona Ana.
Caro Francisco,
Muito obrigado.
Com um grande abraço desejo-te a ti e aos teus um óptimo 2012.
Até breve.
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