Wednesday, November 30, 2011

O PREÇO DA DESCONFIANÇA

Ouço esta manhã na rádio um fiscalista, ultimamente muito solicitado pela rádio e televisão, afirmar que o aumento da taxa de juro sobre os rendimentos de capitais (para 25%) é uma medida que irá reduzir ainda mais o nível de poupança, muito baixo, dos portugueses. 

Não é verdade.

E não é verdade porque o que determina neste momento o nível de poupança dos portugueses não é o rendimento líquido das poupanças mas a confiança dos aforradores no sistema. As taxas de juro líquidas de impostos oferecidas pelos bancos portugueses mantêm-se destacadamente concorrenciais mesmo após a subida do imposto de capitais aprovada ontem para 2012. Aliás, a prova que, mais do que a taxa de juro líquida, é o nível de confiança que determina as opções da maior parte dos aforradores, está no facto de alguns bancos portugueses, supostamente com a solvabilidade mais ameaçada, publicitarem taxas de juro mais elevadas que os outros.

Informações do Banco de Portugal divulgadas ontem davam conta que o nível de depósitos em bancos portugueses tem aumentado de forma significativa. Se assim for, não há outra razão senão a emergência de uma atitude generalizada de precaução perante as ameças prometidas para 2012. 

Se há fugas de capitais, essas fugas não são resultado de mais ou menos uns poucos pontos percentuais no imposto de capitais. Há outras razões de razoabilidade mais duvidosa. 

Toda a gente sabe que é assim, salvo, aparentemente, o tal fiscalista.  

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