Para quem acreditar no que se afirma aqui, a eventual participação do Estado na recapitalização dos bancos não poderá exceder 5 anos.
Mas para acreditar é preciso ter muita fé no futuro da economia europeia, em geral, e, sobretudo numa recuperação surpreendente da economia portuguesa quando, o próprio governo avisa, a recessão não acabará antes de 2013 e o crescimento, se acontecer, a partir daí será lento durante alguns anos. Como concretizar, então, aquele objectivo em condições tão adversas? Não sei.
O que sei é que o único accionista da Caixa Geral de Depósitos é o Estado. Ao fim de 5 anos, o Estado reduz a sua participação no capital da Caixa? Não reduz. Pode privatizar a Caixa, no todo ou em parte, mas não é crível que lhe reduza os capitais próprios.
Quanto ao BCP, a maior interrogação que se coloca, e presumo que a resolução do Conselho de Ministros não responde, porque a operação tem de ser objecto de negociação com os actuais accionistas, é qual o valor unitário das acções emitidas (se houver aumento de capital) ou transaccionadadas (se forem transaccionadas acções próprias); no primeiro caso, o actual valor de mercado, não será seguramente aceite pelos actuais accionistas porque isso implicaria uma tomada pelo Estado da maioria do capital do banco. Mas se não for o valor de mercado, que outro poderá ser sem que os interesses do Estado sejam, logo à partida, irremediavelmente comprometidos?
Mas se a operação envolver, em parte ou na totalidade, a transacção de acções próprias, pode o governo adquiri-las em nome do Estado à cotação média de aquisição que, inevitavelmente, estará muito acima das cotações actuais que atingiram hoje os valores mínimos de sempre?
Não, não acredito que o Estado possa recapitalizar a banca e retirar-se ao fim de 5 anos. Talvez isso possa acontecer no BPI, se lá entrar, ou no BES, que parece que não quer que entre, mas no BCP tudo me leva a crer que estaremos em vésperas de abertura de um buracão sem prazo para a cobertura.
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