Merkel e Sarkozy convidaram Monti para avançarem com a proposta a apresentar na reunião de Bruxelas no próximo dia 9 de Dezembro de alteração dos actuais tratados da União. Com essas alterações, garantem, a Zona Euro entra nos eixos sem recurso a eurobrigações nem alargamento das actuais competências do BCE.
O par Merkel/Sarkozy, que nunca convidou Berlusconi, decidiu juntar ao directório o recem empossado primeiro ministro de Itália com o objectivo claro de garantir, à partida, o avale da terceira mais importante economia da Zona para as suas propostas. E, segundo se depreende do comunicado que hoje é notícia de primeira página do Financial Times, o acordo de Monti está garantido. Acordo esse de que se desconhecem os pormenores mas são sobejamente conhecidos os objectivos.
Se Merkel insiste ab initio na recusa de uma união solidária nas responsabilidades é porque pretende prosseguir no aprofundamento das penalizações aos países membros incumpridores dos compromissos assumidos prosseguindo uma política que, demonstradamente, não funciona. Tão demonstradamente que bastou a declaração de inalteração das competências do BCE para o euro desvalorizar contra o dólar. O que, diga-se de passagem, é o menor dos males, se algum mal existe nesse ajustamento cambial.
Hoje, a Ficht decidiu baixar novamente o rating da República Portuguesa, invocando a recessão em curso e o seu agravamento no próximo ano, não obstante os louvores que a generalidade dos comentadores com responsabilidades de decisão na matéria têm tecido às políticas de austeridade em curso e das anunciadas.
Portugal é um peão de segunda linha, não admira que Merkel, pelo menos aparentemente, convença Passos Coelho. Mas a Itália é uma torre, pelo menos. Estará Monti convencido que a Itália possa austerizar* e crescer reganhando a confiança dos investidores e baixar os juros da dívida?
E se não conseguir? Sai da carroça por sentença do tribunal do santo ofício? E quem paga a factura aos franceses (309 mil milhões de euros) e aos alemães (120 mil milhões de euros)?
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* Eu sei que, por enquanto, não existe tal termo.
Act.- 25/11 - A Itália colocou oito mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a seis meses com um juro recorde de 6,504%, o mais elevado desde Agosto de 1997 e 3,535% acima do último leilão, realizado a 26 de Outubro.
Se Monti conseguir austerizar e fazer crescer a Itália pagando juros acima de 6%, conseguirá fazer o pino calçando botas de alpinista.
Act.- 25/11 - A Itália colocou oito mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a seis meses com um juro recorde de 6,504%, o mais elevado desde Agosto de 1997 e 3,535% acima do último leilão, realizado a 26 de Outubro.
Se Monti conseguir austerizar e fazer crescer a Itália pagando juros acima de 6%, conseguirá fazer o pino calçando botas de alpinista.
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