Saturday, November 19, 2011

CORTAR SALÁRIOS

privados não é imposição"



Pois não. É uma fatalidade, mas só para alguns. Os do costume.
É por demais evidente, e nem precisa de ser repetido, que os salários daqueles que trabalham em actividades que se têm de confrontar nos, ou com os, mercados internacionais, há muito que vêm a sofrer cortes salariais ou, pior que isso, corte dos empregos, porque se deslocalizam para outras paragens as empresas onde trabalhavam.  

Mas esses, senhor Presidente da República, senhor Primeiro-Ministro, senhor ministro da Economia, senhor Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, esses estão, ou estavam, em escalões salariais bem abaixo dos 1000 euros. Bem acima estão aqueles que trabalham em empresas monopolistas ou quase monopolistas, protegidas por preços regulados calculados com salários intocáveis pelas forças da concorrência.

O Presidente da República afirmava ontem também o seu desacordo, politicamente correcto, relativamente ao corte de salários no sector privado porque, dizia, "a competitividade pode ser alcançada por outros meios, nomeadamente pela inovação, pela formação, pelo marketing, pela marca".  Pois pode, senhor Presidente. Mas há quantos anos anda o senhor a dizer isso? Tantos quantos a competitividade dos sectores transaccionáveis tem continuado em queda livre. Nnguém se embriaga com água tónica, senhor presidente. Há sempre um espírito qualquer por detrás de uma grande bebedeira.

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E insisto: por que é que se continua sistematicamente a mentir falando em corte de subsídios de férias (anedótico!) e de Natal aos pensionistas quando, o que de facto estão a cortar são duas das catorze prestações mensais em que foram divididas as pensões anuais calculadas com base em descontos efectuados e obrigatoriamente confiados à gestão da segurança social, que não é universal, como manda a Constituição, nem  solidária, na medida em que  a solidariedade só é paga por uma parte, ainda que maioritária, da população activa?

Por cada 100 euros de salário bruto (antes de descontos para impostos e segurança social) um trabalhador, cujo salário se situe num escalão intermédio do IRS, digamos 25%, coagido a descontar para a segurança social recebe líquidos (100-25-11) 64 euros. Pelo mesmo salário, a empresa entrega ao Estado (25 de IRS+34,75 de segurança social) 59,75 euros. Resumindo: Custos para a empresa = 123,75 dos quais o trabalhador recebe 64,  e o Estado  59,75. Destes 59,75, 34,75 são da segurança social. Com os 25 restantes deveria pagar o governo as despesas do Estado. Mas não lhe chegam.

Como não lhe chegam, assalta o correio que vai para a segurança social*, imitando outros assaltos idênticos à segurança sociasl, no passado. E diz, com todo o desplante, que, (com este assalto a alguns), reduz a despesa de todos e as perdas por assaltos de uns tantos (BPN, Madeira, etc.,etc., etc.).
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* vd., por exemplo, por este exemplo, aqui, por onde andam os descontos dos inseguros pensionistas da segurança social.

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