Tuesday, November 08, 2011

MAIS UM MEGA JOGO DA CABRA CEGA

Começou mais um mega julgamento, desta vez em Aveiro, Comarca do Baixo Vouga, com trinta e tal acusados, cinquenta e não sei quantos advogados, quinhentas e muitas testemunhas, mas não sei se ouvi bem, em todo o caso um estendal a preceito que bem merece o qualificativo mega, que obrigou a adaptações da sala de audiências e a instalação de painéis electrónicos para que não passe despercebido a ninguém tudo o que vai, e como vai, ser dito,  naquele sítio merecedor de largos elogios de todos quantos, felizardos, tiveram já a oportunidade de ver de perto, uma coisa como deve ser que custou a módica quantia de oitenta mil euros.

Sendo mega, o julgamento não pode demorar menos que largos meses, quem sabe mesmo se largos anos, dos trinta e tal acusados, a maioria será mandada em paz e que a esperteza os acompanhe, dos restantes, uns serão punidos com pena suspensa, mas, logo os advogados dirão que os seus constituintes, inconformados irão recorrer, se algum ou alguns forem brindados com pena efectiva, os advogados logo declararão que os juízes não consideraram provas relevantes ou alguns meios de prova terão sido ilegalmente obtidos.

O costume.
No ajustamento das sentenças do tribunal de comarca, dos desembargadores da Relação, mesmo  em crescendo de eficiência, não poderá esperar-se que se pronunciem em tempo inferior ao consumido na primeira instância. Eventualmente, poderá mandar repetir o julgamento por irregularidades insanáveis.

Qualquer que seja o desembargo, os ainda julgados culpados, com ou sem pena suspensa, recorrerão para o Constitucional. Que, com tanta gente envolvida, não poderá pronunciar-se senão até pouco antes de  a prescrição a aparecer. Pouco tempo, portanto, para despachar os recursos que, seguramente, mais que legais serão moralmente justos.

E tudo isto porquê, senhores?
Porque um empresário, dedicado à recuperação de ferro-velho, portanto à limpeza deste país manifestamente atulhado de ferrugem, mandou entregar uma caixa de robalos a um rapaz com quem simpatiza e umas garrafas de conhaque a quem sabe o que é bom.

Um empresário, que para além do contributo ecológico que deveria fazer dele um comendador, é manifestamente insubstituível nessa função tão discreta quanto imprescindível. Segundo o que pode ler-se aqui, o admirável recuperador de sucata ganhou recentemente mais um concurso (milionário, segundo a imprensa, geralmente indisfarçadamente invejosa) de aquisição de coisas já ferrugentas, sendo vendedor uma das empresas que o levou, a ele e aos seus amigos, ao tribunal da comarca do Baixo Vouga.

Ainda há alguém que possa confiar nestas empresas?

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"Bomba atómica" ameaça fazer ruir todo o mega-processo "Face-Oculta"
Já que tem que ser que seja já.

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