Ouço na rádio, esta manhã, que a recapitalização dos bancos vai ser submetida com urgência a votação na AR, que a entrada do Estado não perdurará para além de três anos, menor que o período de cinco anos referido aqui, que durante o período de permanência do Estado no capital dos bancos intervencionados pode ser suspensa a distribuição de lucros aos accionistas, que findo o período de três anos o Governo se reserva o direito de nacionalizar ou alienar a sua participação.
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O recado vai directo, sobretudo, para os accionistas do BCP, too big to fail*, que hoje está a cotar já abaixo dos 12 cêntimos por acção, tendo o seu presidente, que transitou da presidência da Caixa, um dado importante que convém não esquecer para perceber a trama, afirmado que não o incomodava muito ter o Estado como accionista, resta saber se os accionistas a partir das notícias que vão saindo a conta-gotas subscrevem tanta disponibilidade. Continuamos, por outro lado, sem saber a que cotação se fará a entrada do Estado, neste e, eventualmente, noutros bancos, excluindo a Caixa, que não é cotada em bolsa, e onde o que lá cair já de lá não sai, quando sair, com o mesmo nome.
A ajuda aos bancos vai ter carácter de urgência, o que confirma que a queda das cotações do BCP é tida como imparável por várias más razões e, mais imparável ainda, pela iminência da entrada do Estado. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, em clara desafinação com o Governo, entendeu desde já denunciar a falta de diálogo, que põe em perigo as relações entre o Governo e a banca, e o presidente do BES, visivelmente preocupado, afirmava ontem que as condições de entrada do Estado assemelham-se a um retorno à golden share.
Parece que o único personagem em cena satisfeito com entrada do Estado lá em casa é o presidente do BCP. À espera, talvez, que se o mandarem sair no próximo acto pela esquerda baixa lhe encham os bolsos com uma remuneração medida pela escala utilizada para o seu antecessor.
Que alguém acabará por pagar. Quem será?
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*(wikipedia) -Too big_to_fail
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