Tuesday, November 22, 2011

CALVINO E OS LATINOS

Merkel volta a fazer pressão para revisão dos tratados europeus (aqui)
Acções do Commerzbank, o segundo banco alemão, afundam 12%com notícias de que tem maiores necessidades de capital (aqui)

Merkel continua a rejeitar qualquer proposta que possa vir a envolver sistematicamente a Alemanha no pagamento de encargos, juros ou dívidas, de outros estados membros. Recusa as eurobonds e a capacidade do BCE assumir a condição de emprestador de último rercurso enquanto não for atingida a convergência na competitividade dos países membros da Zona Euro, o mesmo é dizer enquanto não  trabalharem mais ou melhor ou ganharem menos os divergentes. E quer que os faltosos e os relapsos na execução dos compromissos assumidos em contrapartida das ajudas financeiras concedidas sejam julgados em tribunal.

Durante algum tempo acreditou-se que a austeridade imposta aos países mais fragilizados pela dívida e pelos juros pudesse restabelecer a confiança e facilitar a recuperação. Mas não. Hoje, está mais que demonstrado que as medidas de austeridade, necessariamente indutoras de recessão, excitam a desconfiança dos investidores, engordam os especuladores, e não invertem, só por si, o ciclo diabólico. 

Donde não haver saída se Merkel, e os que se mantêm, por enquanto, calados por detrás dela não forem obrigados pelas circunstâncias a escolher um caminho com risco menos calculado. As circunstâncias de, também a Europa do Norte ser atingida pelo risco sistémico que agora fustiga a Europa do Sul. A França é o relé de contágio. No dia em que a França for atingida a Alemanha começa a mudar de ideias.

Mudança que exige, para além da convergência na competitividade económica, a convergência nos mesmos valores identitários fundamentais. Nem a germanização nem a latinização da Europa mas um compromisso de convivência entre dois mundos vizinhos que os interesses próprios obrigam à conjugação pacífica dos interesses comuns.

E, a este respeito, Merkel tem toda a razão quando reclama o avanço para uma alteração dos tratados. Deixa de ter se as alterações que tem em mente não tiverem como pressuposto um governo federal mínimo eleito por todos os cidadãos da União. Porque a perda de soberania não pode estar em causa se o objectivo é a integração política assegurada por um governo federal europeu democraticamente eleito, mas estará se da alteração que Merkel propõe resultar a abdicação de mais soberania a favor de um directório ad hoc sem legitimidade democrática.
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Act.- (23/11) Alemanha emite divida abaixo do esperado
O resultado do leilão (abaixo das expectativas não representa nenhum problema, segundo o ministro das Finanças alemão, mas economistas desconfiam.
Resultado do leilão na Alemanha conduz a desvalorização dom euro de quase 1%.

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