Wednesday, November 09, 2011

ESTÁ A BRINCAR, PROFESSOR GASPAR?

Tantos a invectivarem o Governo de refinadíssimo neo-liberal e os banqueiros a verem nele, por detrás das condições impostas aos bancos se recapitalizados com fundos emprestados ao Estado, uma calculista estratégia de nacionalizar a banca portuguesa, ou grande parte dela, reeditando a fúria que varreu o capitalismo do país em 1975.

Os banqueiros portugueses estão revoltados e mandaram o professor Sousa queixar-se a Bruxelas das sinistras intenções do professor Gaspar, que usa as regras da troica para voltar o país do avesso. Segundo os banqueiros, os problemas com que o sector se defronta decorrem  simplesmente do facto do Estado se encontrar em incumprimento dos seus compromissos financeiros, sendo, portanto, prepotentes (interpretação minha) as regras que restringem o prazo de reembolso dos capitais intermediados pelo Estado a utilizar na recapitalização dos bancos que se candidatarem.*

Resumidamente, os bancos que não cumpram as metas de capitais próprios até final deste ano poderão ser obrigados pelo Banco de Portugal a recorrer até 12 mil milhões de euros do total da dívida contraída pelo Estado. titulada pelo plano assinado com a troica, podendo, em caso de recusa ser substituída a administração relapsa e, eventualmente, retirada a licença para operarem (aqui). Terão três anos de prazo para devolverem os capitais da recapitalização pelo Estado à procedência. Se não, nacionalização, e venda a quem mais der.

Avizinha-se, portanto, mais uma acção de compra e venda de bancos pelo Estado a quem, aliás, não falta experiência na matéria, a última das quais, do BPN, resultou no que resultou para os bolsos dos contribuintes.

A propósito, as acções do BCP estão a esta hora a cair 5,4% para 11,2 cêntimos.
No fim o ano a que cotação terão chegado?
Mais valia estar calado o tutor do Estado.

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*Um aspecto intrigante na carta enviada pelos banqueiros a Bruxelas é a posição de liderança nesta contestação assumida pelo presidente do BES depois de ter declarado dispensar o Estado na recapitalização do banco a que preside.

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