Há dias, durante uma conversa entre amigos que enveredou para o poder paternal, surgiu a questão
"por que é que os filhos de Cristiano Ronaldo não têm mãe?"
- Toda a gente tem pai e mãe, salvo, segundo consta, Jesus Cristo, que só tinha mãe
Nos tempos do outro senhor, nos casos de nascimentos de casais não casados, tinham de se apresentar no Registo Civil o pai e a mãe. Se não comparecesse o pai, ficava a criança filha de pai incógnito; se faltasse a mãe, ficava filho de mãe incógnita. É o caso dos filhos de Cristiano Ronaldo, para já tem um, mas li há dias que está agora à espera de mais dois, gémeos. Como a mãe não reclama a maternidade porque foi paga para estar calada, as crianças ficam filhos de mães incógnitas.
- A mim parece-me intolerável.Toda a gente deveria ter o direito a saber de quem é filho. Do Cristiano Ronaldo ninguém fala porque é podre de rico e idolatrado. Mas, do meu ponto de vista, é uma situação que não deveria permitir-se.
- Em nome de quê?
- Dos interesses do filho ou dos filhos, se tiver mais. Em nome de quê pode um pai sonegar, porque é rico, esse direito ao filho?
- Por respeito ao direito de privacidade. Se ele entende que não deve divulgar o nome da mãe e a mãe não reclama o reconhecimento da maternidade, o filho pode a todo o tempo ser informado pelo pai, se é que não foi já. Não sabemos que informação ele já deu ao filho. Trata-se de assunto estritamente privado.
- Que só possível a quem tem muito dinheiro ...
- Talvez não. Não é impossível um acordo entre um homem e uma mulher com as mesmas consequências: a mulher pode renunciar ao reconhecimento público da maternidade sem contrapartidas materiais.
- Então a troco de quê?
- Do que for entendido entre o homem que assume a paternidade e a mulher que abdica dela.
- Se o entendimento não for obtido por dinheiro não vejo que possa haver outro motivo suficiente.
- A humanidade é muito complexa e a imaginação ilimitada. O dinheiro é o meio de generalizado mas não é único.
- Hum! É público que ele pagou, e muito ao que parece, para o filho ser só dele. E, voltamos à questão inicial: porquê?
- Porquê, não sei, mas posso imaginar uma razão ...
- ?
- Imaginem que o Cristiano Ronaldo, dono de uma fortuna de que ele já não conhece os limites, tem um filho, outro filho, e este filho é registado com pai e mãe conhecidos. Admitamos que o casal não é casado ou, se for casado, é casado segundo o regime de separação de bens.
Passado algum tempo, três, quatro anos, CR separa-se da mãe deste filho, e o tribunal, seguindo a regra geral, decide que o filho passa a viver com a mãe, à excepção dos dias consignados à responsabilidade/direito do pai. Um dia, a mãe, invocando razões genéricas - o filho está doente, o filho não quer sair de casa naquele dia, o filho já não gosta do pai - nega, objectivamente, a presença do filho junto do pai. Que pode fazer CR?
- Reclama o cumprimento do estipulado em tribunal.
- E se a mãe não cumprir?
- ?
- Notem que não há aqui necessariamente uma questão monetária. Pode dar-se o caso da mãe ser uma herdeira rica, não dependente da fortuna ou da pensão de alimentos da responsabilidade do pai. Em conclusão: Não sei se Cristiano Ronaldo optou por pagar a uma mulher para ter a garantia de ter um filho com ele. Mas que pode ser uma razão, pode.