Thursday, May 25, 2017

O JOGO DA CABRA CEGA

Ao fim  de mais de 6 anos alguns ratos saíram da montanha. 
Os outros, ou já tinham saído sem que ninguém tenha dado por isso, ou ainda lá se encontram à espera da noite que os confunda com o pardo dos gatos.

Oliveira e Costa, que se encontra hospitalizado e não assistiu à leitura da sentença, foi ontem condenado a 14 anos de prisão pelo costume: crime de falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e branqueamento de capitais. "Foi a maior burla da história da Justiça portuguesa julgada até ao momento", segundo o juiz Luís Ribeiro, que preside ao colectivo de juízes responsável pelo julgamento do processo principal.
Foram ainda condenados a penas de prisão efectiva três comparsas por condutas especialmente graves. Outros oito foram condenados a com penas de prisão inferiores a 5 anos, admitindo o tribunal a suspensão em troca de indemnizações ao Estado que, no máximo, atingem os 50 mil euros durante o tempo de prisão a que foram condenados. 

Trocos, se comparados com os 6, 7, ..., mil milhões (as contas ainda não estão feitas!) que os contribuintes portugueses têm de pagar. Quem ganhou com a monumental burla? A quem aproveitaram os crimes? O que recuperamos nós, contribuintes, do dinheiro a que os ratos deram sumiço? 
Oliveira e Costa foi, desde o início do processo, indiciado como principal responsável, e ele não enjeitou a acusação. Mas quanto ganhou ele com os crimes praticados? Que descaminho deu às vantagens que retirou? Prendê-lo, e não é provável que volte a ser preso, considerando a idade e o estado de saúde, e as voltas recorrentes que as leis que temos consentem*, para quê?
Os valores exigidos aos que podem ver as penas suspensas não pagam sequer as custas do processo.
Os crimes económicos e financeiros deveriam ser preferencialmente punidos pelos valores materialmente equivalentes aos danos totais que provocaram.

A quem aproveitaram os crimes cometidos?
Para além dos ratos por cujas falcatruas foram ontem condenados para quase nada, há uma trupe de ilusionistas parcialmente publicamente conhecida que aproveitou, arrecadou e fez desaparecer os milhares de milhões que temos de pagar. Acerca desses os juízes nada disseram. São esses outros ratos que, alegremente divertidos, jogam impunes e radiantes à cabra cega, enquanto nos assaltam os bolsos.


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