Saturday, May 06, 2017

PAÍSES DIVIDIDOS

O Financial Times de hoje publica, com destaque na primeira página, mais uma reportagem sobre as eleições de amanhã em França - France: A divided nation decides.

O título parece sugerir que a divisão é uma particularidade francesa na véspera de eleições, quando as sondagens apontam para Monsieur Président Macron no Palácio do Eliseu  por uma margem folgada de cerca de 20 pp.
Se as sondagens se confirmarem, a França não poderá considerar-se um país mais dividido do que muitos outros onde a prevalecem sistemas democráticos, bem pelo contrário. 
Mr.Trump ganhou as eleições norte-americanas de Novembro e o apoio maioritário no Senado e na Câmara dos Representantes mas perdeu o voto popular por quase 3 milhões de votos. 
O Brêxit venceu por margem mínima num referendo absurdo que vai influenciar sobretudo o futuro dos mais jovens, aqueles que ainda não tinham idade de votar ou, tendo-a, não se mobilizaram para expressar a sua vontade. 
Em qualquer dos casos, presidenciais nos EUA e em França, referendo no Reino Unido, os eleitores tinham duas hipóteses, e não mais que duas, para optar. 

A partição do eleitorado em dois blocos antagónicos de peso sensivelmente igual é a regra geral em democracia. Por que é que essa partição acontece com tanta frequência, não sei.
Há bastante tempo anotei neste caderno de apontamentos a mesma dúvida, sem resposta.

Se amanhã o sr. Macron superar os 60% e a srª. Le Pen não atingir os 40% poderá considerar-se que, ainda neste caso, a França é um país dividido?
Pode. Por uma razão decisiva: Entre o sr. Macron e a srª. Le Pen há um abismo que separa a democracia da protoditadura. 
Mas não se observa o mesmo nos EUA presididos por Mr. Trump, assumido suporte de Mme Le Pen?
Talvez não. Mr. Trump pode ser substituído ao fim de quatro dos de mandato, se não for antes. 
A eventual eleição de Mme Le Pen, ou a ultrapassagem da fasquia crítica dos 40%, animará os seus adoradores para uma continuada progressão das suas falácias e crescimento das suas hostes.

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Correl. - Qui est le militant pro-Trump qui a realayé les "Macronleaks"?



Entretanto, Putin continua a pescar enquanto a União Europeia continua à pesca.

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