Friday, August 09, 2013

GERALDINAS

"A escritora Maria Teresa Horta considera que "este é um Portugal ingrato, é um Portugal que não gosta de si próprio, não gosta do melhor que tem ... Urbano Tavares Rodrigues não ganhou os prémios que merecia, porque não pertencia "a grupinhos e capelinhas e a catedrais, ..."- aqui
 
É inquestionável que Urbano Tavares Rodrigues foi maltratado. Porque, além do mais, foi preso e torturado, porque foi expulso do ensino, porque esteve exilado. Mas foi este Portugal, o de hoje ou o de ontem, que o maltratou? Não foi. Lamentavelmente, os portugueses são pouco dados a leituras. Bem sucedidos, se medirmos o sucesso número de exemplares vendidos, só aqueles que as televisões empregam como pivots ou comentadores de qualquer coisa, que aproveitam a projecção mediática para escrevinhar e retirar bons, ou mesmo excepcionais,  dividendos disso.
 
Maria Teresa Horta acusa um Portugal constituído por grupinhos, capelinhas e catedrais que, obviamente, são apenas isso mesmo, grupinhos, subentendendo-se, neste caso, grupinhos de indivíduos do meio literário ou relacionados com esse meio, ficando muito aquém de representar uma parte significativa ou com influência significativa na sociedade portuguesa. Alguma vez foi diferente?
 
Mas se a generalização de Maria Teresa Horta é excessiva e as conclusões pouco pertinentes - até porque, muito provavelmente, a Urbano Tavares Rodrigues nunca seduziram os prémios - já são pertinentes algumas das afirmações que faz quando projectadas sobre outras corporações, com particular destaque dos grupos políticos ou aparentados. É aí, sobretudo, que os compadrios se reproduzem e se alimentam os vícios morais que Maria Teresa Horta denuncia, sendo muito evidente que se relacionam e se retribuem entre si os grupos afins das diferentes corporações.
 
A esta conivência reciprocidades assiste absorto e alheado um Portugal que é quase  Portugal inteiro.
 
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Na morte de Urbano Tavares Rodrigues

No dia 9 de Agosto de 2013
houve uma vaga de calor. De certo modo
ele morreu dentro de um seu romance -
Não foi notícia de abertura. Os telejornais
mostraram mulheres gordas em Carcavelos
e um sujeito pequenino (parece que ministro)
a falar de "cultura política nova."
Mais tarde este dia será lembrado
como a data em que morreu
Urbano Tavares Rodrigues.

Manuel Alegre
Lisboa 9/8/2013
aqui
 

1 comment:

Bartolomeu said...

Constatamos isso mesmo. E constatam também, os estrangeiros que nos visitam e que residem no nosso país. Consideram-nos um povo afável, hospitaleiro, voluntarioso, desenrascado, mas com um imenso desamor por si mesmo, o que vem a reflectir-se nas relações com os da sua nacionalidade. Somos realmente estranhos, invejosos e desconstrtores em relação ao que fazemos e ao que os nossos fazem. E somos imensamente disponíveis para os de fora.
Isto tem de ter uma explicação. a que eu encontro, resulta da fusão de várias culturas, hábitos e religiões que ao longo se séculos se foram sucedendo, sobretudo ao longo da nossa costa e que rápidamente alastrou ao interior, depois, a nossa expansão marítima e a escravatura que trouxe para o país novas gentes e novas culturas e depois, ainda, 40 anos de ocupação espanhola e 3 invasões francesas. uma "caldeirada" composta por variadíssimas espécies de peixes e não menos variadas espéciarias e ervas aromáticas... algumas que, quando usadas em excesso se tornam venenosas.