Tuesday, June 30, 2009
POSTAL DA SUICA
Monday, June 29, 2009
CORRELAÇÕES
Sunday, June 28, 2009
CUSTOS DO DESEMPREGO
Saturday, June 27, 2009
ECONOQUÊ?
Depois do Apelo à Reavaliação do Investimento Público, mais conhecido pelo documento dos 28, surgiu ontem o Apelo dos 51 à opinião pública. Subscrito por economistas, sociólogos e politólogos, na sua maior parte professores catedráticos, o manifesto dos 51 é, claramente, um texto de apoio ao programa de investimentos públicos que o actual Primeiro Ministro se propõe executar, se mantiver o cargo após as próximas eleições legislativas. Opõe-se ao documento dos 28, que coloca grandes reservas à oportunidade da execução de alguns dos megaprojectos, e nomeadamento do TGV, considerando a crise económica e financeira com que Portugal se debate no meio do turbilhão de uma crise global de dimensões que só encontram paralelo na Grande Depressão de 29.
Sintetizando, os 51 subscrevem que,
"A contracção da procura é agora geral ... o combate ao desemprego tem de ser o objectivo central da política económica ... Uma taxa de desemprego de 10% é o sinal de uma economia falhada, que custa a Portugal cerca de 21 mil milhões de euros por ano – a capacidade de produção que é desperdiçada, mais a despesa em custos de protecção social... Em cada ano, perde-se assim mais do que o total das despesas previstas para todas as grandes obras públicas nos próximos quinze anos ..., Assim, respondemos propondo um vigoroso estímulo contracíclico, coordenado à escala europeia e global,... Os recursos públicos devem ser prioritariamente canalizados para projectos com impactos favoráveis no emprego, no ambiente e no reforço da coesão territorial e social: reabilitação do parque habitacional, expansão da utilização de energias renováveis, modernização da rede eléctrica, projectos de investimento em infra-estruturas de transporte úteis, com destaque para a rede ferroviária, investimentos na protecção social que combatam a pobreza e que promovam a melhoria dos serviços públicos essenciais como saúde, justiça e educação... (quanto ao documento dos 28)...Trata-se de uma opinião que reflecte uma escolha político-ideológica destinada a impor à sociedade uma noção unilateral e pretensamente científica... temos de pensar sobre os nossos problemas no quadro europeu e global onde nos inserimos. A competitividade futura da economia portuguesa depende também da adopção, pelo menos à escala europeia, de mecanismos de correcção dos desequilíbrios comerciais sistemáticos de que temos sido vítimas..., Precisamos de mais Europa ...Por isso, apelam à opinião pública para que seja exigente na escolha de respostas a esta recessão, para evitar que o sofrimento social se prolongue."
Releio um documento e outro e não vislumbro no segundo, relativamente ao primeiro, mais do que uma acusação de cientismo ideológico, mas sem refutar qualquer dos constrangimentos mais críticos que pesam sobre a economia portuguesa, nomeadamente, o galopante endividamento externo, o crescente desequilíbrio da balança comercial, a estagnação do crescimento económico decorrente da falta de competitividade da nossa economia, as condicionantes, mal geridas, impostas pela adesão ao euro. Tratando-se, em grande parte, de pessoas que ensinam ou ensinaram nas mesmas escolas, esperar-se-ia, se não uma maior convergência de leituras dos dados que caracterizam a conjuntura pelo menos maior respeito deste segundo grupo pelas perspectivas adiantadas pelo outro. O confronto que evita a discussão da realidade económica financeira do país, que, incontornavelmente, condiciona as políticas possíveis mais adequadas ao desenvolvimento económico e social, e à criação de emprego, levando o debate para a chicana ideológica, constitui um péssimo certificado para a ciência económica e para a dignidade da habilitação como economista que a maior dos subscritores indica a seguir ao nome.
Percebem-se mal algumas dos pressupostos que suportam a argumentação do apelo dos 51:
1 - Partem do princípio que, havendo quebra geral da procura, as políticas de emprego passam pela despesa do Estado, nomedamente pelo investimento público. Ora, como facilmente se pode constatar da leitura de dados que são públicos, o crescimento da economia portuguesa não tem sido condicionado pela procura. O problema da economia portuguesa está do lado da oferta, como demonstra V Bento em "Perceber a crise...". É essa insuficiência de competitividade das produções portuguesas que tem determinado o crescente desequilíbrio entre importações e exportações, o crescimento da dívida externa, a estagnação da economia portuguesa. Os portugueses têm procurado muito mais do que oferecido.
2 - No programa de investimentos enunciado, redentor da economia portuguesa, cabem todos os projectos, dos mega aos micro. Esperar que a estagnação da economia portuguesa, a grande responsável pela não criação suficiente de emprego, que dura há mais de 10 anos e é, portanto, muito anterior à crise global, se resolve principalmente através do investimento público, e nomeadamente dos megaprojectos, carece de fundamento. Primeiro, porque não resolve o problema fundamental com que se defrontam, geralmente, as produções de bens e serviços portugueses (competitividade); segundo, porque projectos como o TGV dinamizarão, sobretudo, a procura (e o emprego) nos países fornecedores dos equipamentos que o projecto tem de adquirir e não encontram produtor em Portugal; terceiro, porque, conforme é referido, é preciso optar, e as opções não podem deixar de contar com os meios disponíveis. Ora um programa de investimentos públicos, tão abrangente que não deixa nenhum de fora, é, lamentavelmente, impossível.
3 - Afirmam os 51 que "a competitividade futura da economia portuguesa depende também da adopção, pelo menos à escala europeia, de mecanismos de correcção dos desequilíbrios comerciais sistemáticos de que temos sido vítimas", remetendo a solução dos nossos problemas para decisões a nível da União Europeia. Mas não referem uma única pretensão que deva ser negociada pelo governo português em Bruxelas. Aliás, os 51 vão muito mais longe nas suas propostas e propõem " um vigoroso estímulo contracíclico, coordenado à escala europeia e global" . Nada modestos, estes 51. Esquecem-se, ou parece que se esquecem, que há duas crises: a nossa e a global. E que, ultrapassada a segunda, não há nenhuma garantia, antes pelo contrário, que esteja solucionada a primeira, que é mais antiga.
4 - Mas é o endividamento externo, que não pode crescer indefinidamente, o nó górdio apontado pelos 28 mas soberanamente ignorado pelos 51, que constitui o maior desfasamento entre um documento e outro na definição da linha de partida. É, no mínimo, estranho que tanta gente que faz das contas a base das disciplinas que ensina, passe por cima do principal argumento do outro grupo sem dizer que as contas deles estão erradas e por quê.
Limitam o seu apelo à opinião pública com a distribuição de um credo. Chegará? Sei lá. As religiões têm muita força.
51 VERSUS 28
TÍTULOS DO DIA
Sistema financeiro está melhor, mas não resolveu todos os problemas, diz Draghi
Palavras do Presidente foram decisivas para forçar Sócrates a vetar compra da TVI
Governo sabia do negócio entre PT e TVI desde o início do ano
Video: É paradoxal que ingerência tenha sido feita em nome do interesse do Governo
Grupo de académicos defende viragem à esquerda na política económica
Mariano Gago desafia cientistas portugueses no estrangeiro a criarem emprego em Portugal
Presidente marca eleições legislativas para 27 de Setembro
Friday, June 26, 2009
OS OUTROS QUE PAGUEM O TGV
MULTIPLICADOR DE PASSADOS
DEBATES
.
CONVERSAS AO ALMOÇO
INOCÊNCIO
Antigo presidente da câmara de Alcochete é arguido no Freeport
José Inocêncio, antigo presidente da Câmara Municipal de Alcochete, foi constituído arguido no caso Freeport. É a sexta pessoa sobre quem recaem suspeitas. A notícia foi avançada pela SIC Notícias.
Thursday, June 25, 2009
LIGAÇÕES PERIGOSAS - 2
PROPOSITADAMENTE
Governo adjudicou sistema de vigilância costeira a empresa suspeita de corrupção
A empresa a quem o Ministério da Administração Interna (MAI) adjudicou, na terça-feira, a proposta de fornecimento e instalação do Sistema Integrado de Vigilância, Comando e Controlo da Costa Portuguesa (SIVICC) surge referenciada num caso de corrupção num relatório divulgado esta semana pela Transparência Internacional, uma entidade que, anualmente, faz um levantamento deste tipo de criminalidade no mundo.
Relatório* diz que Portugal falhou no combate à corrupção e dá Freeport como exemplo (e também a compra dos submarinos)
Avanços e recuos na transparência do Estado
Wednesday, June 24, 2009
TÍTULOS DO DIA
José Manuel Marques é o quinto arguido no caso Freeport
Ferreira Leite diz que seria escandaloso se a PT entrasse na TVI e Moniz saísse
O QUE DIZ MARTIN WOLF
Bubbles and crises cannot be eliminated from capitalism. Yet it is hard to believe the risks run by institutions had nothing to do with incentives. The unpleasant truth is that incentives for risky behaviour are, if anything, even bigger than before the crisis, says Martin Wolf
O PREÇO DOS PEANUTS
Tuesday, June 23, 2009
LIGAÇÕES PERIGOSAS
INTERNET MATEMÁTICA
Por Nuno Crato
Evidentemente, o senhor A. sabia bastantes coisas. Sabia que se tratava de um cilindro e que bastava conhecer o diâmetro de uma secção e a sua altura para calcular o volume. Não sabia dar os passos seguintes. (...)Texto integral [aqui].
O QUE DIZ ROUBINI
Oil at $100, Interest Rates May Stifle Recovery: Roubini (Click here for video)
By Nouriel Roubini
In the past three months, global asset prices have rebounded sharply: Stock prices have increased by more than 30 percent in advanced economies and by much more in most emerging markets. Prices of commodities — oil, energy, and minerals — have soared; corporate credit spreads (the difference between the yield of corporate and government bonds) have narrowed dramatically, as government-bond yields have increased sharply; volatility (the “fear gauge”) has fallen; and the dollar has weakened as demand for safe dollar assets has abated.
But is the recovery of asset prices driven by economic fundamentals? Is it sustainable? Is the recovery in stock prices another bear-market rally or the beginning of a bullish trend?
While economic data suggests that improvement in fundamentals has occurred — the risk of a near depression has been reduced; the prospects of the global recession bottoming out by year end are increasing; and risk sentiment is improving — it is equally clear that other, less sustainable factors are also playing a role. Moreover, the sharp rise in some asset prices threatens the recovery of a global economy that has not yet hit bottom. Indeed, many risks of a downward market correction remain.
First, confidence and risk aversion are fickle, and bouts of renewed volatility may occur if macroeconomic and financial data were to surprise on the downside — as they may if a near-term and robust global recovery (which many people expect) does not materialize.
Second, extremely loose monetary policies (zero interest rates, quantitative easing, new credit facilities, emissions of government bonds and purchases of illiquid and risky private assets), together with the huge sums spent to stabilize the financial system, may be causing a new liquidity-driven asset bubble in financial and commodity markets. For example, Chinese state-owned enterprises that gained access to huge amounts of easy money and credit are buying equities and stockpiling commodities well beyond their productive needs.
CORRECTION
The risk of a correction in the face of disappointing macroeconomic fundamentals is clear. Indeed, recent data from the US and other advanced economies suggest that the recession may last through the end of the year. Worse, the recovery is likely to be anemic and sub-par — well below potential for a couple of years, if not longer — as the burden of debts and leverage of the private sector combine with rising public sector debts to limit the ability of households, financial firms and corporations to lend, borrow, spend, consume and invest.
This more challenging scenario of anemic recovery undermines hopes for a V-shaped recovery, as low growth and deflationary pressures constrain earnings and profit margins and as unemployment rates above 10 percent in most advanced economies cause financial shocks to re-emerge, owing to mounting losses for banks’ and financial institutions’ portfolios of loans and toxic assets. At the same time, financial crises in a number of emerging markets could prove contagious, placing additional stress on global financial markets.
The increase in some asset prices may, moreover, lead to a W-shaped, double-dip recession. In particular, thanks to massive liquidity, energy prices are now rising too high too soon. The role that high oil prices played last summer in tipping the global economy into recession should not be underestimated. Oil above US$140 a barrel was the last straw — coming on top of the housing busts and financial shocks — for the global economy, as it represented a massive supply shock for the US, Europe, Japan, China and other net importers of oil.
DEFICITS
Meanwhile, rising fiscal deficits in most economies are now pushing up the yields of long-term government bonds. Some of the rise in long rates is a necessary correction, as investors are now pricing a global recovery. But some of this increase is driven by more worrisome factors: the effects of large budget deficits and debt on sovereign risk, and thus on real interest rates; and concerns that the incentive to monetize these large deficits will lead to high inflation after the global economy recovers from next year to 2011 and deflationary forces abate. The crowding out of private demand, owing to higher government-bond yields — and the ensuing increase in mortgage rates and other private yields — could in turn endanger the recovery.
As a result, one cannot rule out that by late next year or 2011, a perfect storm of oil above US$100 a barrel, rising government-bond yields and tax increases (as governments seek to avoid debt-refinancing risks) may lead to a renewed growth slowdown, if not an outright double-dip recession.
The recent recovery of asset prices from their March lows is in part justified by fundamentals, as the risks of global financial meltdown and depression have fallen and confidence has improved.
But much of the rise is not justified, as it is driven by excessively optimistic expectations of a rapid recovery of growth toward its potential level and by a liquidity bubble that is raising oil prices and equities too fast too soon. A negative oil shock, together with rising government-bond yields — could clip the recovery’s wings and lead to a significant further downturn in asset prices and in the real economy.
Nouriel Roubini is professor of economics at the Stern School of Business, New York University, and chairman of RGE Monitor.
O QUE DIZ OLIVIER BLANCHARD
Olivier Blanchard
In 2007, worried about the growing size of current account imbalances, the International Monetary Fund organised multilateral consultations to see what should be done about it. There was wide agreement that the solution was conceptually straightforward. To caricature: get US consumers to spend less. Get Chinese consumers to spend more. This would be good for the US, good for China, and good for the world. (There were messages to the other players – Japan, Europe, Saudi Arabia – but they were less important.)
Good for the US: it was clear even then that the consumption binge US consumers had embarked on was unwise, and that many of them would face problems in retirement. Good for China: it was clear that much Chinese saving reflected the absence of a social safety net. Providing health and retirement insurance was desirable on its own, and would naturally lead consumers to spend more.
Good for the world: combined with an appreciation of the renminbi relative to the dollar, the changes in consumption patterns could maintain full employment in both the US and China, and decrease current account imbalances. Lower consumption in the US would be offset by higher US net exports. Higher consumption in China would be offset by lower Chinese net exports. The US current account deficit would be reduced, and the Chinese current account surplus would fall. As this orderly process of adjustment took place, and imbalances were steadily reduced, the risk of a sudden collapse of the dollar would decrease. And the world would be in much better shape.
It was an impressive piece of global macroeconomic planning. But, at least until the crisis, not much happened. Optimistic US consumers were just not in the mood to change their ways. Given the success of its export-led growth strategy and concerns about the need to maintain employment growth, the Chinese government continued to give priority to exports.
As if to prove the sceptics right, the crisis itself was not triggered by global imbalances. The dollar did not collapse, as feared. And, since the beginning of the crisis, dealing with global imbalances has gone down the priority list. Dealing with the state of the financial system has been, rightly, the focus of attention.
As the crisis evolves, however, and we start looking at eventual recovery, the issue of global imbalances is likely to return to the fore. Again, a central role will have to be played by the US and by China.
Half of the adjustment suggested in the multilateral consultations is coming into play: US consumers are, at last, cutting their spending. They have lost a lot of wealth, and it will take them many years of additional saving to undo that loss. And, more importantly, they have learnt a more general lesson. The world is more risky than they thought. Stock and housing prices can go down, and go down a lot. Planning for retirement may require saving a lot more than was thought wise before the crisis hit.
The main unknown is about the other half of the adjustment. In response to the crisis, China has embarked on a major fiscal expansion, with a focus on investment rather than on consumption. This was the right policy given the need to increase spending quickly, but this increase in investment can only last for a while. The question is whether, as time passes, China will allow an increase in consumption. If it does, the 2007 master plan may come into being. Larger US net exports will replace US consumption and help sustain the US recovery. Larger Chinese consumption will compensate for lower Chinese exports and allow China to maintain high growth. The world recovery can proceed and we can emerge with a more balanced world economy.
Will this scenario naturally play out? Maybe, maybe not. China has announced ambitious healthcare reform, which goes in the right direction. But the export-led model that China has so successfully followed will not be abandoned overnight. And, looking beyond China, the crisis may have convinced many countries to accumulate even more reserves, thus running even larger current account surpluses. These countries will not be eager to appreciate against the dollar, and so allow for larger US net exports.
What if there is no rebalancing? Without sustained domestic demand and higher net exports, the US recovery may weaken once the fiscal stimulus is phased out. In normal times, monetary policy could help, by lowering interest rates and increasing demand; these are not normal times and rates can fall no further. Thus, there will be heavy pressure on the US government to maintain a strong fiscal stimulus for as long as private demand is weak, and this may lead to larger and longer deficits than would be wise. While strong fiscal stimulus was and still is needed to fight the crisis, it cannot go on forever; at some stage, debt dynamics become unsustainable, markets react and fiscal deficits become counterproductive. Neither a weak US recovery nor unsustainable US debt dynamics are likely to be good for the world. The first probably means a stalled world recovery; the second probably means mayhem in financial markets.
Sustained recovery requires decreased domestic US spending and increased domestic spending in China and much of the rest of the world, together with adjustments in exchange rates. Global co-operation played a crucial role in the past year in avoiding a worse crisis. More global co-operation, with the US and China playing a leading role, is now needed.
The writer is chief economist of the IMF
O JOGO DA CABRA-CEGA
Lisboa: Tribunal chumba contas dos Executivos de Santana Lopes e Carmona
O Tribunal de Contas (TC) chumbou as contas da Câmara de Lisboa de 2005, apontando sobreavaliação de receitas, irregularidades detectadas no funcionamento dos refeitórios e violação das normas da contratação pública.
Monday, June 22, 2009
DEMOCRACIA E CONTAS
O apelo à reavaliação do investimento público, da autoria dos 28 teve, até agora, mais comentários públicos de apreciação dos 28 do que daquilo que eles subscreveram. Por cá, é (quase) sempre assim. Talvez por inabilidade ou preguiça, não se conferem ou fazem outras contas, e passa-se imediatamente à fulanização das questões. Abate-se ou abraça-se conforme o lado em que está, ou se supõe estar, quem arriscou dar uma para a caixa.
Sunday, June 21, 2009
TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO
Caro Prof,
Voltei atrás porque estas suas palavras resumem, creio eu, as suas conclusões e posições quanto às questões abordadas neste seu comentário de agora, e a sua total discordância com os signatários do extremamente bem feito documento dos 28.
O que é espantoso, neste caso, pelo menos para mim, não é que haja discordância, que é sempre a agulha oportuna para enviar o comboio para a linha conveniente, mas que essa discordância seja total. Não se trata de concluir entre estar a garrafa meio cheia e a garrafa meio vazia mas entre estar ela inteiramente cheia ou totalmente vazia.
Diz o Professor que "Portugal tem dinheiro...", dizem, pelo menos 28 professores que Portugal está teso, passe o plebeísmo.
É possível que pessoas com a formação mais elevada e intervenção pública relevante façam leituras tão radicalmente diferentes acerca de um assunto, que, mesmo que seja muito complexo, pode ser quantificado?
Ter ou não ter dinheiro, parece-me, (porque eu o que tenho são dúvidas) é uma questão mensurável.
Ou não é?
A adesão ao euro alterou muita coisa nos nossos hábitos mas não alterou outras, que deveria ter alterado, e daí, segundo parece, o imbróglio em que nos metemos.
Há quem tenha sido, ou continue a ser, da opinião que a dívida externa é irrelevante quando se faz parte de uma zona monetária comum.
Esta é, segundo depreendo, também a sua opinião, de onde decorre a "extinção" do país e a emergência de uma região.
Não compreendo.
E não compreendo porque a passagem de país a região não altera em nada, parece-me, a importância do endividamento sobre as políticas de crescimento económico de um país ou de uma região.
Se as pessoas, as empresas ou o Estado, se encontram endividados de modo que os rendimentos recebidos são insuficientes para conter ou reduzir a dívida, o endividamento prosseguirá até onde o consentirem os credores.
No dia em que os credores susterem o crescimento do endividamento as famílias, as empresas, o Estado entram em situação de falência (deixam de pagar aos credores) obrigando as pessoas a emigrarem ou a recomeçarem a partir de patamares de desenvolvimento inferiores.
Há a hipótese de o devedor colocar o credor em posição de este ter de continuar a sustentar o fluxo, por razões políticas, à maneira do AJJardim, ou outras, que, no entanto, só poderão ser transitórias. As árvores não crescem até ao céu e o endividamento também não.
Ou não?
Saturday, June 20, 2009
ÁREAS
Friday, June 19, 2009
VAMOS A CONTAS
Vinte e oito economistas dos mais diversos quadrantes apelam ao governo que reavalie os grandes investimentos públicos e que faça um travão imediato nos projectos da área de transportes. Em causa está a construção do TGV e de novas auto-estradas, bem como o calendário para a construção do novo aeroporto de Lisboa.Os desequilíbrios estruturais que atingem a economia portuguesa, que têm vindo a piorar na última década, e que se agravaram com a actual crise económica mundial, não são compatíveis com “a insistência em investimentos públicos de baixa ou nula rentabilidade, e com fraca criação de emprego em Portugal”. É esta a principal linha de argumentação de um manifesto, a que o PÚBLICO teve acesso, subscrito por cerca de três de dezenas de economistas, de todos os quadrantes políticos e regiões do país, e que são unânimes em considerar que o plano de investimento público defendido pelo governo deve ser repensado, sobretudo, e desde já, no que aos projectos da área de transportes diz respeito. Estes economistas pedem que se aproveite o “interregno político” que se anuncia nos próximos meses (por causa das eleições legislativas), para que seja dado início a um trabalho de reavaliação dos investimentos públicos anunciados, recorrendo ao apoio consultivo de economistas, gestores e engenheiros, portugueses e estrangeiros, que possam elencar uma nova grelha de prioridades para a próxima década. Estes economistas consideram “duvidoso” que os grandes projectos de investimento público possam ser considerados urgentes, e relembram que a realização destes investimentos em antecipação temporal à procura que os justifica trará uma inevitável destruição de valor económico. O documento é subscrito por uma trintena de nomes de peso no panorama económico, oriundos da esquerda e da direita do espectro político, e muitos deles com experiencia governativa: Luís Campos e Cunha, Daniel Bessa, Augusto Mateus, Eduardo Catroga, Arlindo Cunha, Medina Carreira, Silva Lopes, Mira Amaral, Miguel Beleza, Henrique Neto, Miguel Cadilhe, Sarsfield Cabral, Vitor Bento, João Duque, João Salgueiro e Rui Moreira, entre outros.
Wednesday, June 17, 2009
TGV
COMPARAÇÕES
Two economic historians, Barry Eichengreen of the University of California at Berkeley and Kevin O’Rourke of Trinity College, Dublin, have provided pictures worth more than a thousand words (see charts).* In their paper, Profs Eichengreen and O’Rourke date the beginning of the current global recession to April 2008 and that of the Great Depression to June 1929. So what are their conclusions on where we are a little over a year into the recession? The bad news is that this recession fully matches the early part of the Great Depression. The good news is that the worst can still be averted.
First, global industrial output tracks the decline in industrial output during the Great Depression horrifyingly closely. Within Europe, the decline in the industrial output of France and Italy has been worse than at this point in the 1930s, while that of the UK and Germany is much the same. The declines in the US and Canada are also close to those in the 1930s. But Japan’s industrial collapse has been far worse than in the 1930s, despite a very recent recovery.
Second, the collapse in the volume of world trade has been far worse than during the first year of the Great Depression. Indeed, the decline in world trade in the first year is equal to that in the first two years of the Great Depression. This is not because of protection, but because of collapsing demand for manufactures.
Third, despite the recent bounce, the decline in world stock markets is far bigger than in the corresponding period of the Great Depression.
O QUE DIZ SOROS
George Soros
Three principles should guide reform. First, since markets are bubble-prone, regulators must accept responsibility for preventing bubbles from growing too big. Alan Greenspan, the former chairman of the Federal Reserve, and others have expressly refused that responsibility. If markets cannot recognise bubbles, they argued, neither can regulators. They were right and yet the authorities must accept the assignment, even knowing that they are bound to be wrong. They will, however, have the benefit of feedback from the markets so they can and must continually recalibrate to correct their mistakes.
Second, to control asset bubbles it is not enough to control the money supply; we must also control the availability of credit. This cannot be done with monetary tools alone – we must also use credit controls such as margin requirements and minimum capital requirements. Currently these tend to be fixed irrespective of the market’s mood. Part of the authorities’ job is to counteract these moods. Margin and minimum capital requirements should be adjusted to suit market conditions. Regulators should vary the loan-to-value ratio on commercial and residential mortgages for risk-weighting purposes to forestall real estate bubbles.
Third, we must reconceptualise the meaning of market risk. The efficient market hypothesis postulates that markets tend towards equilibrium and deviations occur in a random fashion; moreover, markets are supposed to function without any discontinuity in the sequence of prices. Under these conditions market risks can be equated with the risks affecting individual market participants. As long as they manage their risks properly, regulators ought to be happy.
But the efficient market hypothesis is unrealistic. Markets are subject to imbalances that individual participants may ignore if they think they can liquidate their positions. Regulators cannot ignore these imbalances. If too many participants are on the same side, positions cannot be liquidated without causing a discontinuity or, worse, a collapse. In that case the authorities may have to come to the rescue. That means that there is systemic risk in the market in addition to the risks most market participants perceived prior to the crisis.
The securitisation of mortgages added a new dimension of systemic risk. Financial engineers claimed they were reducing risks through geographic diversification: in fact they were increasing them by creating an agency problem. The agents were more interested in maximising fee income than in protecting the interests of bondholders. That is the verity that was ignored by regulators and market participants alike.
To avert a repetition, the agents must have “skin in the game” but the 5 per cent proposed by the administration is more symbolic than substantive. I would consider 10 per cent as the minimum requirement. To allow for possible discontinuities in markets securities held by banks should carry a higher risk rating than they do under the Basel Accords. Banks should pay for the implicit guarantee they enjoy by using less leverage and accepting restrictions on how they invest depositors’ money; they should not be allowed to speculate for their own account with other people’s money.
It is probably impractical to separate investment banking from commercial banking as the US did with the Glass-Steagall Act of 1933. But there has to be an internal firewall that separates proprietary trading from commercial banking. Proprietary trading ought to be financed out of a bank’s own capital. If a bank is too big to fail, regulators must go even further to protect its capital from undue risk. They must regulate the compensation packages of proprietary traders so that risks and rewards are properly aligned. This may push proprietary trading out of banks into hedge funds. That is where it properly belongs. Hedge funds and other large investors must also be closely monitored to ensure that they do not build up dangerous imbalances.
Finally, I have strong views on the regulation of derivatives. The prevailing opinion is that they ought to be traded on regulated exchanges. That is not enough. The issuance and trading of derivatives ought to be as strictly regulated as stocks. Regulators ought to insist that derivatives be homogenous, standardised and transparent.
Custom-made derivatives only serve to improve the profit margin of the financial engineers designing them. In fact, some derivatives ought not to be traded at all. I have in mind credit default swaps. Consider the recent bankruptcy of AbitibiBowater and that of General Motors. In both cases, some bondholders owned CDS and stood to gain more by bankruptcy than by reorganisation. It is like buying life insurance on someone else’s life and owning a licence to kill him. CDS are instruments of destruction that ought to be outlawed.