Tuesday, June 16, 2009

DECISÃO ESPERTA

O Governo acaba de tomar uma decisão acertada e esperta. Acertada, porque as decisões estratégicas que envolvem compromissos a muito longo prazo devem (deveriam) ser sempre objecto do mais amplo consenso possível; depois, porque, claramente a conjuntura desaconselha o aumento do endividamento externo, a menos que, provadamente, os investimentos assegurem um retorno directo* superior aos seus custos, o que não é o caso. Mas é também uma decisão esperta, porque retira da discussão eleitoral um tema que a Oposição iria aproveitar como arma de combate político: o de ter o Governo, a poucos meses das eleições, consumado uma intenção controversa.
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De qualquer modo, o TGV dificilmente estará completamente arredado da discussão pública que irá ter lugar até às eleições. O argumento invocado por Mário Lino (procedimentos e prazos) reafirma a posição do Governo nesta matéria, de manter o TGV no programa de investimentos da próxima legislatura.
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A partir daqui, defenda cada um a sua dama da forma mais esclarecedora possível junto dos eleitores.
A crise também tem vantagens: é em tempo de vacas magras que melhor se percebem os erros cometidos em tempos de vacas gordas.
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* Tanto quanto julgo saber, a viabilidade económica do TGV tem sido defendida com recurso à invocação de eventuais vantagens indirectas, de quantificação sempre discutível.
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Ministro da Obras Públicas remete decisão final sobre o TGV para a próxima legislatura
O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, remeteu hoje para a próxima legislatura uma decisão final do Governo sobre a alta velocidade, explicando que há procedimentos e prazos para o Executivo respeitar.

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