Wednesday, June 17, 2009

TGV

Como já era previsível, e eu referi aqui, o TGV vai continuar a ser um dos pratos fortes do debate político, apesar da decisão do Governo de retirar o assunto das brasas eleitorais, por "escrúpulo democrático", na expressão arrevesada do PM durante o debate de ontem na AR.
Ontem, o TGV foi o instrumento mais utilizado pelo PSD para opor à política do Governo de investimentos públicos em mega projectos a sua proposta de apoio às micro e pequenas empresas. E, apesar da insistência dos deputados do PSD, em tentarem, e terem conseguido, obter deste Governo a confirmação de que o próximo não será confrontado com qualquer facto consumado que torne a decisão de investimento a curto prazo irreversível, o assunto não vai ficar estacionado à espera de uma decisão final pós-eleitoral.
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Por duas razões: 1ª. Porque o Governo suspende mas não altera a sua decisão. No caso de ser reeleito, irá colocar o TGV em andamento. 2ª. Porque o PSD tem neste dossier massa crítica para confrontar o PS com políticas de investimento alternativas mais adequadas, segundo entende, às actuais condições conjunturais.
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O que poderia ser salutar se os partidos não se barricassem nos mesmos estafados e tácticos argumentos de sempre: os da extrema esquerda, que não têm hipóteses de vir a participar no governo, continuarão a exercitar na demagogia das utopias que lhes dão os votos, o CDS, àvido de uma parceria com o vencedor relativo, será tão demagogo como o outro extremo mas sem pôr em causa o casamento, PS e PSD esgrimirão acusações mútuas mas nenhum apresentará as contas que fez com prova real.
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R Costa, contava ontem na Sic notícias (Si non è vero, è bene trovato), a propósito da acusação do PS, com algum fundamento, de estar o PSD a querer não honrar os compromissos assumidos pelo Governo Barroso na cimeira com os espanhóis da Figueira da Foz, quando subscreveu o acordo de investir em nada menos que cinco linhas de alta velocidade, e agora rejeitar todas, incluindo a proposta pelo actual Governo, entre Lisboa e Madrid. Contou R Costa que, quando chegaram à Figueira, os espanhóis tinham os dossiers bem estudados e sabiam ao que iam; os portugueses, que continuavam sem ter definida uma política na matéria, sujeitos às pressões dos autarcas por onde eventualmente o TGV poderia passar, optaram por assinar um acordo sem terem as contas feitas.
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Contas, que pelos vistos, continuam por fazer.
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A confirmar que somos, de um modo geral alérgicos a contas, prova-o o facto de os economistas que publicamente têm defendido ou rejeitado o TGV se desentenderem sobretudo com argumentos políticos não quantificados.
Algumas leituras acerca do investimento público em Portugal e na União Europeia, aqui, alguns argumentos a favor aqui, aqui , aqui ,aqui , aqui, alguns argumentos contra aqui, aqui, aqui.

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