State of Play (Ligações perigosas, no título dado em português) é um thriller onde o cruzamento de situações e o inesperado desenrolar da história são condimentos habituais no género. Para além do entretenimento proporcionado pela intriga onde se movem jornalistas e políticos em caminhos de sombras, há dois ou três temas que são os mundos onde a história se desbobina.
Um desses temas é a segurança privada. Trata-se, sem dúvida, de uma actividade que tem vindo a crescer um pouco por toda a parte, motivada por duas razões fundamentais: porque a insegurança, percepcionada pelos indivíduos, é cada vez uma das maiores preocupações das sociedades; porque os Estados se têm mostrado incapazes de responder a esse sentimento alargado de insegurança crescente. Há ainda uma terceira razão que se coloca noutro plano de análise: a emergência do outsourcing oferecendo vantagens económicas e de especialização relativamente aos meios próprios das organizações.
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Em State of Play o outsourcing atinge a intervenção norte-americana em palcos de guerra (Iraque, Afeganistão) em manobras paralelas à das forças armadas. No thriller não é perceptível como e em que medida esse envolvimento ocorre, o que daria, seguramente, matéria para vários outros thrillers. Não sei se a série televisiva que precedeu este filme se alarga a este aspecto.
Do que trata State of Play é da captura do Estado pelas corporações de segurança interna (aliás, disfarçadamente, agregadas numa organização única) que, progressivamente, adivinha-se, acabarão por dominar completamente o Estado. Nessa captura participam os políticos comprados e promovidos por essas (por essa) corporações.
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A questão não é tipicamente norte-americana. Progride um pouco por toda a parte. Se há uma particularidade que coloca este assunto com a dimensão que thriller lhe dá, é o envolvimento militar norte-americano e a participação dos lóbis da segurança no envolvimento de empresas privadas à volta dos teatros de guerra.
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Mas a presença de guardas privados em Portugal, por exemplo, é tão evidente que causa estranheza ninguém dar por isso. Ou então habituámo-nos como o sapo em água a aquecer. Quando dermos por ela estamos cozidos.
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