"Em algum momento na história não foi deixada uma boa e má herança às gerações seguintes?", interroga Brandão de Brito, que dá os exemplos da Ponte 25 de Abril (terminou de ser paga na década de 80), o Centro Cultural de Belém e a Ponte Vasco da Gama. "Não podemos pôr todos os investimentos no mesmo saco: estes já tinham sido discutidos e decididos por governos de cores diferentes e, no último momento, aparece um argumento a reverter tudo para a estaca zero. É preciso decidir", acrescentou. (in novo grupo )
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Há dias, o Primeiro Ministro, em entrevista à Sic Notícias, invocava a Ponte 25 de Abril, construída durante o longo governo de Salazar, como exemplo de um grande investimento, pago e aproveitado pelas gerações seguintes. Do mesmo modo, rematava o Primeiro Ministro, os projectos, que agora se pretende realizar, serão pagos pelas gerações vindouras, mas também serão elas as grandes beneficiários desses investimentos. À primeira vista, este parece um argumento irrebatível, e já o ouvi repetido várias vezes por quem ouviu ou leu a entrevista.
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E não são apenas as pessoas politicamente engajadas, ou de quem não pode esperar-se grandes reflexões acerca da política de investimentos que melhor pode servir o país na actual conjuntura, por falta de preparação ou informação, mas também professores universitários, supostamente mais subordinados às ciências que às ideologias, que repetem o argumento do multiplicador de passados: Se foi assim no passado, deverá ser assim no futuro.
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A admissão do multiplicador de passados deita, obviamente, por terra todos e quaisquer outros argumentos, favoráveis ou não, ao julgamento do interesse de qualquer investimento público de peso. Que importam quaisquer considerações acerca do retorno esperado ou da capacidade para financiar grandes investimentos se sempre se fizeram e sempre se deixaram em todas as épocas da história "boas e más heranças" para as gerações futuras? Esta a lógica inabalável do multiplicador de investimentos passados.
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Contas para quê?
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