Friday, June 26, 2009

OS OUTROS QUE PAGUEM O TGV

Na ressaca da revolução de Abril, era frequente ouvir-se o refrão "os ricos que paguem a crise!".
Não pagaram.
Depois da euforia, a maré baixou, e os pobres ficaram relativamente mais pobres, e os ricos relativa e absolutamente mais ricos.
A crise, qualquer delas, a geral e a nossa, não atingiu (ainda) todos pela mesma medida. Há mesmo quem tenha visto aumentado o seu nível de vida. Daí que, também por esta razão, e consoante o observador, a crise tenha dimensões diferentes.
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Vem isto a propósito da discussão, que promete ser o prato forte durante as estivais campanhas eleitorais, à volta do TGV, do aeroporto, e da terceira autoestrada do centro litoral. Há quem proponha meditação, há quem queira acção.
Quem paga? perguntam os passivos.
"Os outros que paguem a crise!", respondem os activos.
Quais outros?
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É na resposta a esta questão que salta para a liça a "teoria do mau aluno", avançada por alguns activos mais avançados. Segundo esta revelação, o comportamento que fez de Portugal bom aluno na turma da União Europeia não foi gratificante. Agora, que a crise agravou a nossa crise e nos deixou sem margem de manobra, é tempo de lançarmos na realização de projectos que já têm barbas e apresentar as facturas para pagamento em Bruxelas. Afinal de contas, dizem os defensores da nova teoria, são trocos no meio da confusão da crise global, quem é que iria deixar-nos cair com as obras a meio?
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Simplesmente, genial.
Porque é que não nos lembrámos desta mais cedo?

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