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De vez em quando vale a pena olhar para trás.
Há dias, quando dava uma volta a uns recortes antigos, deparei-me com o artigo de opinião de Manuel Pinho (Duas alternativas face a uma situação complicada) publicado no caderno de economia do Expresso de 4 de Dezembro de 2004, ainda ele não era ministro mas, porventura, pensava vir a ser.
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Depois de começar por referir uma intervenção de Cavaco Silva, que caracterizara a situação portuguesa como complicada e prognosticava um sério risco de emprobrecermos durante um longo período, MPinho refere, além de mais, que desde 1990 o total dos nossos défices acumulados com o exterior é (era, na altura) igual ao total verdadeiramente astronómico de 65% do PIB. Se não tivéssemos adoptado o euro, já teríamos tido uma crise cambial... Em circunstâncias normais, a terapia para esta situação é uma desvalorização da taxa de câmbio, mas como tal não é possível, a situação é mais complicada, havendo duas alternativas:
A primeira, é um longo período de contenção da despesa privada e pública ... um forte impulso ao nível tecnológico ... políticas microeconómicas activas direccionadas para tentar reorientar a oferta pra o sector dos bens transaccionáveis ...
A outra alternativa é continuar a gerir a economia em função do curto prazo por razões de calendário eleitoral ... e aí, sim, a situação não será apenas complicada : será complicadíssima.
É evidente que não estamos no bom rumo, mas manda a verdade dizer que já não estávamos.
Porque quem andou a prometer que iríamos convergir para a média da UE no prazo de dez anos mostrou não perceber minimmnete a situação complicada em que está a economia portuguesa. Ou algo pior."
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E, agora, Manuel? Estamos melhor?
E, agora, Manuel? Estamos melhor?
Não estamos, pelo menos quanto aos indicadores que MPinho referiu: durante os quatro anos e meio que decorreram desde então, e durante os quais MPinho tem sido responsável pela economia e inovação, o endividamento externo, do Estado, dos Bancos e das famílias cresceu ainda muito mais, o sector produtor de bens e serviços transaccionáveis continuou a perder competitividade, o sector dos não transaccionáveis continuou a atrair o investimento e os melhor preparados ou relacionados. Indiscutivelmente, estamos pior. E continuaremos a piorar enquanto não existirem políticas que contrariem o favorecimento que o euro concede aos sectores que não têm que se confrontar com os mercados externos e se abrigam, de um modo ou outro, debaixo do chapéu do Estado por complacência ou conivência dos governos, central e locais. Enquanto os que trabalham nos sectores trnasaccionáveis forem filhos de um Estado menor.
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