Monday, June 08, 2009

CONSTANTEMENTE

Acabo de ouvir o final da interpelação de Honório Novo a Vítor Constâncio no âmbito do inquérito parlamentar ao caso BPN. É uma experiência incómoda para quem reconheça em Vítor Constâncio uma formação técnica excepcional e uma personalidade de carácter insuspeito.
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Incómodo, porque, como já aqui temos referido no Aliás em diversas ocasiões, Vítor Constâncio compromete todas as qualidades, morais e profissionais, que lhe possam ser reconhecidas, quando é colocado em situações de desafio que a sua natureza branda não consegue enfrentar airosamente.
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Perante as rajadas de argumentos do deputado comunista, retiradas anonimamente do paiol de informações que Vítor Constâncio não quis livremente abrir aos deputados, o que significa mais um desaire para o governador que não liberta a informação pedida mas é incapaz de garantir que ela não saia por meios irregulares, Vítor Constâncio defende-se de forma desajeitada.
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Colocado perante a evidência de que a Inspecção afinal funcionou, pelo menos parcialmente, mas o governo do Banco de Portugal não actuou de forma oportuna e conveniente, Vítor Constâncio alega que os actos cometidos pelo BPN ou eram irregulares mas não ilegais, e não poderia proceder legalmente contra eles, ou eram ilegais mas de expressão irrelevante, e não justificavam qualquer intervenção do BP. E se a falha apontada é a morosidade na reacção por parte da inspecção, Vítor Constâncio invoca que lhe é impossível responder por todas as áreas da instituição que governa. O que, obviamente, constitui um refúgio que, pelo menos, o ridiculariza.
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A interpelação vai recomeçar na próxima segunda-feira. Vítor Constâncio deveria abandonar o caminho do calvário em que se meteu e poupar-nos a todos do incómodo de o ver ainda mais ridicularizado.

3 comments:

António said...

Boa noite.

"deveria abandonar o caminho do calvário em que se meteu e poupar-nos"

Mas não, o que ele menos quer é poupar-nos.Quer gastar-nos.
Quer que gastemos mais uns milhões para o indemnizar quando for despedido.
Numa atitude rafeira, semelhante à de outros a quem devia ter posto os pontos nos is, quer levar uma choruda indemnização e uma reforma super dourada, talvez record neste miserável país que ele ajudou a pôr no estado em que se encontra.
Deveria sair pelo seu pé, se tivesse vergonha na cara.
Mas não tem uma coisa nem outra.
Não tem vergonha mas tem muita lata.
Vergonha tenho eu por ter compatriotas deste calibre.

Rui Fonseca said...

António,

Estou convencido que, agora que os documentos que Constâncio recusou entregar aos deputados, andam por aí, a situação vai ficar cada vez mais insustentável. Para ele e para o Governo, que até agora o tem apoiado.

António said...

Então tá bem.
Aguardemos.