O novo aeroporto internacional de Lisboa continua a mobilizar a dialética dos portugueses neste período de defeso em que a bola foi de férias. Depois da descoberta de Alcochete aconteceu a ressurreição da Portela+1. O que é positivo num país que cada vez está mais abúlico. E ainda mais se da discussão se concluir que, a Ota, "jamais".
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Não deixa, contudo, de ser inquietante que continuem a preponderar muitos argumentos de base especulativa, mais próprios de uma prosa de ficção que de uma análise fundada em dados e instrumentos científicos. Um exemplo desta tentação hiperbólica, retirado de A Arte da Fuga, que comentei:
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Não entro na discussão se o aeroporto deve localizar-se na Ota, em Alcochete ou ficar na Portela.Mas fico perplexo com os argumentos que são avançados por vezes para defender esta ou aquela dama.
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E fico perplexo, como muita gente, aliás, porque são bizarros: o deserto, o terrorismo, o terem sido já gastos não sei quantos milhões para estudar a Ota, etc.Tão bizarros que têm o condão de chamar a atenção dos contribuintes para a forma aérea como a questão do aeroporto tem sido tratada ao longo de décadas.
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Tão aérea, que só agora descobriram que Alcochete, afinal, existe, ainda que fique para a as bandas do deserto.Quanto aos defensores da Portela+1, os argumentos que utilizam esbarram com as restrições avançadas pelos técnicos, geralmente por razões de conflitualidade de utilização do espaço aéreo comum. Se os engenheiros que assim argumentam têm ou não razão, compete a quem tenha capacidade suficiente rebatê-los. Eu não tenho. Mas acredito que em Portugal essa competência exista. Se não existir, encomende-se fora.
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Já em Novembro de 2005, escrevi nas minhas palavras cruzadas a forma simples de descalçar esta BOTA.(http://aliastu.blogspot.com/2005_11_01_archive.html)
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Leio agora este seu "post" (...) ,e parece-me que os seus argumentos enfileiram bem na galeria dos argumentos bizarros que atrás referi.Porque, caro António Amaral, acredito que a sua propensão radical de vez em quando cede à sua fulgurante inteligência e saem-lhe os tiros pela culatra.Que é que tem a ver um aeroporto com uma praia? Para os efeitos que estamos a falar, nada. V. pode argumentar (tal como o faz o João Soares) que ter um aeroporto ao pé da porta dá muito jeito e que os turistas adoram os voos rasantes sobre Lisboa. É um must e um frisson. Tudo bem. A cada qual a sua opinião, a liberdade de pensar é uma coisa preciosa.Daí a colocar no mesmo plano anedótico a deslocação de um aeroporto e a deslocação de uma praia, só por non sense. Que só debilita outros argumentos válidos, se eles existirem.
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Tal como a teoria do deserto, aliás.
1 comment:
Rui Fonseca,
Brilhante este seu raciocínio. Precisamos de pessoas que nos expliquem contando que somos medianamente inteligentes e não gostamos de poeira ou de «fumaça» como disse o Almirante Pinheiro de Azevedo quando PM.
Mas, atenção, que se prepara um golpe baixo. O estudo de Alcochete está entregue à equipa que tem tratado dos planos para a Ota. O chefão da CIP já alertou para o perigo de os técnicos que defenderam a Ota e que estão metidos nestes novos estudos, continuarão a defender aquilo que disseram antes.
O Governo poderá muito bem aproveitar esta «confusão» para mostrar que ouve o povo e que fez novos estudos, mas que a conclusão a que se chegou foi que a Ota é melhor. Se essa manobra levar a melhor, Portugal irá pagar a factura durante muitos anos, isto é, deixamos uma terrível herança aos vindouros.
Abraço
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