O Nani mudou-se para o Manchester, o Sporting arrecadou uns milhões, ficou toda a gente satisfeita com o negócio, incluindo os leões que viram parte dos seus problemas de caixa resolvidos. O Tony Blair foi ver o Papa, porque se converteu à religião da mulher. Ninguém protestou, cada qual é (deve ser) livre de adorar Deus como bem entende. Só a transferência da Maria José Nogueira Pinto para a equipa de António Costa levantou protestos e insultos de ambos os lados: do lado a que pertence e do lado para que se virou.
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Quando, há muitos anos, o Pérides se transferiu do Sporting para o Benfica (ou terá sido ao contrário?) interroguei-me acerca do que era, afinal, o clube da minha preferência: Os adeptos, os jogadores, o estádio ou as camisolas. Mesmo contemporizando que é o conjunto, não pode negar-se que são (eram) os jogadores a referência mais marcante de um clube de futebol. Porque o que convoca (convocava) os adeptos são (eram) os jogadores, e não o contrário. Quanto às camisolas e o estádio são emblemas transmutáveis: nada impede que um clube não tenha um estádio próprio (dois estádios na segunda circular, em Lisboa, só são possíveis porque somos perdulários ou muito distraídos). De modo que, transferindo-se o Pérides para o inimigo, admissível se tornava que podiam os adversários de sempre trocar de jogadores todos os fins-de-semana, ficando eu sem saber por onde parava o meu clube. Um dia, anos mais tarde, fiz esta reflexão num almoço de amigos e conhecidos, e só não fui linchado porque tal prática passou de moda. As pessoas, diz-se, podem mudar de tudo mas não mudam de clube, e eu não sei, afinal, do que é que elas não mudam.
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O caso Maria Josá Nogueira Pinto é, portanto, o único, destes três casos, sintomático da intolerância que atravessou a história e chegou aos nossos dias através de fundamentalismos de fé, que, como tal, não se suportam em argumentos racionais. Se MJNP é, como muita gente insuspeita testemunha, a pessoa indicada para dar seguimento à renovação da Baixa lisboeta por que razão não deve ser convocada?
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Curioso é que são geralmente os mesmos que criticam (e com razão) o clientelismo partidário na nomeação para cargos da administração pública que atiram pedras à Zezinha, que aceitou, e ao Costa, que convidou.
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Às vezes vejo o mundo ao contrário.
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