Tuesday, June 12, 2007

O AMARGO DA PÊRA

Caro J

O seu "post" de hoje, "Também quero um aeroporto no meu quintal", levanta uma questão pertinente: a construção de um aeroporto não trás apenas benefícios para as populações vizinhas (para muitos não trará mesmo benefícios alguns) mas trará custos para todos; a ânsia com que os autarcas se batem pelo aeroporto no seu quintal (para utilizar a sua expressão) só se percebe porque pode traduzir-se em votos comprados com demagogia.
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Seria bom que as pessoas percebessem o que as espera, porque o que as espera, por estarem junto a um aeroporto, não é propriamente o céu na terra.A localização do aeroporto pode condicionar um ou outro quadro de desenvolvimento, nomeadamente através da conjugação com as outras infraestruturas viárias, mas está longe de ser uma pêra doce para os que vivem junto dele. Não é em parte nenhuma do mundo, não há razão para o venha a ser aqui, na Ota ou Alcochete.
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É curioso, contudo, que Alcochete tenha aparecido de repente, como um coelho tirado da cartola, transformando o deserto da Margem Sul, onde seria contraindicado instalar construir um aeroporto, num oásis.De repente, os mesmos que criticavam a proposta de avaliar outras alternativas, agarram-se agora aos condicionamentos ecológicos, tirando da mesma cartola para o deserto, um oásis, a jorrar água a rodos e passarinhos por todo o lado.Parece, contudo, que a Ota apresenta maiores sensibilidades ambientais que Alcochete.
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Mas não nos antecipemos às conclusões de quem foi incumbido disso.
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De qualquer modo, estivessem as populações convenientemente avisadas do seu ponto de vista, de hoje, Caro J e, provavelmente, a decisão final seria tomada com a cabeça mais fria.
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E Vital Moreira talvez não tivesse escrito Sabiocracia.

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