Tuesday, June 05, 2007

OS CAPTURADOS

Saldanha Sanches afirmou, em entrevista concedida há poucos dias à "Visão", que os delegados do Ministério Público na província são frequentemente capturados pelos presidentes das autarquias onde exercem funções. Porque entre uns e outros, acrescentava hoje em declarações prestadas à rádio o advogado António Marinho, corroborando as palavras de Saldanha Sanches, se estabelecem laços de amizade e até familiares. Daí, conclui este último, o facto de em autarquias como a de Cascais terem sido arquivados processos por onde corriam fortes suspeitas de crimes económicos praticados por autarcas. As causas do conúbio decorrem, além do mais, da proximidade entre os agentes influentes em meios pequenos durante muitos anos.
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A captura é, portanto, uma forma capciosa de suborno ou, na melhor das hipóteses, uma perversidade da amizade. Se alguém, utilizando as possibilidades do lugar que ocupa, decide a favor de um amigo em função da amizade ou da reciprocidade, ferindo a imparcialidade e a lisura de processos que o exercício da sua função supõe, esse alguém só se distingue do árbitro subornado pela natureza das contrapartidas.
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O âmbito do conceito de corrupção em sentido lato é, portanto consideravelmente alargado, se nele integrarmos os capturados, quaisquer que sejam os intervenientes captores e capturados.
Que não se restringem aos autarcas e delegados do Ministério Público na província.
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Entretanto o Procurador Geral da República já desencadeou processos de averiguações e a organização sindical mostrou-se indignada.
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´passa nada.

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